Clima
La Niña pode antecipar safra de soja 2025/26 no Brasil
Condições favorecem soja, café, cana e laranja, mas Sul segue vulnerável a estiagens e geadas
Broadcast Agro
22/08/2025 - 09:12

Um La Niña de fraca intensidade deve se formar a partir de novembro e pode criar condições favoráveis para o plantio antecipado da soja na safra 2025/26, disse o agrometeorologista Marco Antônio dos Santos, sócio fundador da Rural Clima, em entrevista ao podcast Prosa Agro, do Itaú BBA.
O fenômeno terá características distintas do registrado na safra anterior e pode beneficiar o calendário agrícola em boa parte do país. “Os modelos sinalizam que o pico da La Niña ocorrerá em novembro, um mês antes do que aconteceu na safra passada”, explicou Santos. No ciclo 2024/25, o pico do fenômeno se deu entre dezembro e janeiro, provocando estiagem prolongada no verão e resultando em nova quebra de safra no Rio Grande do Sul.
A expectativa é de que a estiagem fique concentrada no fim da primavera. “Caso ocorra essa estiagem, ela não seria no verão, mas seria na segunda metade da primavera, abrangendo final de novembro, dezembro e início de janeiro”, disse o especialista.
No Rio Grande do Sul, a mudança no regime de chuvas pode até trazer algum benefício. O Estado plantou trigo mais tarde neste ano, com colheita prevista para novembro. Se a estiagem se confirmar nesse período, o cereal será colhido em condições mais secas, o que favorece a qualidade, e a soja será semeada num ambiente de menor umidade. “O plantio da soja vai se dar num ambiente mais seco, o que não é ruim. E quando voltarem as chuvas, na segunda quinzena de janeiro, é quando a soja vai começar a entrar numa fase que o déficit hídrico é prejudicial”, avaliou Santos.
Outro ponto destacado é a antecipação das chuvas no País. Em 2024, a regularização só ocorreu na segunda metade de outubro. Neste ano, há previsão de precipitações já em setembro. “Isso vai fazer com que o plantio da nova safra de soja ocorra mais cedo este ano”, disse.
Com a semeadura adiantada, haverá soja nova disponível ainda em dezembro e, principalmente, em janeiro de 2026. “Já no comecinho do ano teremos soja disponível para comercialização, seja interna ou externa”, projetou Santos.
No Cerrado, a tendência é de maior volume de chuvas. “Como você tem uma condição de La Niña, você coloca muita pressão de chuvas para a região central e norte do Brasil”, afirmou o agrometeorologista. Esse cenário pode levar a safra de soja a atingir até 180 milhões de toneladas. “Difícil atingir esse número? Difícil. Impossível? Não”, disse, lembrando do incremento de área em 1,5% e da perspectiva de uma safra mais equilibrada no Rio Grande do Sul.
Segundo Santos, a faixa mais provável é entre 170 milhões e 180 milhões de toneladas, mesmo com eventuais quebras em São Paulo e no norte do Paraná. “Hoje, cogitar uma produção de 170, 180 milhões de soja para esse ano está muito fácil”, avaliou.
O alerta, contudo, permanece para o Sul, que pode enfrentar o quinto ano seguido de adversidades. Além do risco de estiagens, há a possibilidade de geadas e ondas de frio atingirem lavouras precoces. “Este é um ano que esse plantio muito cedo de milho pode ser prejudicado por ondas de frio”, alertou.
No caso das culturas perenes, o cenário é de otimismo. O café deve se beneficiar de chuvas regulares após seis meses de estiagem no ano passado, embora haja risco de floradas múltiplas que podem comprometer a qualidade do produto. A cana-de-açúcar tende a crescer em produtividade em 2026, mas o excesso de chuvas pode reduzir os dias úteis de moagem. Já a laranja tem boas perspectivas, com floradas favorecidas pela umidade. “Otimismo é a palavra que resume o cenário, com exceção da preocupação que fica de novo este ano com o Sul”, concluiu Santos no podcast.
Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Clima
1
Novo ciclone traz ventos de 100 km/h a partir de domingo; veja onde
2
Ciclone extratropical deixa Sul, Sudeste e Centro-Oeste em alerta
3
Defesa Civil do RS amplia alerta de risco severo para ventos, chuva e granizo; veja o deslocamento do ciclone
4
Ciclone extratropical pode causar tornados no RS e ventos de até 115 km/h em SP
5
Tornado devasta Rio Bonito do Iguaçu e deixa ao menos cinco mortos no Paraná
6
Com ventos de até 330 km/h, tornados destruíram propriedades rurais no Paraná
PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas
Clima
Frente fria espalha instabilidades pelo País no fim de semana; veja onde
Há risco de temporais no Rio Grande do Sul e Santa Catarina; no Paraná, há previsão de chuva forte e rajadas de vento de 40 km/h
Clima
Especialistas cogitam aquecimento do Pacífico, mas não confirmam El Niño em 2026
Serviço climático dos EUA projeta La Niña até o fim de 2025 com tendência de transição para neutralidade no primeiro trimestre do próximo ano
Clima
Novo ciclone traz ventos de 100 km/h a partir de domingo; veja onde
Inmet emitiu alerta de grande perigo para tempestades em áreas do RS, SC, PR e MS; há possibilidade de tornados e risco para áreas agrícolas
Clima
Chuvas impulsionam safra, mas excesso preocupa em MG, MT e GO
Inmet projeta boa umidade no Centro-Oeste e Sudeste, mas alerta que déficit hídrico persiste no Amapá, Roraima e em parte da Bahia e Pará
Clima
La Niña: atraso da soja acende alerta para o milho safrinha
Rio Grande do Sul volta a ser o ponto de atenção com o avanço do fenômeno, mas consultoria destaca que potencial produtivo segue elevado
Clima
Tornado destrói granja de suínos e produtor cobra alertas mais precisos
Com ventos de 250 km/h, tornado arrasou granja, matou animais e devastou lavouras no centro-sul do Paraná; veja as imagens
Clima
Com ventos de até 330 km/h, tornados destruíram propriedades rurais no Paraná
Em Guarapuava e Candói, tornado atingiu granja de suínos e arrancou barracões, silo e casas; chuva retorna a partir de quarta-feira
Clima
Tornado devasta Rio Bonito do Iguaçu e deixa ao menos cinco mortos no Paraná
Análise dos danos e imagens de radar indicaram ventos entre 180 km/h e 250 km/h, mas há indícios de picos acima de 250 km