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Economia

Decisão histórica e consolidação de laço comercial marcam pauta internacional do Agro em 2024 

Próximo ano terá holofotes para o Brasil e aberturas de mercado devem seguir no mesmo ritmo, com mais de mil negociações em andamento, avaliam especialistas

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Daumildo Júnior | Brasília | daumildo.junior@estadao.com

30/12/2024 - 15:00

Foto: herbertmonfre - stock.adobe.com
Foto: herbertmonfre - stock.adobe.com

Como o principal setor exportador, o cenário internacional está sempre presente no dia a dia do Agro brasileiro. Neste ano, alguns temas e acontecimentos tomaram forma, como o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia (UE). Também foi um ano marcante em posições mais firmes do Brasil, como no caso da crise com o Carrefour. 

O Agro Estadão conversou com o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Luis Rua, e a diretora de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Sueme Mori, para fazer um balanço sobre esses e outros assuntos que movimentaram a pauta agro-internacional. 

Acordo Mercosul – UE: “histórico”, mas deixa um “ponto de atenção”

O início de dezembro foi marcado pelo anúncio do fim das negociações para um acordo de livre comércio entre o Mercosul e a UE. O tema estava em discussão há 25 anos e estabeleceu uma via de mão dupla entre os blocos, o que ainda precisa ser ratificado pelos parlamentares dos países do sul americanos e o Parlamento Europeu. 

“É um passo histórico. Acho que a gente conseguiu, primeiro, manter todas as concessões que haviam sido dadas ao agronegócio brasileiro e depois a  gente conseguiu blindar eventuais possibilidades de retaliações via um mecanismo de reequilíbrio”, celebra o secretário do Mapa, Luis Rua. 

“Vitória” também é uma qualificação utilizada pela diretora da CNA com relação ao acordo. Ela vai na mesma linha do secretário Rua e lembra desse dispositivo que veda possíveis descompassos que podem vir com medidas protecionistas aprovadas posteriormente do lado europeu. 

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No entanto, Mori indica que há um “ponto de atenção”, principalmente causado por manobras como a lei antidesmatamento: “A gente tem que ficar alerta a essas medidas unilaterais da União Europeia que tem potencial de prejudicar o que foi negociado”. 

Sobre os posicionamentos contrários ao acordo que vêm crescendo na Europa, Rua se mostra confiante e não acredita em uma reprovação. “Eu prefiro me fiar, nesse primeiro momento, nessa possibilidade de que a gente vai chegar a bons acordos”. 

Para ser aprovado no Parlamento da UE, é preciso uma aprovação que represente no mínimo 65% da população do bloco. França, Irlanda, Polônia e Áustria já indicaram votar contra. A Itália também deu sinais de insatisfação com o acordo e pode ser o fiel da balança. Uma união dos cinco países representa aproximadamente 39% da população da UE, o que reprovaria o acordo. 

Episódios com Carrefour e Danone traçam limite, mas não devem ser os últimos

A declaração do CEO do Carrefour na França. Alexandre Bompard, e depois as explicações do Carrefour Brasil sobre a carne do Mercosul e do Brasil geraram uma escalada de tensão que culminou em um boicote à rede de supermercados. A crise foi tão expressiva que envolveu a diplomacia francesa no Brasil e o alto escalão do governo, como o ministro Carlos Fávaro, que declarou apoio ao boicote e depois recebeu um pedido de desculpas de Bompard

No entanto, o Carrefour não foi a primeira empresa multinacional a adotar essa postura. A Danone também afirmou que não iria mais comprar soja brasileiras por questões ambientais. Na avaliação de Mori, esses casos tendem a ser mais frequentes: “O Agro brasileiro tem uma característica interessante que é conseguir ocupar espaços [deixados por quebra de safra de um país, por exemplo]. Essa questão de termos um Agro resiliente e que se adapta assusta quem não tem a mesma produtividade. E a gente ainda não chegou ao nosso potencial, então isso gera um medo”.

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Segundo o secretário de Relações Internacionais, os episódios e as reações tomadas marcam uma espécie de “risco no chão” para impor limites. “Falou mal do produto brasileiro em temas de qualidade, de sanidade, de sustentabilidade, de inocuidade ou de qualquer atributo que a gente tem garantia da nossa qualidade, o governo brasileiro vai se pronunciar de uma maneira muito altiva”, afirma Rua.

China: laços estreitados e caminho para novas oportunidades

O relacionamento com a China passa por um bom momento, na avaliação de ambos os especialistas. Seja pela comemoração dos 50 anos de relação diplomática ou pela visita do líder chinês ao Brasil, tanto Mori como Rua salientam que isso demonstra a amistosa relação entre os países.

“Eu lido com a China há quase 20 anos e eu nunca vi o que eu vi este ano. Eu nunca vi algo parecido com esse clima de transparência, de confiança entre as autoridades sanitárias, muita troca de informações e eu acho que os efeitos são latentes e visíveis”, expressa o secretário do Mapa, que recorda das aberturas oficializadas durante a visita e das habilitações firmadas em março de 38 frigoríficos para exportação ao país asiático.  

Para a diretora da CNA, essa troca entre os países pode ser ainda mais produtiva se caminhar para integrações que envolvam tecnologia, investimentos, cooperações técnicas e posicionamentos conjuntos em fóruns internacionais quando a pauta for de interesse comum, desde que isso “não prejudique o pragmatismo do Agro”. “A gente precisa caminhar junto. A relação entre Brasil e China ainda está muito no comércio e eu acho que a gente tem uma uma avenida para explorar”, comenta.

Neste mês, a China comunicou ao Brasil a abertura de uma investigação sobre as importações de carne bovina. A medida não atinge apenas os brasileiros, mas todos os demais países que vendem a proteína para os chineses. Em nota, o Mapa disse que “buscará demonstrar que a carne bovina brasileira exportada à China não causa qualquer tipo de prejuízo à indústria chinesa”.

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2025: olhares estarão voltados ao Brasil

A agenda de eventos internacionais do próximo ano deve colocar o Brasil no centro das atenções, que terá: presidência dos BRICS, reunião da Junta Interamericana de Agricultura (JIA) e a COP 30, em Belém (PA). Mori analisa que essa agenda não atrapalha e nem ajuda o Agro, mas pode ser encarada com uma oportunidade. 

“Eu acho que o Brasil tem a oportunidade de levar ao mundo a realidade da produção agropecuária brasileira. Aí nesse sentido eu acho que é positivo, se a gente souber usar bem a oportunidade”, diz a diretora, que reforça a necessidade do setor agropecuário “se mostrar mais lá fora”. 

Aberturas de mercado devem continuar em 2025

Com mais de 200 novos mercados abertos em 2024, o secretário Rua indica que “não há volta atrás” na marcha colocada pela pasta na busca de aberturas. Ele revela que há mais de mil negociações em curso. Segundo Rua, os números são recordes e os efeitos já começam a ser sentidos na Balança Comercial com o crescimento de 7,2% nas exportações de produtos fora do top 10 da comercialização agropecuária.  

“Para além das aberturas, nós tivemos uma diversificação da nossa pauta de mercados [material genético, pescados, reciclagem animal, frutas]. E a gente começou a dar foco e visão para cadeias regionais com produtos, como a erva-mate, as castanhas e o açaí. […] Tem muita coisa boa que a gente vai colher o resultado disso especialmente a partir do próximo ano”, projeta.

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