Dólar em alta reforça o sinal de alerta no campo | Agro Estadão
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Economia

Dólar em alta reforça o sinal de alerta no campo

Especialistas apontam preocupações com volatilidade da moeda e alto custo de produção no campo nos próximos meses

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Rafael Bruno

03/07/2024 - 14:01

Foto: Adobe Stock
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Após bater a casa dos R$5,70 esta semana, o dólar segue flertando com o movimento de alta. Já não é de hoje que o sinal amarelo está ligado no campo por conta das sucessivas altas. Se por um lado a valorização da moeda norte-americana frente ao real tende a favorecer as exportações, por outro, além de aumentar o temor de custos de produção mais elevados, também causa incertezas diante da volatilidade.

Para Felippe Serigati, pesquisador da FGV-Agro, a imprecisão quanto a um limite para a escalada do dólar aumenta a especulação por parte de agentes do mercado. “O agro já operou com dólar alto, com dólar baixo, então, não será nada inédito para o setor. O ponto mais desconfortável é a volatilidade […] que acaba fazendo com que operadores do universo agro tenham uma postura muito mais de especuladores, de ficar tentando adivinhar para onde vai a taxa de câmbio, antes de realizar efetivamente a sua operação,” aponta o especialista. 

Com uma escalada mais acentuada a partir do final de maio, quando o dólar saiu do patamar de R$ 5,20, até esta semana, a alta frente a moeda brasileira passa de 9%.

Apesar deste cenário, Carlos Cogo, sócio-diretor da Consultoria  Cogo Inteligência em Agronegócio, afirma que a alta do dólar no Brasil é um fator baixista para os preços futuros para produtos como soja, milho e café que têm suas cotações internacionais definidas por bolsas de commodities.

“O preço da soja, base produtor do Paraná, neste mesmo intervalo [do fim de maio para esta semana de julho], praticamente não subiu,” explica.

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Farmer harvesting soybeans in Midwest
Foto: Adobe Stock

De acordo com o Indicador da Soja Cepea/Esalq – Paraná, em 31 de maio a saca de 60 kg da oleaginosa foi cotada a R$ 133,27. Nesta segunda-feira, 1º, o grão encerrou o dia comercializado a R$ 134,98, uma alta de pouco mais de um real.

Quando comparado ao avanço da moeda norte-americana, há uma queda nas cotações da soja de 7,7% aproximadamente, de acordo com Cogo.

Conforme o consultor, “em dólares, essa soja estava cotada próxima de US$26,00 a saca e agora está próxima de US$24,00, baixa de US$2,00 por saca.” 

Assim, a leitura que o mercado faz é de que o produtor brasileiro precisa de menos dólares para vender a mesma quantidade de soja em reais, ou seja, a taxa de câmbio tem efeito contrário ao preço da commodity no mercado internacional, explica o sócio-diretor.

Já na visão de Haroldo Bonfá, consultor na  Pharos Consultoria, sobre o mercado de café não se observa essa relação baixista entre cotações do grão frente a alta do dólar. “Os preços do café no mercado interno estão tão interessantes que não vejo como possa prejudicar, apenas ajudar para vender com mais reais”, diz o consultor.

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Para Bonfá, no atual momento, em plena colheita país afora, o produtor de café só deve “usar o dólar no sentido positivo, priorizando as exportações, uma vez que os custos com insumos foram despendidos anteriormente.”

Haroldo cita como exemplo a alta do café nesta terça-feira acompanhando a subida do dólar. Em Nova Iorque a cotação do grão, contrato para setembro, avançou 1,09% a US$2,27 por libra-peso. No mercado físico a saca de 60 kg do grão segue entre R$1.300 e R$1.400.

Insumos que já estavam caros, podem subir ainda mais

Fator preocupante aos agricultores diante da escalada do dólar são os custos com insumos, principalmente com fertilizantes. Conforme pesquisa mais recente da consultoria StoneX – sobre mais de 29 milhões de hectares de soja e milho -,  ao final de maio  a aquisição desses insumos para o segundo semestre deste ano estava em 51%. Para Marcelo Mello, neste momento o patamar de compras deve ter atingido 60%. Apesar disso, ele ressalta que ainda há um número significativo de produtores que ainda precisam ir às compras e o cenário não é dos mais positivos.

Conforme Mello, a atenção no momento deve ser voltada à relação de troca, principalmente na soja, principal cultura de verão. De acordo com o analista, hoje o produtor precisa vender 24 sacas da oleaginosa para a compra de uma tonelada de MAP, um insumo essencial para várias culturas. Em igual período do ano passado eram necessárias 15 sacas para igual aquisição. Esta é uma das piores relações dos últimos 5 anos.

Tractor spraying fertilizer or pesticides on field with sprayer
Foto: Adobe Stock

Em igual comparação, a situação do potássio é mais favorável, são necessárias 11 sacas de soja para uma tonelada do produto. Cenário justificado pela maior oferta do insumo em cenário global.

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Sobre o efeito do dólar nos fertilizantes, Marcelo destaca a alta ocorrida após maio. “Se você pegar as últimas semanas, o MAP subiu cerca de 10%, acumulando no ano variação de 15%”, afirma.

O especialista acredita que os preços do fosfatado devem continuar subindo nas próximas semanas, assim sendo, Mello recomenda que o agricultor faça suas compras o quanto antes e sugere que o produtor que for adquirir insumos agora também venda a soja em igual período, para não correr o risco de no futuro o grão se desvalorizar com uma possível inversão cambial.

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