Agro na COP30
Na COP 30, pecuária busca com tecnologia reposicionar discurso sobre o setor
Discussão na AgriZone reforçou que o setor entrega sustentabilidade e precisa tornar ações mais visíveis ao público interno e externo
Daumildo Júnior* | Belém (PA) | daumildo.junior@estadao.com
18/11/2025 - 08:52

Apontada como uma das principais emissoras de gases do efeito estufa no Brasil, o setor da pecuária tem buscado mudar essa visão internamente e externamente. A proposta passa por apresentar pesquisas e dados relacionados a isso, além de apontar caminhos tecnológicos para tornar a produção mais sustentável.
Um dos assuntos nos corredores da AgriZone nesta segunda-feira, 17, foi a sustentabilidade na pecuária. Em um dos painéis que tratou do tema, o secretário de Desenvolvimento Rural do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Marcelo Fiadeiro, relatou a percepção do que os demais países têm tido do Brasil quanto às ambições por sistemas produtivos mais adaptados às necessidades climáticas. Fiadeiro está à frente das iniciativas do Mapa durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30).
“Vários de nossos parceiros [comerciais] duvidam que a gente consegue cumprir as nossas metas.[…] Se você pegar isso aqui [modelo de produção brasileiro] e mostrar para quem está na Blue Zone [espaço na COP onde ocorrem as negociações], eles não acreditam. Eles duvidam dos números”, destacou o secretário. Uma forma que ele tem encontrado para demonstrar a veracidade das soluções do Brasil são visitas aos campos experimentais da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Por isso, o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Roberto Perosa, analisa que estudos como o encomendado pela entidade têm peso para exemplificar o potencial da pecuária. “A nossa vinda para a COP é justamente para mostrar isso para o público interno do Brasil, mas também para o público externo, o que a pecuária já faz e o que as indústrias já fazem”, disse ao Agro Estadão.
Preço da carne pode definir o direcionamento de tecnologias para sustentabilidade
A mudança na pecuária passa por produzir mais em menos terra ou na mesma área. Isto quer dizer que passa pelo aumento da produtividade. Segundo especialistas, uma elevação nesse parâmetro está relacionada com o aumento da implementação de tecnologias, como manejo e dietas mais eficientes, além de genética.
No entanto, esse pacote de implementos depende de investimentos, e o espaço para isso está também atrelado ao preço pago no produto final, ou seja, ao preço da carne. O pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Thiago Bernardino, lembra o papel que isso tem nas decisões do produtor.
“O preço sempre direciona a questão do investimento, porque o preço, vamos dizer, precifica a produção e, obviamente, ele vai, muitas vezes, compor a lucratividade, a rentabilidade da atividade”, comentou à reportagem.
Por isso, o especialista também acredita que a implementação dessas tecnologias deve ser ditada passo a passo, não só com a oferta das inovações, mas também com o auxílio de assistência técnica. Além disso, ele também pontua que a rentabilidade do produtor está ligada à produtividade e não somente ao preço.
“A introdução de tecnologia vai fazendo com que haja essa melhora da produção, melhora na produtividade e, consequentemente, melhora de margem, então, o preço, ele, sim, é um direcionador de investimento, mas ele não é o único. A produtividade, ela precisa, sim, estar presente no dia a dia do campo, no dia a dia do pecuarista”, completou o pesquisador.
*Jornalista viajou a convite da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg) e CropLife Brasil
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