Economia
MBRF cria Sadia Halal em parceria com fundo da Arábia Saudita
A operação avaliada em US$ 2,07 bilhões engloba as fábricas e centros de distribuição da MBRF na Arábia Saudita e nos Emirados Árabes Unidos
Redação Agro Estadão
27/10/2025 - 17:29

Quase dois meses após a chancela de sua criação, a MBRF (nome dado à empresa fruto da fusão entre a BRF e Marfrig) anunciou nesta segunda-feira, 27, a consolidação da Sadia Halal. A nova empresa nasce da expansão da joint venture com a Halal Products Development Company (HPDC), subsidiária integral do Public Investment Fund (PIF) — fundo soberano da Arábia Saudita.
Avaliada em US$ 2,07 bilhões, a operação engloba as fábricas e centros de distribuição da MBRF na Arábia Saudita e nos Emirados Árabes Unidos. Considera-se ainda as unidades de distribuição no Catar, Kuwait e Omã, e do negócio de exportações diretas de aves, bovinos e processados para clientes do Oriente Médio e norte da África, região denominada como MENA.
Os ativos incluídos no acordo registraram faturamento líquido de US$ 2,1 bilhões nos 12 meses encerrados em junho — o equivalente a 7,3% da receita consolidada da MBRF —, e um ebitda de US$ 230 milhões, o que implica um múltiplo de aproximadamente 9 vezes. Os ativos da Turquia, entretanto, ficaram de fora da transação.
Segundo o chairman e controlador da MBRF, Marcos Molina, “a expansão da parceria com a HPDC visa reforçar a presença regional da MBRF em um dos mercados mais lucrativos e influentes do mundo, aproximando cada vez mais nossas marcas dos consumidores locais e assegurando a presença permanente na agenda de segurança alimentar do país”. “Além disso, a operação abre a possibilidade para um IPO (abertura de capital na bolsa) a partir de 2027”, disse.
Estrutura
A nova estrutura consolida todos os ativos da MBRF na região. Isso inclui a fábrica de processados e o centro de inovações em construção em Jeddah, além da participação na Addoha Poultry Company, produtora local de frango resfriado em Dammam, que já integrava a joint venture.
Segundo a companhia, o movimento está alinhado à estratégia de fortalecimento da presença no mercado Halal, onde a empresa atua há mais de 50 anos. Estima-se que o consumo de alimentos halal ultrapasse US$ 1,5 trilhão até 2027. Atualmente, a MBRF lidera o segmento com a marca Sadia, que detém 36,2% de market share nos países do Conselho de Cooperação do Golfo e realiza cerca de 111 mil entregas mensais para mais de 17 mil pontos de venda na região.
O acordo prevê ainda um contrato de fornecimento de produtos de frango e bovino da MBRF para a Sadia Halal, com duração de 10 anos renováveis, a partir das fábricas localizadas no Brasil.
A precificação seguirá o modelo de custo total, conforme as regras de preços de transferência. “A Sadia Halal continuará potencializando a base de ativos da MBRF no Brasil, com competitividade global e habilitações para exportações para os principais mercados Halal. O fortalecimento da parceria com a HPDC também abre a possibilidade de expansão da atuação da companhia na região, ampliando a base produtiva”, destacou Fábio Mariano, Vice-presidente da MBRF para o mercado Halal e CEO da Sadia Halal.
Caso a operação seja consolidada, a HPDC deterá 10% da Sadia Halal, com planejamento de elevar sua participação a 30%, podendo chegar a até 40% no futuro. O aumento será realizado por meio de aportes de capital — metade primário e metade secundário.
O acordo representa o primeiro passo rumo a um possível IPO da Sadia Halal em 2027, sujeito às condições de mercado e à aprovação dos reguladores. “Este movimento está totalmente alinhado com os objetivos de diversificação econômica estabelecidos na Visão 2030 da Arábia Saudita, acelerando a transformação sustentável da região em um centro global de produtos Halal. Por isso, estamos planejando aumentar a nossa participação para atingir 30%”, afirma Fahad AlNuhait, CEO da HPDC.
A operação, no entanto, ainda está sujeita à aprovação dos órgãos regulatórios competentes.
Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Economia
1
China acelera compras de carne bovina à espera de decisão sobre salvaguardas
2
Brasil deve registrar recorde histórico na exportação de gado vivo em 2025
3
Banco do Brasil dá início à renegociação de dívidas rurais com recursos livres
4
Oferta de etanol cresce mais rápido que consumo e acende alerta no setor
5
Onde nascem os grãos da xícara de café mais cara do mundo?
6
Setor de café pede urgência em negociação das tarifas com os EUA
PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas
Economia
Líbano abre mercado para bovinos e bubalinos vivos do Brasil
Ministérios anunciaram que negociações foram concluídas nesta sexta-feira, 7; agora, o Brasil soma 486 mercados abertos desde o início do atual governo
Economia
Importação chinesa de soja em outubro aumenta 17,2%, para 9,48 milhões de t
Em valores, as compras da oleaginosa somaram US$ 4,36 bilhões em outubro, 11,2% mais; no acumulado do ano, crescimento foi de 6,4%
Economia
Mato Grosso inaugura escritório na China e mira expansão internacional
Unidade ficará em Xangai, onde está o maior porto do mundo em movimentação de contêineres
Economia
Por que agricultores franceses dizem ser “loucura” aceitar acordo Mercosul-UE?
Membro de uma principais entidade representativa de produtores franceses defende mudanças no acordo para que haja viabilidade
Economia
China retoma compras de frango do Brasil
País importou em 2024 mais de 500 mil toneladas do frango brasileiro; embarques estavam suspensos desde maio, após caso de gripe aviária no RS
Economia
Exportação de açúcar avança 12,8% em volume, mas recua 5,8% em receita
Em 2025, o Brasil exportou 27,6 milhões de toneladas de açúcar até outubro, 13,7% menos que no mesmo período de 2024
Economia
Agropecuária garante superávit de US$ 9,2 bilhões em outubro
Com exportações de US$ 10 bilhões no mês e crescimento de 6,4% no acumulado do ano, setor segue como pilar da economia brasileira
Economia
Soja e carne bovina lideram exportações do agro; café é impactado pelas tarifas
Embarques de carne bovina aos EUA recuam mais de 50% em outubro, mas setor consolida resultado positivo devido a outros mercados