Agropolítica
Relatório na CCJ do Senado mantém carnes na cesta básica da Reforma Tributária
Armas e crédito presumido tiveram mudanças no texto

Daumildo Júnior | Brasília | daumildo.junior@estadao.com
09/12/2024 - 19:22

O relatório do senador Eduardo Braga (MDB-AM) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal manteve as carnes na cesta básica da Reforma Tributária. Um dos pedidos do setor é que as proteínas continuassem nessa lista, como foram incluídas no texto aprovado pela Câmara dos Deputados. A medida teve resistência da ala econômica do governo, já que a previsão é de que essa medida irá ampliar a alíquota padrão do IVA – Imposto sobre Valor Agregado, que corresponde ao Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS).
Braga também adotou algumas alterações na cesta básica. O coco, raízes e tubérculos foram retirados da listagem mas foram incluídos na lista de produtos com 100% de isenção da alíquota. Na prática, esses alimentos continuam sem tributação.
Em coletiva de imprensa nesta segunda-feira, 09, o relator apresentou os principais pontos de mudança no relatório. Segundo ele, das mais de 2 mil emendas apresentadas até então, 642 foram incorporadas parcialmente ou totalmente. Ainda de acordo com o senador, todas as alterações feitas não devem ter impacto relevante na alíquota padrão.
“Todas as mudanças do Senado significam 0,13% [a mais na alíquota] de impacto”, reforçou Braga.
A expectativa é de que o projeto de lei complementar (PLP) 68 de 2024 seja analisado ainda nesta semana no plenário do Senado. O projeto que regulamenta a Reforma Tributária estava previsto para ser apreciado na CCJ nesta segunda, mas por falta de quórum, a sessão foi cancelada. Após aprovada pelo Senado, a proposta ainda precisa retornar à Câmara dos Deputados para ser validada. Durante esse trâmite, novas emendas podem ser sugeridas e aprovadas.
Crédito presumido teve alterações
Outra questão importante tratada no relatório foi o crédito presumido. O texto prevê que as empresas possam abater esses créditos acumulados durante a cadeia produtiva na Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) —- um dos dois impostos que substituirá os demais tributos.
Nesse ponto dois pedidos eram reivindicados pelo setor do agronegócio. Um deles era a revisão anual que esse crédito seria submetido. O pleito era de que essa avaliação fosse de cinco em cinco anos ou que no cálculo fosse adotada uma média dos últimos cinco anos. A matéria apresentada pelo senador manteve anualmente, mas com uma base de cálculo que leva em consideração os últimos cinco anos.
A outra solicitação do setor nessa questão foi a possibilidade de abater o crédito presumido para compensar outros impostos, como o INSS. No entanto, esse ponto não teve mudanças.
Armas e munições no imposto seletivo
A lista dos produtos que terão uma taxação adicional, o chamado imposto do pecado, teve alteração com a inclusão das armas e munições. Com isso, esses artifícios sofrerão a incidência do Imposto Seletivo (IS). Veículos, aeronaves, bebidas alcoólicas e açucaradas já estavam nessa listagem.
No entendimento do relator, questões de segurança devem ser tratadas pelo Estado e não de forma privada. “Eu não colocaria a minha cabeça com tranquilidade se eu não manifestasse claramente a minha posição . Eu acho que não é possível que em um país onde a gente mata mais gente do que em uma guerra por ano [tenha] redução de carga tributária [para armamentos]”, justificou Braga.
Siga o Agro Estadão no Google News e fique bem informado sobre as notícias do campo.

Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Agropolítica
1
ITR 2025: entrega começa em agosto com novidades
2
Ministério decide não aplicar medidas antidumping sobre leite em pó argentino e uruguaio
3
Governo anuncia pacote de R$ 30 bi para exportadores afetados por tarifa dos EUA
4
Com frete 40% menor, Ferrogrão está parado no STF há três anos; entenda o caso
5
Frente Parlamentar do Agro Paulista é relançada em SP
6
Consórcio com construtora leva leilão de concessão da Rota do Agro

PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas

Agropolítica
Guilherme Campos aponta cautela maior do produtor no início da safra
Secretário defende Plano Safra como o suporte mais acessível, mas reconhece que produtor está mais prudente

Agropolítica
Após vetos de Lula, FPA apresenta 568 emendas ao Licenciamento Ambiental
Segundo a federação, alterações buscam recompor trechos vetados; relator prevê novo ritmo de diálogo com o governo

Agropolítica
FPA classifica Plano Clima como “autossabotagem” e cobra revisão de metas
Bancada crítica viés ideológico do plano, que impõe ao agro a maior meta de redução de emissões entre todos os segmentos da economia

Agropolítica
Missão brasileira em Angola busca ampliar cooperação agrícola
Entre janeiro e julho de 2025, o Brasil registrou U$ 347,7 milhões em exportações para o país africano
Agropolítica
CNA responde aos EUA sobre tarifas, etanol e desmatamento; entenda
Respostas foram protocoladas no processo que o governo dos EUA abriu contra o Brasil por supostas "práticas desleais" de comércio
Agropolítica
Consórcio com construtora leva leilão de concessão da Rota do Agro
Trecho tem 490 quilômetros de extensão e liga dois importantes polos agropecuários: Rio Verde (GO) a Rondonópolis (MT)
Agropolítica
Deputados aprovam criação de subcomissão permanente do Plano Safra
Finalidade do grupo é fazer um acompanhamento contínuo e propor soluções para a política de crédito rural no país
Agropolítica
Ministério decide não aplicar medidas antidumping sobre leite em pó argentino e uruguaio
Setor se mobiliza para tentar reverter situação e pede resposta “política” do governo brasileiro, não apenas técnica