PUBLICIDADE

Economia

Manga, uva e pescado: como estão esses setores dois meses após o tarifaço?

Abipesca diz que as empresas exportadoras seguem sem mercado e sem crédito, apesar da ajuda anunciada pelo governo

Nome Colunistas

Sabrina Nascimento | São Paulo | sabrina.nascimento@estadao.com

15/10/2025 - 05:00

Foto: Adobe Stock
Foto: Adobe Stock

Em vigor a mais de dois meses, as tarifas de 50% dos Estados Unidos (EUA) sobre as exportações brasileiras seguem travando os embarques de alguns setores do agronegócio. Além dos impactos verificados no café, a cadeia de frutas, principalmente, da uva, aponta dificuldades. 

Em colheita, no Vale do São Francisco, importante região produtora, os embarques de uva ao mercado norte-americano estão reduzidos. Como alternativa, os produtores estão buscando redirecionar os volumes à outros países. “Os produtores já estão buscando outros mercados, principalmente o Canadá e a Europa, porque já se sabe que haverá uma perda grande”, afirmou Jailson Lira, presidente do Sindicato Rural de Petrolina (PE). 

Segundo ele, os poucos envios realizados são de contratos de adiantamento de valores, em que os produtores já tinham recebido parte do dinheiro da carga. “Nesses casos os produtores são obrigados a cumprir compromissos firmados com distribuidores norte-americanos antes da alta das tarifas”, informou.

Manga 

Quando as tarifas entraram em vigor, faltavam poucos dias para iniciar a colheita da manga. No momento, temia-se que a fruta apodrecesse nos pomares. Porém, diferentemente do cenário mais pessimista projetado no início da safra, esse risco foi afastado.

Conforme o presidente do Sindicato Rural de Petrolina (PE) informou ao Agro Estadão, a colheita da manga na região segue em ritmo normal. Com embarques em volumes semelhantes ao do ano passado. A diferença é o preço recebido

PUBLICIDADE

Embora os valores estejam menores em comparação com a safra anterior, ainda conseguem remunerar o produtor. “O preço da manga está razoável nos Estados Unidos e os clientes continuam pedindo. O retorno previsto é menor do que nos anos anteriores, mas não tão menor. As primeiras vendas indicaram preços compatíveis, o que permite a continuidade dos embarques”, disse Lira, que preferiu não comentar o valor médio recebido pelos agricultores. 

Segundo ele, as negociações seguem semana a semana, de acordo com a chegada das cargas, e a tendência é de estabilidade. O dirigente destaca que, diferentemente do cenário mais pessimista projetado no início da safra, não há mais risco de frutas apodrecerem no pomar.

Negociações diplomáticas

Enquanto busca mercados alternativos para exportação, o setor produtivo segue acompanhando as tratativas entre os governos do Brasil e dos EUA. 

Nesta semana, os olhares estão voltados à provável reunião entre o secretário de estado dos EUA, Marco Rubio, e o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira. O encontro, previsto para sexta-feira, 17, em Washington, acontece dias após a ligação entre os presidentes Lula e Donald Trump. A expectativa é que o tema das tarifas esteja no centro da pauta das relações bilaterais entre ambos países. 

Setor de pescados denuncia paralisação e falta de crédito

Como medida paliativa às tarifas, o governo federal anunciou uma linha de crédito emergencial, dentro da Medida Provisória 1309/2025 (Plano Brasil Soberano), para as empresas exportadoras afetadas.

PUBLICIDADE

Entretanto, a Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca) divulgou nota oficial relatando dificuldades de acesso às linhas. “Até o momento, nenhuma das medidas anunciadas foi efetivamente implementada. As empresas estão sem crédito, sem garantias e sem mercado”, afirmou Eduardo Lobo, presidente da Abispeca, em comunicado. 

A nota também aponta que, mesmo com a permissão para compras emergenciais sem licitação, os órgãos públicos não dispõem de orçamento suplementar, o que “tem travado as aquisições de pescado nacional”. “Com a taxação adicional de 40% sobre o produto brasileiro, o setor perdeu competitividade e acesso ao mercado norte-americano — seu principal destino”, ressalta o texto. 

Francisco Medeiros, presidente da Peixes BR, outra entidade representativa do setor, informou que a maioria das empresas continua exportando para os EUA. Porém, “assumindo o ônus da tarifa”. “Desta forma, estamos sinalizando para o Governo Brasileiro que estamos fazendo nossa parte”, salientou. 

Em relação às linhas de crédito, ele apontou que “as taxas de juros são altas”, semelhantes aos praticados no Plano Safra 2025/26. “Pouco atrativas para o nosso negócio”, apontou.

Siga o Agro Estadão no WhatsApp, Instagram, Facebook, X, Telegram ou assine nossa Newsletter

PUBLICIDADE

Notícias Relacionadas

Trump acusa China de 'hostilidade econômica' ao não comprar soja dos EUA

Economia

Trump acusa China de 'hostilidade econômica' ao não comprar soja dos EUA

Presidente americano disse que pode encerrar, como retaliação, as relações comerciais com os chineses para compra de óleo de cozinha

STJ decide que crédito garantido por CPR em operação Barter fica fora de RJ

Economia

STJ decide que crédito garantido por CPR em operação Barter fica fora de RJ

Corte entendeu que a conversão da cobrança em dinheiro não altera a natureza do crédito nem implica renúncia à garantia vinculada ao título

Após casos de intoxicação, campanha reforça consumo de vinho seguro

Economia

Após casos de intoxicação, campanha reforça consumo de vinho seguro

Setor vitivinícola lança campanha Vinho Legal para orientar sobre produtos com procedência garantida 

Soja 2024/25 em Mato Grosso atinge 96% de vendas

Economia

Soja 2024/25 em Mato Grosso atinge 96% de vendas

Imea aponta que comercialização no Estado avança, mas segue abaixo do mesmo período do ciclo anterior

PUBLICIDADE

Economia

Além da soja, agro brasileiro avança com a disputa EUA–China

Conflito entre as duas maiores economias do mundo impulsiona exportações brasileiras de carne bovina e milho para o gigante asiático

Economia

Renegociação de dívidas pelo Desenrola Rural alcança R$ 11,971 bilhões

Valor é referente a um período des sete meses: de 24 de fevereiro, quando o programa começou, a 24 de setembro

Economia

Uso da malha hidroviária no Brasil cresce apenas 1,39% em dois anos

Ciclo anterior do levantamento, feito pela Antaq, mostrou uma expansão de, aproximadamente, 5% nas hidrovias brasileiras

Economia

Cacau e fruticultura impulsionam recorde de produção agrícola na Bahia

Produção estadual cresceu 8,4%, atingindo R$ 47,3 bilhões, segundo o IBGE

Logo Agro Estadão
Bom Dia Agro
X
Carregando...

Seu e-mail foi cadastrado!

Agora complete as informações para personalizar sua newsletter e recebê-la também em seu Whatsapp

Sua função
Tipo de cultura

Bem-vindo (a) ao Bom dia, Agro!

Tudo certo. Estamos preparados para oferecer uma experiência ainda mais personalizada e relevante para você.

Mantenha-se conectado!

Fique atento ao seu e-mail e Whatsapp para atualizações. Estamos ansiosos para ser parte do seu dia a dia no campo!

Enviamos um e-mail de boas-vindas para você! Se não o encontrar na sua caixa de entrada, por favor, verifique a pasta de Spam (lixo eletrônico) e marque a mensagem como ‘Não é spam” para garantir que você receberá os próximos e-mails corretamente.