Economia
Cana-de-açúcar: safra 25/26 está estimada em 663 mi de toneladas
Apesar do recuo de 2% na safra da matéria-prima, causado pelas condições climáticas, Conab projeta uma produção recorde de açúcar

Paloma Custódio | Guaxupé (MG) | paloma.custodio@estadao.com
29/04/2025 - 11:43

A produção de cana-de-açúcar no Brasil para a safra 2025/26 está estimada em 663,4 milhões de toneladas, uma redução de 2% em relação ao ciclo anterior. A informação consta no 1º Levantamento da Safra de Cana-de-Açúcar 2025/26 da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Segundo o gerente de Acompanhamento de Safras da Conab, Fabiano Vasconcellos, a redução das chuvas e o aumento da temperatura provocadas pelo efeito do El Niño, desde o final de 2023, afetaram o desenvolvimento das lavouras. “Isso afetou um pouco a safra 2024/25, que encerrou em 31 de março. E as lavouras que estavam em desenvolvimento para a safra 2025/26 acabaram também sofrendo um pouco com isso”, explicou em transmissão de vídeo pelo canal da Conab.
Vasconcellos destaca que a recessão hídrica desde o início de 2024 em importantes regiões produtoras, como São Paulo, foi um fator limitante para as produtividades da cana-de-açúcar. “Também foram observados focos de incêndio no meio do ano, temperaturas elevadas, o que reduziu significativamente o potencial produtivo das lavouras, principalmente no centro-sul”, complementa.
A Conab prevê uma queda de 2,3% na produtividade média, estimada em 75.451 kg por hectare, mesmo com uma leve ampliação da área colhida. Segundo o levantamento, as lavouras de cana devem alcançar 8,79 milhões de hectares, um aumento de 0,3% em relação à safra 2024/25.
Regiões produtoras
A Região Sudeste segue como a principal produtora de cana-de-açúcar do país, concentrando 63,3% da produção nacional na safra 2025/26. No entanto, a estimativa é de uma redução de 4,4% no volume colhido em relação à safra anterior, totalizando 420,2 milhões de toneladas.
Segundo a Conab, o recuo se deve, principalmente, a adversidades climáticas registradas ao longo do ciclo 2024/25, como períodos prolongados de estiagem, altas temperaturas e incêndios em parte dos canaviais, especialmente no estado de São Paulo. Esses fatores comprometeram o desenvolvimento das lavouras ainda em fase de crescimento.
A área destinada à moagem no Sudeste deve ser de 5,42 milhões de hectares, uma redução de 1,2% em relação à safra anterior. Já a produtividade média dos canaviais está estimada em 77.573 kg/ha, uma queda de 3,3%.
Segunda maior produtora de cana-de-açúcar do país, a Região Centro-Oeste deve alcançar uma produção de 148,4 milhões de toneladas na safra 2025/26, destinadas ao setor sucroenergético. A área estimada é de 1,91 milhão de hectares, um aumento de 3,4% em relação à safra anterior.
Apesar da expansão da área, a produtividade média deve recuar 1,2%, ficando em 77.574 kg/ha, também impactada por condições climáticas menos favoráveis durante o desenvolvimento das lavouras.
No Nordeste, a produção de cana-de-açúcar para a safra 2025/26 está estimada em 56,3 milhões de toneladas, um crescimento de 3,6% em relação à safra anterior. A área cultivada é de 915,7 mil hectares, um avanço de 2%, contribuindo para a elevação da produtividade média, estimada em 61.502 kg/ha — 1,5% acima do registrado em 2024/25. As lavouras estão atualmente em fase de crescimento, com início da colheita previsto para agosto.
Com uma projeção de crescimento de 2,3% na área destinada ao setor sucroenergético, que deve totalizar 497,1 mil hectares, a Região Sul deve produzir 34,4 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na safra 2025/26 (+2,2%). A produtividade média permanece praticamente estável, estimada em 69.137 kg/ha.
A produção na Região Norte é de 4 milhões de toneladas, 2,5% superior à safra anterior. Essa região é responsável por 0,6% da produção nacional. A área de colhida é de 51 mil hectares (+2,9%), com produtividade de 4.205,5 kg/ha (+4,1%).
Produção recorde de açúcar
Apesar da redução da matéria-prima, a Conab projeta uma produção de açúcar de 45,9 milhões de toneladas para a safra 2025/26, um aumento de 4% em relação à safra anterior. Esse volume é o maior já registrado na série histórica da companhia. Segundo a Conab, o mercado favorável ao adoçante é o principal fator que justifica esse crescimento.
“Praticamente em todos os estados, a produção de açúcar deve aumentar. No centro-sul, a estimativa prevê um aumento de 3,7% na produção, atingindo 41,8 milhões de toneladas. No Norte e Nordeste, a estimativa é de uma produção de pouco mais de 4 milhões de toneladas, um aumento bom para essas regiões de 7,4%”, destaca Vasconcellos.
Produção recorde de etanol de milho
A estimativa para a produção total de etanol, considerando tanto os derivados da cana-de-açúcar quanto do milho, é de 36,82 bilhões de litros, representando uma redução de 1% em relação à safra anterior. Desses, 28,11 bilhões de litros vêm do esmagamento da cana-de-açúcar, registrando uma queda de 4,2%. Por outro lado, a produção de etanol a partir do milho deve alcançar 8,7 bilhões de litros, um aumento de 11%, estabelecendo um novo recorde na série histórica da Conab.
Segundo a Conab, a crescente produção de etanol derivado do milho é resultado de planejamento e investimentos, especialmente na Região Centro-Oeste, com expansão para outras regiões, impulsionada por modernas unidades de produção.
Estimativa da produção de etanol total a partir da cana-de-açúcar
ETANOL (Em mil litros) | ||||
Safra 2024/25 (a) | Safra 2025/26 (c) | Variação | ||
REGIÃO/UF | Absoluta (c-a) | % (c/a) | ||
NORTE | 250.990,0 | 272.646,0 | 21.656,0 | 8,6 |
NORDESTE | 1.994.154,0 | 1.905.195,4 | -88.958,6 | -4,5 |
CENTRO-OESTE | 8.842.820,3 | 8.648.976,8 | -193.843,6 | -2,2 |
SUDESTE | 17.166.043,1 | 16.105.641,4 | -1.060.401,6 | -6,2 |
SUL | 1.096.332,3 | 1.178.781,4 | 82.449,1 | 7,5 |
BRASIL | 29.350.339,6 | 28.111.241,0 | -1.239.098,6 | -4,2 |

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