PUBLICIDADE

Agropolítica

Flávio Dino pede vista e julgamento da Ferrogrão é suspenso

Dois ministros já manifestaram votos favoráveis à lei que suprime área de parque para acomodar traçado da linha férrea

Nome Colunistas

Daumildo Júnior | Brasília | daumildo.junior@estadao.com

08/10/2025 - 17:44

Caso será analisado pelos próximos 90 dias e continuidade do julgamento no STF ainda será agendada. Foto: Adobe Stock
Caso será analisado pelos próximos 90 dias e continuidade do julgamento no STF ainda será agendada. Foto: Adobe Stock

O Superior Tribunal Federal (STF) suspendeu novamente a análise da ação que pede a inconstitucionalidade da Lei 13.452 de 2017. Essa legislação excluiu 862 hectares do Parque Nacional do Jamanxim, no Pará, para acomodar o traçado da Ferrogrão. O questionamento é de que a lei traz prejuízos ao meio ambiente e às comunidades indígenas vizinhas.

Iniciado na semana passada, com um resumo da tramitação do processo e as sustentações orais das entidades e órgãos participantes, o julgamento já tem dois votos pela improcedência da ação. O ministro relator, Alexandre de Moraes, entendeu que a lei não traz danos significativos ao meio ambiente, considerando que a maior parte da área afetada já é impactada pela BR-163. 

CONTEÚDO PATROCINADO

“Ao meu ver, não há uma agressão ao meio ambiente. Aqui [a lei] está dentro do que a Constituição permite, estipula, como um desenvolvimento sustentável. Eu repito, 0,054% da área [do parque seria desafetada] e, desses 0,054% da área, 60% já estava sem vegetação em virtude da BR. É algo ínfimo no tocante aos benefícios que trará”, comentou Moraes no seu voto.

O relator ainda destacou outros pontos, como a necessidade de se fazer estudos de viabilidade para que a ferrovia de fato seja implementada. “Nós não estamos julgando a implementação da ferrovia, mas sim a desafetação, para que sejam realizados não só os estudos como implantação. E, para a implantação, obrigatoriamente há a necessidade dos estudos de impacto ambiental e das licenças necessárias”, acrescentou. 

Além disso, Moraes também afastou a hipótese de que a ferrovia passaria por terras indígenas. Ele pontuou que a área indígena mais perto do traçado apresentado fica a quatro quilômetros de distância, que seria a Terra Indígena Praia do Mangue, segundo laudos da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funaí). 

PUBLICIDADE

Incremento no voto 

O segundo a votar foi o ministro Luís Roberto Barroso, que disse ter “ampla concordância” com o voto de Moraes, mas pediu um acréscimo. O ministro sugeriu que, no voto, seja estabelecido que a União faça uma compensação devido à área perdida. 

“Na minha proposta de voto, eu acompanharia substancialmente a posição do ministro Alexandre [de Moraes] pela constitucionalidade [da Lei 13.452], mas eu faria o acréscimo, factuando ao poder Executivo, por decreto, compensar a área diminuída até o máximo que estava previsto na medida provisória”, destacou o ministro. 

A proposição foi acolhida pelo relator no voto dele, que passou a estabelecer que o governo federal deverá editar um decreto presidencial aumentando a área do parque em no mínimo 862 hectares e no máximo em 51.135 hectares. Essa compensação estava prevista na medida provisória 758 de 2016, que deu origem à Lei de 2017. Porém, essa troca de áreas foi retirada durante a tramitação no Congresso Nacional. 

Adiamento da votação 

Em seguida, foi a vez do ministro Flávio Dino, que adiantou o pedido de vista no início da fala. Segundo ele, ainda é preciso entender melhor o traçado da ferrovia e o que terá de impacto. 

“Não sou contra a Ferrogrão e nem a favor. Eu apenas quero entender como nós vamos falar de um novo traçado, como é esse novo traçado, as compensações eventuais e se isso compatibiliza com a lógica jurídica  formal dos atos que foram praticados”, justificou Dino, ao dizer que o novo desenho da via férrea não está claro.  

PUBLICIDADE

Agora, o ministro tem até 90 dias para analisar o caso e decidir como irá votar. Superado esse prazo, o presidente da corte, ministro Edson Fachin, é quem decidirá quando a ação voltará a ser julgada pelo Plenário do STF. 

Dino disse que precisa entender melhor o traçado da ferrovia e qual será o impacto da obra. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Origem do caso

O projeto da ferrovia que liga o Porto de Miritituba (PA) ao município de Sinop (MT) começou efetivamente em 2016. Antes dos trâmites finais para abertura do edital do leilão de concessão,  em 2020, o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) entrou no STF com a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 6553, pedindo a nulidade da Lei 13.452 e a suspensão dos “processos relacionados à Ferrogrão”.

Em 2021, uma liminar do ministro relator do caso, Alexandre de Moraes, determinou a suspensão dos efeitos da lei relacionada ao Parque do Jamanxim e do processo administrativo da Ferrogrão, ou seja, todas as etapas ficaram paralisadas. 

Em 2023, o caso teve um novo entendimento no STF. A Advocacia-Geral da União (AGU) fez uma petição para que a lei pivô da ação fosse considerada inconstitucional, mas que fosse autorizada a retomada dos processos relacionados à Ferrogrão. A proposta da AGU era de que os estudos seriam refeitos observando a questão do parque e também dos povos indígenas. Com isso, houve uma nova liminar permitindo o retorno, mas condicionando “qualquer execução” do projeto à análise do STF. 

Desde então, o processo administrativo seguiu. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) diz já ter feito os novos estudos com o novo traçado. A expectativa agora é para a finalização do processo e a realização do leilão de concessão, previsto pela agência para 2026

Siga o Agro Estadão no WhatsApp, Instagram, Facebook, X, Telegram ou assine nossa Newsletter

PUBLICIDADE

Notícias Relacionadas

Mapa fecha duas fábricas clandestinas de bebidas alcoólicas em TO

Agropolítica

Mapa fecha duas fábricas clandestinas de bebidas alcoólicas em TO

Operação em parceria com a Polícia Civil, a Perícia Técnica e a Vigilância Sanitária recolheu 11 mil litros de destilados impróprios para consumo

Governo libera contratação de empresas para auxiliar inspeção em abates

Agropolítica

Governo libera contratação de empresas para auxiliar inspeção em abates

Decreto faz parte da regulamentação da Lei do Autocontrole, que é discutida há meses; Anffa Sindical criticou a medida

Conab vai destinar R$ 67 milhões para escoar trigo do RS e PR

Agropolítica

Conab vai destinar R$ 67 milhões para escoar trigo do RS e PR

Medida deve facilitar a retirada de 250 mil toneladas de trigo dos mercados locais desses Estados

Conab vai adquirir de 137 mil t de arroz para formar estoques

Agropolítica

Conab vai adquirir de 137 mil t de arroz para formar estoques

O leilão atenderá Estados onde os preços do cereal estão abaixo do mínimo estabelecido com o limite de venda de 189 toneladas por produtor

PUBLICIDADE

Agropolítica

Impasse no STF mantém incerteza sobre isenção de impostos para agroquímicos 

Enquanto o julgamento na Supremo Corte segue suspenso, no campo, produtores já enfrentam aumento de custos com defensivos

Agropolítica

Deputados aprovam projeto para travar desapropriação de terras produtivas 

Proposta amplia condições para que uma propriedade seja considerada não cumpridora da função social; texto segue para aprovação no Senado

Agropolítica

Fávaro: suspensão de processos da Moratória da Soja 'é bom momento para diálogo'

Liminar do ministro Flávio Dino, do STF, paralisou inclusive processo no Cade, que só deve ser retornado após decisão da Corte

Agropolítica

Agronegócio é afetado pelo shutdown mais longo da história dos EUA

Segundo o USDA, programas agrícolas, de inspeção de alimentos e proteção contra doenças em animais e plantas estão sendo comprometidos

Logo Agro Estadão
Bom Dia Agro
X
Carregando...

Seu e-mail foi cadastrado!

Agora complete as informações para personalizar sua newsletter e recebê-la também em seu Whatsapp

Sua função
Tipo de cultura

Bem-vindo (a) ao Bom dia, Agro!

Tudo certo. Estamos preparados para oferecer uma experiência ainda mais personalizada e relevante para você.

Mantenha-se conectado!

Fique atento ao seu e-mail e Whatsapp para atualizações. Estamos ansiosos para ser parte do seu dia a dia no campo!

Enviamos um e-mail de boas-vindas para você! Se não o encontrar na sua caixa de entrada, por favor, verifique a pasta de Spam (lixo eletrônico) e marque a mensagem como ‘Não é spam” para garantir que você receberá os próximos e-mails corretamente.