Economia
Brasil e EUA encerram reunião; Abiec acredita que carne bovina foi prioridade
Setor aposta em dependência da carne bovina brasileira diante do menor rebanho dos últimos 75 nos EUA
Sabrina Nascimento | São Paulo | sabrina.nascimento@estadao.com | Atualizada às 19h00
16/10/2025 - 17:14

A reunião entre o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, e o secretário de estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, em Washington, “foi muito produtiva”. Assim definiu o próprio ministro, durante pronunciamento feito no início da noite desta quinta-feira, 16.
“Durante o todo encontro prevaleceu a atitude construtiva e voltada a aspectos práticos para retomada das negociações entre os dois países, em sincronia com a boa química do recente telefonema, na semana passada, entre o presidente Lula e o presidente Trump”, disse o ministro.
Sem dar detalhes sobre as conclusões do encontro, o ministro informou ainda que novas reuniões serão realizadas, inclusive entre os presidente, mas sem data prevista.
Mais cedo, durante o 2º Seminário LIDE – Agronegócio, em São Paulo, o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes Industrializadas (Abiec), Roberto Perosa, disse que a carne bovina estaria em primeiro lugar na lista de itens para negociação com os norte-americanos. O setor, segundo ele, está otimista com o avanço das negociações entre os governos brasileiro e norte-americano.
Segundo o dirigente, além de empresários brasileiros que têm empresas nos EUA, como JBS e Marfrig, importantes redes de fast food, à exemplo do McDonald’s, Burger King e Wendy’s, estão pressionando o governo norte-americano para que inclua a carne bovina do Brasil na lista de exceções tarifárias. “As informações que nós temos é que a carne realmente está para entrar na lista de exceções. É uma necessidade dos Estados Unidos. Falando em termos inflacionários. A carne aumentou quase 15% este ano nos EUA. Então é muito preocupante para o governo”, informou.
O executivo lembrou ainda que os EUA atravessam um ciclo delicado de baixa na pecuária, com o menor rebanho dos últimos 75 anos. Assim, há produção limitada. No entanto, ao passo que eles precisam abastecer o mercado interno, os exportadores também não querem perder mercado externo, pela agregação de valor. “Os Estados Unidos não têm essa carne, e nenhum outro país do mundo dispõe dela no volume que o Brasil oferece. Por isso, em meio ao ciclo pecuário reduzido, eles precisam da carne bovina brasileira”, afirmou.
Carne brasileira continua competitiva
Até julho deste ano, o Brasil já havia exportado cerca de 200 mil toneladas de carne bovina aos EUA — volume equivalente ao total embarcado em 2024. A expectativa inicial era de dobrar esse número até o final de 2025, chegando a aproximadamente 500 mil toneladas. No entanto, as tarifas adicionais acabaram inviabilizando parte das vendas, uma vez que a tarifa de importação avançou para 76%, considerando taxas em vigor anteriormente.
Mesmo diante desse cenário, de acordo com Perosa, alguns cortes específicos ainda se mantêm competitivos, e o Brasil continua exportando para o mercado americano, embora em volume bem menor. Além disso, o impacto da perda de competitividade foi amenizado pela capacidade de redirecionar embarques para outros destinos, como a Ásia e o Sudeste Asiático. Porém, com retorno financeiro inferior. “O corte que nós vendemos para a China é de US$5.700 a tonelada. Esse mesmo corte vendido, nós vendíamos para os Estados Unidos a US$ 7.500 a tonelada. Então, veja a diferença que existe na margem das companhias”, salientou.
Apesar dos impactos do tarifaço, a indústria exportadora de carne bovina ainda está otimista com os resultados no encerramento do ano (confira aqui).
Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Economia
1
China acelera compras de carne bovina à espera de decisão sobre salvaguardas
2
Brasil deve registrar recorde histórico na exportação de gado vivo em 2025
3
Banco do Brasil dá início à renegociação de dívidas rurais com recursos livres
4
Oferta de etanol cresce mais rápido que consumo e acende alerta no setor
5
Onde nascem os grãos da xícara de café mais cara do mundo?
6
Setor de café pede urgência em negociação das tarifas com os EUA
PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas
Economia
Líbano abre mercado para bovinos e bubalinos vivos do Brasil
Ministérios anunciaram que negociações foram concluídas nesta sexta-feira, 7; agora, o Brasil soma 486 mercados abertos desde o início do atual governo
Economia
Importação chinesa de soja em outubro aumenta 17,2%, para 9,48 milhões de t
Em valores, as compras da oleaginosa somaram US$ 4,36 bilhões em outubro, 11,2% mais; no acumulado do ano, crescimento foi de 6,4%
Economia
Mato Grosso inaugura escritório na China e mira expansão internacional
Unidade ficará em Xangai, onde está o maior porto do mundo em movimentação de contêineres
Economia
Por que agricultores franceses dizem ser “loucura” aceitar acordo Mercosul-UE?
Membro de uma principais entidade representativa de produtores franceses defende mudanças no acordo para que haja viabilidade
Economia
China retoma compras de frango do Brasil
País importou em 2024 mais de 500 mil toneladas do frango brasileiro; embarques estavam suspensos desde maio, após caso de gripe aviária no RS
Economia
Exportação de açúcar avança 12,8% em volume, mas recua 5,8% em receita
Em 2025, o Brasil exportou 27,6 milhões de toneladas de açúcar até outubro, 13,7% menos que no mesmo período de 2024
Economia
Agropecuária garante superávit de US$ 9,2 bilhões em outubro
Com exportações de US$ 10 bilhões no mês e crescimento de 6,4% no acumulado do ano, setor segue como pilar da economia brasileira
Economia
Soja e carne bovina lideram exportações do agro; café é impactado pelas tarifas
Embarques de carne bovina aos EUA recuam mais de 50% em outubro, mas setor consolida resultado positivo devido a outros mercados