Economia
AgroGalaxy reduz prejuízo para R$ 136 milhões no 2º trimestre
Em recuperação judicial, companhia conseguiu cortar 53% das despesas gerais e administrativas no período
Broadcast Agro
27/10/2025 - 12:06

A AgroGalaxy fechou o segundo trimestre de 2025 com prejuízo líquido ajustado de R$ 136 milhões, redução de 62,5% ante os R$ 362 milhões negativos registrados no mesmo período de 2024. O resultado marca o avanço na execução do plano de recuperação judicial, homologado em maio, e reflete a consolidação de uma estrutura operacional mais enxuta, focada em eficiência e rentabilidade. “Os resultados do 2T25 refletem a execução disciplinada do nosso plano de recuperação judicial e a transição para um modelo de negócio mais sólido e financeiramente sustentável”, afirmou o CEO Eron Martins.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado permaneceu negativo em R$ 96,9 milhões, mas apresentou melhora de 16,2% comparado aos R$ 83,4 milhões negativos do segundo trimestre de 2024. A margem Ebitda ajustada ficou negativa em 38,6%, ante os 7,9% negativos do ano anterior. A companhia conseguiu cortar 53% das despesas gerais e administrativas no período, economizando R$ 68 milhões na comparação anual.
A receita líquida totalizou R$ 251,2 milhões, queda de 76,2% ante os R$ 1,06 bilhão do segundo trimestre de 2024. O faturamento foi composto por R$ 114 milhões em insumos agrícolas, recuo de 43,2%, e R$ 137 milhões em originação de grãos, queda de 84%. O recuo reflete o menor porte da empresa após o fechamento de mais de 100 lojas desde o início da recuperação judicial, em setembro de 2024, quando operava 169 unidades. A empresa encerrou o trimestre com 63 lojas, 14 silos e uma unidade de sementes, presentes em nove Estados e 649 municípios.
Eron ressaltou que o desempenho deve ser analisado considerando a sazonalidade do agronegócio. “O segundo trimestre é o trimestre mais pobre de faturamento, historicamente no agronegócio. É um trimestre de encarteiramento. O que a gente busca aqui, já que não se fatura, é preparar o encarteiramento visando o segundo semestre, que é onde realmente acontecem os números que garantem o fechamento do ano”, disse.
A margem bruta ajustada ficou negativa em 1,2% da receita líquida no trimestre, revertendo os 4,8% positivos do segundo trimestre de 2024. Na divisão de grãos, a margem ficou negativa em 5,4%, contra 1,4% positivo um ano antes. Na divisão de insumos, a margem caiu de 19,5% para 3,8%. O CFO Luiz Conrado Sundfeld explicou que o impacto nas margens decorreu principalmente do faturamento de estoque antigo durante o trimestre. “A gente faturou no segundo trimestre o estoque antigo, e do faturamento do terceiro trimestre em diante você vai começar a ver as negociações com os nossos fornecedores parceiros”, afirmou.
O executivo acrescentou que, até a aprovação do plano, em abril, não havia negociação efetiva com fornecedores. “Até aprovar o plano, diálogo com fornecedor era assim: vou te ajudar, mas não tinha negociação”, disse. A situação mudou após a homologação em maio, permitindo recompor as condições comerciais.
A companhia manteve a estratégia de enriquecimento do mix de vendas, com especialidades representando 18% da receita de insumos no trimestre. Produtos de especialidades exigem maior conhecimento técnico e oferecem margens superiores aos commodities tradicionais, como fertilizantes.
A publicação dos resultados foi adiada duas vezes para permitir o trabalho contábil de transformação das dívidas antigas em dívidas de longo prazo. “Quando você tem a aprovação e homologação do plano, você tem todo um trabalho braçal dentro da contabilidade para transformar aquelas dívidas do passado, sejam dívidas de banco, sejam dívidas com fornecedor, no que foi aprovado no plano”, explicou Eron. Ele comparou o fechamento do trimestre a um fechamento anual. “Quando a gente faz um fechamento anual aqui, a gente fecha em dezembro e publica o resultado em abril. Então, é normal que se peça algo em torno de 4 meses para fazer isso.”
O plano de recuperação judicial, aprovado por 82,4% dos credores, prevê o reperfilamento de R$ 4,6 bilhões em dívidas com carência de dois a três anos e amortização estendida por até 16 anos.
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