Economia
Com expectativa de superar R$ 5 bi em negócios, AgroBrasília 2025 terá lançamentos da Embrapa
Empresa de pesquisa vai apresentar novas cultivares de café e feijão; evento prevê receber cerca de 175 mil visitantes

Daumildo Júnior | Brasília | daumildo.junior@estadao.com
20/05/2025 - 08:00

Conhecida pela política, a capital do Brasil também é dona de uma das feiras de destaque no Centro-Oeste do Brasil. A AgroBrasília 2025 espera, neste ano, superar os números alcançados em 2024, receber mais de 175 mil visitantes e ultrapassar R$ 5 bilhões em negócios.
A edição de 2025 começa nesta terça-feira, 20, e vai até o próximo sábado, 24. Os interessados terão acesso gratuito e poderão aproveitar a feira entre 8h30 e 18h. Mais de 600 expositores vão apresentar seus produtos e serviços no Parque Tecnológico Ivaldo Cenci, como é caso da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Com um estande que deve trazer diversidade de cultivos e produções, a Embrapa pretende levar 100 tecnologias ao evento. Deste cardápio, pelo menos três são lançamentos.
Café BRS Primalta
O pesquisador e melhorista da Embrapa Cerrado, Renato Amabile, já define a nova variedade de café como “adaptável” às particularidades da região, como solo e condições climáticas. “Ele é um café canephora conilon. Foi trazido do Espírito Santo e adaptado aqui [no Cerrado], selecionado para compor uma variedade clonal”, explicou ao Agro Estadão.
Segundo Amabile, a cultivar apresentou uma produtividade de 100 sacas por hectare em algumas áreas de pesquisa. A BRS Primalta também é indicada para cultivos irrigados, além de ser uma alternativa para sistemas de integração.
Apesar do café canephora não ser a espécie mais apreciada nas bebidas puras, há um mercado importante para o grão, como reforça o pesquisador, o que pode ser uma alternativa para os produtores da região. “Esse café é mais utilizado para fazer blend ou fazer café solúvel porque tem mais cafeína e é mais barato”, disse.
Além disso, o intuito da Embrapa foi buscar uma variedade com aspecto de qualidade parecidos ao café arábica. Por isso, uma das recomendações no manejo da nova cultivar é a utilização da técnica do estresse hídrico controlado. Isso vai possibilitar o uniformização da florada e, com isso, diminui a possibilidade de colher grãos verdes e aumenta os grãos cerejas, o que garante melhor qualidade na hora do processamento do grão.
“Estamos apresentando esse material para que apareçam viveiristas credenciados interessados em levar isso para os produtores”, destacou Amabile.

Embrapa e os pés de feijão
Os produtores também poderão conhecer outras duas novidades exclusivas da feira. São cultivares de feijão: BRS FS212 (Grão Especial Rosinha) e BRS FC423 (Grão Carioca). Ambas são indicadas para cultivos de 1º safra e, principalmente, de 3º safra.
A cultivar de feijão rosinha é de um ciclo mais precoce, aproximadamente 65 a 74 dias após emergir da terra. Ela é indicada para pequenos produtores, pois, apesar de não ser um grão muito comercializado, seu valor de mercado pode ser até 50% maior do que os feijões comuns. Além disso, apresentou uma boa produtividade, com mais de 4 toneladas por hectare, em média, nos testes.
Já a BRS FC423 é de feijão carioca e tem uma característica que pode ser um diferencial para o consumidor final e a indústria: o escurecimento lento dos grãos. Muitas vezes, o consumidor associa esse escurecimento à perda de qualidade do grão. Esta nova cultivar tem esse processo retardado, podendo ficar por até um ano armazenado sem grandes perdas de cor. Além disso, são grãos maiores, o que facilita no processo de beneficiamento.
Outro ponto positivo da cultivar é a produtividade, que alcançou mais de 6 toneladas por hectare. A indicação de plantio é para todos os estados das regiões Centro-Oeste, Nordeste, Sul e Sudeste, além do estado de Tocantins.

Bom para negócio
O presidente da AgroBrasília, José Guilherme Brenner, ressaltou que a feira não atende apenas ao público do Distrito Federal, mas alcança uma área de até 200 quilômetros, sendo uma alternativa para produtores de Goiás, Minas Gerais e Bahia, estados vizinhos. A expectativa do presidente é de bons negócios, já que neste ano a produção está melhor, na avaliação dele.
“Acho que a gente vive um momento melhor do que o ano passado em termos de produção agrícola. Acho que a gente vai ter uma boa movimentação de negócios também. […] Eu acho que foi um ano de boa produtividade, produtor colheu bem ou está com uma perspectiva de uma safrinha muito boa”, lembrou.
Ele também ponderou que os juros estão mais elevados, o que implica em um momento com “suas limitações com relação a anos passados”. Mesmo assim, considera que os produtores têm apetite para arcar com novos investimentos. “Eu acredito que o produtor tem essa necessidade. Por mais que às vezes a gente ache que já está tudo pronto, o tempo vai passando e você vai tendo que renovar o seu parque. Se você não correr atrás disso, você perde a corrida”, disse Brenner.

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