PUBLICIDADE

Agricultura

MS: déficit de armazenagem supera 11 milhões de toneladas e pressiona produtores

Estudo da Aprosoja-MT mostra que 94% dos municípios sul-mato-grossenses têm capacidade insuficiente para estocar grãos

Nome Colunistas

Redação Agro Estadão

17/10/2025 - 09:17

Foto: Adobe Stock
Foto: Adobe Stock

Com uma produção média de soja e milho que, nos últimos cinco anos, ultrapassou 22 milhões de toneladas, Mato Grosso do Sul enfrenta atualmente um déficit de armazenagem superior a 11 milhões de toneladas. Os dados são de um estudo da Aprosoja-MS, elaborado com base em informações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e do Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio (Siga-MS).

De acordo com o levantamento, a capacidade instalada de armazenamento no Estado é de 16,4 milhões de toneladas, frente a uma necessidade estimada em 27,5 milhões de toneladas, conforme parâmetros da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura). O resultado é uma defasagem de 67,8%, obrigando muitos produtores a venderem a safra imediatamente após a colheita, sem condições de aproveitar melhores preços de mercado.

CONTEÚDO PATROCINADO

A análise da série histórica demonstra que, apesar de avanços, o ritmo de crescimento da capacidade de armazenamento não acompanha a expansão da produção agrícola.

Entre 2014 e 2025, a capacidade de armazenagem passou de 9,01 milhões para 16,39 milhões de toneladas — um crescimento de 82%. No mesmo período, a produção saltou de 17,23 milhões para 29,11 milhões de toneladas, alta de 69%.

Com isso, o déficit de armazenagem aumentou de 8,25 milhões para 12,72 milhões de toneladas, um crescimento de 54%. O ano de 2023 registrou o maior desequilíbrio da série, com déficit recorde de 21,23 milhões de toneladas, reflexo de uma safra excepcional.

PUBLICIDADE

O estudo apontou que, dos 78 municípios analisados, 73 apresentam déficit de armazenagem. Maracaju, o maior produtor de grãos do Estado, registra um déficit de 1,32 milhão de toneladas, enquanto Dourados é um dos poucos municípios com superávit, com capacidade instalada de 2,35 milhões de toneladas.

A concentração da capacidade de armazenamento também é um ponto de atenção: apenas cinco municípios concentram 49% da capacidade total, mas respondem por 38% da produção estadual.

Projeções e desafios futuros

As projeções indicam crescimento contínuo da produção agrícola, o que tende a agravar o déficit de armazenagem caso não haja novos investimentos no setor. A safra nacional de grãos deve atingir 350,2 milhões de toneladas em 2025, alta de 16,3% em relação a 2024. Por isso, o Governo do Estado aposta em crédito com juros mais baixos, como o do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO), para incentivar a construção de armazéns.

O levantamento destaca que, sem expansão proporcional da infraestrutura, aumentam os riscos de perdas pós-colheita, os custos logísticos e a pressão sobre o escoamento da produção.

O que diz o governo estadual

armazenagem; silos
Foto: Semadesc-MS/Divulgação

Por meio de comunicado, o secretário de Estado de Meio Ambiente, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, o déficit revela uma oportunidade de investimentos tanto para produtores quanto para indústrias e cooperativas.

PUBLICIDADE

“O governo de Mato Grosso do Sul tem direcionado esforços para estimular a armazenagem em propriedades rurais, especialmente por meio de linhas de crédito como as do FCO. O FCO se mostra vantajoso por oferecer prazos mais longos e taxas de juros competitivas, aspectos cruciais para o financiamento de projetos de armazenagem”, explicou Verruck no texto.

Para o titular da secretaria, além do FCO, seria benéfico replicar, em maior escala, modelos de financiamento que existiram no passado, como as linhas de crédito do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) voltadas especificamente à armazenagem. “Atualmente, a construção de armazéns com recursos baseados na taxa Selic inviabiliza economicamente o empreendimento”, comentou.

A distribuição desigual dos armazéns e a dependência do modal rodoviário — especialmente ao longo da BR-163 — criam gargalos logísticos e encarecem o transporte.

“A questão da armazenagem está intrinsecamente ligada à logística. A ausência de capacidade adequada impede o produtor de obter preços mais vantajosos. Em suma, ampliar a capacidade de armazenagem nas propriedades rurais é o principal desafio. A falta de espaço força o produtor a vender rapidamente, muitas vezes a preços menos favoráveis”, admitiu o secretário.

Siga o Agro Estadão no WhatsApp, Instagram, Facebook, X, Telegram ou assine nossa Newsletter

PUBLICIDADE

Notícias Relacionadas

Maior fazenda de café arábica do mundo tem área maior que 5 mil maracanãs; veja onde fica

Agricultura

Maior fazenda de café arábica do mundo tem área maior que 5 mil maracanãs; veja onde fica

Com investimentos de R$ 1,05 bilhão, propriedade de 5,5 mil hectares poderá alcançar uma produção de 2,6 milhões de sacas de café

Plantio de soja atinge 71% da área no Brasil

Agricultura

Plantio de soja atinge 71% da área no Brasil

Chuvas seguem irregulares no Centro-Oeste e Matopiba; milho avança em São Paulo e Minas Gerais

Safra de trigo avança no RS, mas baixa rentabilidade preocupa

Agricultura

Safra de trigo avança no RS, mas baixa rentabilidade preocupa

Com preços desanimadores e custos altos, FecoAgro/RS alerta para possível redução de área cultivada com o cereal em 2026

Aprenda a fazer uma horta circular

Agricultura

Aprenda a fazer uma horta circular

A horta circular é uma solução que combina sustentabilidade, eficiência e produtividade para ter alimentos frescos em casa

PUBLICIDADE

Agricultura

Conab mantém estável projeção para safra de grãos 2025/2026

Estimativa é de que Brasil colha 354,8 milhões de toneladas; confira as previsões de safra por cultura

Agricultura

MS: com o fim do vazio sanitário, produtores iniciam plantio do algodão

Estado tem 31 mil hectares cadastrados e exige manejo integrado, destruição de soqueira e regularização eletrônica das áreas

Agricultura

Portaria atualiza lista de pragas quarentenárias presentes no Brasil

Município do Pará foi incluído como área de ocorrência para praga da mandioca e o Estado de Rio Grande do Sul para a cultura da videira

Agricultura

Você sabia que nem toda flor tem perfume?

Nem toda flor tem perfume! Essa ausência revela fascinantes adaptações evolutivas para atrair polinizadores sem depender do aroma

Logo Agro Estadão
Bom Dia Agro
X
Carregando...

Seu e-mail foi cadastrado!

Agora complete as informações para personalizar sua newsletter e recebê-la também em seu Whatsapp

Sua função
Tipo de cultura

Bem-vindo (a) ao Bom dia, Agro!

Tudo certo. Estamos preparados para oferecer uma experiência ainda mais personalizada e relevante para você.

Mantenha-se conectado!

Fique atento ao seu e-mail e Whatsapp para atualizações. Estamos ansiosos para ser parte do seu dia a dia no campo!

Enviamos um e-mail de boas-vindas para você! Se não o encontrar na sua caixa de entrada, por favor, verifique a pasta de Spam (lixo eletrônico) e marque a mensagem como ‘Não é spam” para garantir que você receberá os próximos e-mails corretamente.