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Agropolítica

Ministério da Agricultura não terá cortes de gastos, afirma Fávaro

Problemas logísticos são destacados como gargalo comum entre os diversos segmentos do setor

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Daumildo Júnior | Brasília | daumildo.junior@estadao.com

13/11/2024 - 09:43

Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) não está na lista das pastas que sofrerão cortes de gastos do orçamento. A informação foi dada pelo ministro Carlos Fávaro após participar de uma reunião com entidades representativas do setor agropecuário na terça-feira, 11. Ele ressaltou que o Mapa “não está no foco dos cortes” proposto pela ala econômica do governo. 

“O Ministério da Agricultura é um ministério que não está sofrendo cortes de gastos. Veja que já aconteceu neste primeiro semestre do ano um corte de R$ 15 bilhões no orçamento para manter o ajuste fiscal equilibrado. Naquele mesmo momento, uma decisão do presidente Lula autorizou um acréscimo de R$ 3,4 bilhões para que nós pudéssemos equacionar o maior Plano Safra da história”, afirmou Fávaro aos jornalistas.

O ministro também anunciou que há intenção de criar duas novas secretarias dentro da pasta. Apesar disso, ele ponderou que a ação não vai trazer gastos adicionais e que isso seria feito a partir de reajustes de cargos e áreas internas.  

Fávaro também comentou sobre as variações do câmbio, justificando as oscilações com tendência positiva para o dólar como fruto das incertezas no cenário internacional. Na avaliação do ministro, o governo vem cumprindo com a responsabilidade fiscal e os números da economia interna do país são bons. 

“O Brasil vive um momento muito bom: crescimento econômico, desemprego mais baixo dos últimos dez anos, inflação controlada. Mas há uma incerteza mundial, guerras, instabilidades causadas por posicionamentos políticos, como a própria eleição dos Estados Unidos, fazem com que a economia internacional fique um pouco nas incertezas, por isso a disparada no câmbio e o Brasil precisa ter responsabilidade”, disse. 

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Logística é apontado como gargalo comum entre segmentos do Agro

Uma das demandas colocadas pelo setor na reunião com o ministro foi a logística, especialmente de portos e aeroportos. Fávaro justificou a percepção comum desse problema devido ao aumento das exportações brasileiras. Segundo o Mapa, as exportações do setor representaram quase metade dos embarques totais do Brasil — cerca de 49,3%, de janeiro a setembro deste ano. 

“Muitas delas [demandas] são convergentes. Por exemplo, todos estão sofrendo com gargalos logísticos, portuários. Claro, está ampliando muito as exportações”, pontuou o ministro. Ele ainda complementou afirmando que vai tratar do tema com outros ministérios: “já pegamos a pauta de nos reunirmos com os colegas ministros de Portos e Aeroportos, Transporte, Justiça, Fazenda, Receita Federal para que a gente possa desgargalar essas questões”.

Fávaro também disse estar com “boas expectativas” com a rota Rondon. Essa é uma das integrações logísticas que vem sendo estudada para ligar o país ao Oceano Pacífico. A rota Rondon passa por Mato Grosso, Rondônia, Acre, Bolívia e chega à costa do Peru. “Se a gente viabilizar essas rotas de exportação, nós estamos sendo mais competitivos para chegar à Ásia, ao Oriente Médio”, destacou.  

Reunião de setores do Agro com ministro Fávaro. Foto: Mapa/Divulgação

Fávaro considera lei antidesmatamento um “desrespeito” ao Brasil

Questionado sobre o direcionamento quanto à lei antidesmatamento europeia, o ministro afirmou que a legislação da União Europeia é um “desrespeito” à soberania brasileira. O assunto também esteve presente na reunião e o ministro manteve a posição de que o Brasil não vai aceitar imposições vindas de fora. O adiamento em um ano está na pauta do Parlamento Europeu desta quinta-feira, 14.

“Não há o que se discutir que nós temos que tomar providências muito sérias com relação ao meio ambiente, ao desmatamento, e o Brasil não foge ao seu compromisso. Mas não pode admitir a transgressão da soberania. […] Os produtores brasileiros sabem da sua responsabilidade ambiental. Nós queremos avançar ainda mais, mas que isso não ocorra de forma impositiva, unilateral e pior ainda, de forma a transgredir a nossa soberania”, comentou. 

Participaram da reunião representantes das:

  • Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa); 
  • Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg); 
  • Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec); 
  • Associação Brasileira da Indústria do Fumo (Abifumo); 
  • CropLife Brasil; da Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca);
  • Associação Matogrossense dos Produtores de Algodão (AMPA);
  • União Nacional do Etanol de Milho (Unem); 
  • Associação Brasileira de Laticínios (Viva Lácteos); 
  • Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (Citrus BR); 
  • Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA); 
  • Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG); 
  • Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé); 
  • Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ); 
  • Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA); 
  • Sociedade Rural Brasileira (SRB); 
  • Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso (Famato) 
  • Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo).

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