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Economia

Após reajuste na gasolina e no gás, chegou a vez do diesel?

Consultoria alerta para possível reajuste nos preços do diesel às vésperas da entrega de insumos

4 minutos de leitura 11/07/2024 - 08:00

Por: Rafael Bruno

Foto: Adobe Stock
Foto: Adobe Stock

Após a Petrobras promover nesta semana os primeiros reajustes do ano dos preços da gasolina e do gás de cozinha, o Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), os setores de cargas e transportes e da agropecuária estão à espreita, de olho em um possível reajuste no preço do óleo diesel.

Isso porque o combustível segue com preços negociados no mercado interno abaixo da média internacional. Conforme relatório publicado nesta quarta-feira, 10, pela Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), com a estabilidade no câmbio e nos preços de referência do óleo diesel no mercado externo, o combustível está com uma defasagem média de 9%, considerando dados do fechamento de terça-feira, 9.

Para o consultor e sócio-diretor da Markestrat, José Carlos de Lima Júnior, o atual cenário acende um alerta no campo. Segundo ele, ainda que o valor do petróleo tenha estabilizado, com negociações para um cessar-fogo em Gaza, a defasagem antecede a atual calmaria. 

“A pergunta chave é: até quando os preços do óleo combustível serão freados, dado que o reajuste e repasse impactarão nos custos de frete, às vésperas das entregas dos insumos da safra 2024/25?”, questiona o analista.

O também consultor da Markestrat, José Luiz Coelho, destaca que o peso do diesel sobre as produções agropecuárias depende do cultivo e também do tipo de operação agrícola. Entre as cadeias de produção com consumo do combustível mais relevante estão os grãos, com comprometimento do custo total entre 12% a 15%, e a cana-de-açúcar, com gasto estimado entre 25% e 28%.

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O analista destaca que, somente na operação canavieira com a colheita mecanizada, o insumo representa 38% do custo da referida atividade. Gasto também observado em demais etapas da cadeia produtiva. 

“Em uma usina de açúcar, etanol e bioenergia, depois da folha e encargos, o diesel normal é a segunda ou terceira maior rubrica do orçamento de despesas”, comenta José Luiz Coelho.

Movimento Pró-Logística não acredita em aumento dos valores dos fretes

O diretor-executivo do Movimento Pró-Logística, Edeon Vaz, reconhece o impacto sobre os fretes, mas minimiza a possibilidade de reajuste no atual momento. “O frete é muito mercado, o que quer dizer que se você tem muito caminhão e pouco produto, o frete cai e vice-versa […] então neste momento, onde boa parte da soja já foi escoada, assim como segue o escoamento do milho, o frete tende a se acomodar,” diz Edeon. 

Quanto às entregas de insumos como fertilizantes e defensivos, o presidente do movimento afirma que normalmente o frete sobre esses produtos é um ‘frete retorno’, cujo os custos geralmente são menores.

Sem previsibilidade: “hoje mais barato, amanhã mais caro”

O sócio diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Pedro Rodrigues, alerta para a imprevisibilidade para o setor de transportes desde que o governo deixou de adotar a política de Preços de Paridade de Importação (PPI). 

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 “Hoje vendemos um combustível mais barato, amanhã pode ser mais caro, dado que a política de preços não tem essa direção, e isso tira do transportador a previsibilidade dele saber o preço que ele vai pagar por esse combustível”, comenta Rodrigues. 

Para ele, se estivéssemos sob a política de preços antiga, quando se tinha o PPI como norte da prática comercial da Petrobrás, seria possível afirmar que em breve a estatal iria anunciar um aumento. 

“Poderíamos [cravar esse aumento] porque realmente o preço está defasado, mas o problema é que com essa nova política de preços, essa afirmação não é verdadeira, porque como a Petrobras não é obrigada e não segue o preço de paridade de importação, você não sabe quando ela vai anunciar o aumento e isso é muito ruim para o setor de transporte,” comenta o sócio-diretor do CBIE.

O último reajuste do preço do diesel para as distribuidoras foi em 27 de dezembro DE 2023, quando o valor foi reduzido em R$ 0,30 por litro, com o preço do combustível nas refinarias a R$ 3,48 por litro. 

Petrobras: estratégia comercial busca equilíbrio e estabilidade de preços

Procurada pelo Agro Estadão, a Petrobras informa que desde de maio de 2023 passou a adotar uma estratégia comercial que incorpora as suas melhores condições de produção e logística para a definição dos preços de venda de gasolina e diesel às distribuidoras.

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“Isso nos permite praticar preços competitivos frente a outras alternativas de suprimento e mitigar a volatilidade do mercado internacional, proporcionando períodos de estabilidade de preços para os nossos clientes. Fazemos isso em equilíbrio com os mercados nacional e internacional, e operando os nossos ativos de maneira segura, otimizada e rentável. Essa prática é especialmente importante em momentos de alta volatilidade, como o que vivemos agora,” afirma a estatal em nota.

Importação russa e reajuste do diesel

Quanto a um possível reajuste para o diesel, a Petrobras afirma que: “ainda é necessário observar a alternativa dos nossos clientes (distribuidores) de importação de produto russo, que chega ao Brasil com desconto frente ao produto americano.” De acordo com a petroleira, atualmente, todo o diesel importado por terceiros para o Brasil é de origem russa. 

A estatal reitera que busca praticar preços competitivos frente às outras alternativas de suprimento, visando uma participação no mercado que permita a otimização dos seus ativos com rentabilidade de maneira sustentável. 

Por fim, a Petrobras ressalta que  segue observando os fundamentos de mercado e, por questões concorrenciais, não pode antecipar suas decisões.

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