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Economia

Acordo Mercosul-UE enfrenta resistência e fica para 2026

Países europeus se dividem sobre o acordo: defensores veem ganho comercial e menor dependência da China, enquanto o setor agrícola lidera a resistência

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Redação Agro Estadão

19/12/2025 - 11:47

Falta de consenso entre países da UE travou o avanço do tratado.  Foto: Adobe Stock
Falta de consenso entre países da UE travou o avanço do tratado. Foto: Adobe Stock

A assinatura do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE), negociado há cerca de 25 anos, voltou a ser adiada e não irá ocorrer em 2025, apesar do otimismo inicial dos países sul-americanos. A falta de consenso entre os estados-membros do bloco europeu impediu o avanço do tratado, considerado estratégico tanto do ponto de vista comercial quanto geopolítico.

Esperava-se que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, viajasse ao Brasil para formalizar a assinatura durante a cúpula do Mercosul no sábado, em Foz do Iguaçu (PR). Porém, o plano foi suspenso após a Itália pedir mais prazo para avaliar o texto. Segundo Ursula, ainda são necessárias “algumas semanas extras” para acomodar as preocupações internas e construir uma maioria qualificada no Conselho Europeu.

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O chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, minimizou o impacto do adiamento e afirmou que o acordo poderá ser assinado no início de 2026. Para ele, o prazo adicional permitiria à primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, consolidar apoio interno e destravar resistências também em outros países, como a França.

Pressão da indústria e leitura geopolítica

O novo adiamento provocou reação imediata de setores industriais europeus, especialmente na Alemanha. A federação da indústria (BDI) avaliou que a postergação compromete a credibilidade da UE como parceira comercial. Na mesma linha, a associação das montadoras (VDA) alertou que o bloco envia um sinal de fragilidade em um momento de disputas tarifárias globais e desaceleração econômica.

Para defensores do acordo, o tratado com Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai teria potencial de ampliar exportações europeias, reduzir a dependência da China e garantir acesso a insumos estratégicos, além de oferecer previsibilidade regulatória às cadeias globais.

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Brasil articula politicamente

Do lado sul-americano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ter sido informado do atraso pela primeira-ministra italiana e disse que consultaria os parceiros do Mercosul sobre os próximos passos. Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou em encontro com jornalistas que enviou uma mensagem ao presidente francês defendendo que o acordo tem peso estratégico no reposicionamento geopolítico dos blocos.

Por sua vez, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse estar disposto a negociar as medidas de salvaguardas propostas pelo bloco europeu. Segundo ele, o importante é assinar o acordo comercial e depois seguir melhorando o texto. 

Apesar das sinalizações, o impasse permanece. Para ser aprovado, o acordo precisa do aval de ao menos 15 países que representem 65% da população da União Europeia. 

O peso do agro na resistência

A principal oposição ao acordo segue concentrada no setor agrícola europeu. França e Itália demonstram preocupação com a entrada de produtos do Mercosul, como carne bovina, açúcar e aves, avaliados como mais competitivos em preço. Além disso, eles questionam a produção realizada sob regras ambientais e sanitárias distintas. 

Para tentar reduzir a resistência, a Comissão Europeia costura medidas de salvaguarda para limitar importações de produtos considerados sensíveis. Entretanto, o presidente francês, Emmanuel Macron, classificou o texto como “inaceitável” na forma atual e condicionou qualquer avanço à adoção de mecanismos mais rígidos de reciprocidade. 

A pressão política contra o acordo ganhou ainda força na quinta-feira, após novos protestos de agricultores em Bruxelas, que terminaram em confrontos com a polícia. Houve ainda mobilizações em outros países. Na França, em protesto, produtores colocaram centenas de batatas nas rodovias, impedindo a circulação dos carros. 

Países europeus a favor do acordo

  • Alemanha
  • Espanha
  • Países nórdicos (Suécia, Dinamarca, Finlândia)
  • Portugal
  • Países Bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia)
  • República Tcheca
  • Eslováquia

Países europeus contrários ou resistentes ao acordo

  • França 
  • Itália 
  • Polônia
  • Hungria
  • Áustria
  • Irlanda
  • Bélgica 

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