Agricultura
Apesar da La Niña, América do Sul deverá ter safra recorde de soja
Após perdas consecutivas, é esperado que o RS recupere a produtividade, o que deve contribuir para o recorde de 178,7 milhões de toneladas no Brasil

Redação Agro Estadão
15/10/2025 - 17:53

As perspectivas para a safra de soja 2025/26 na América do Sul seguem otimistas, especialmente no Brasil. Projeção da StoneX divulgada nesta quarta-feira, 15, aponta para uma produção em 178,7 milhões de toneladas, sustentada pelo crescimento da área plantada, que deve chegar a 48,3 milhões de hectares.
Esse avanço é impulsionado pela recuperação esperada da produtividade no Rio Grande do Sul. Nos últimos anos, o Estado sofreu com perdas consecutivas em decorrência de questões climáticas.
Inclusive, o clima segue no radar. “O retorno das chuvas é monitorado pelo mercado, mas o plantio está mais adiantado que no ano passado. De qualquer forma, eventuais atrasos iniciais nas operações de plantio não significam necessariamente menor produtividade para as lavouras de soja, com as projeções permanecendo firmes para os cultivos de segunda safra, como milho e algodão”, destaca o relatório assinado pela analista da StoneX Ana Lodi.
La Niña sendo monitorado
A confirmação do fenômeno La Ninã traz atenção ao desenvolvimento da safra no sul da América do Sul. Entretanto, a StoneX ressalta que o fenômeno deve ser mais curto e de fraca intensidade, sendo preciso acompanhar quais serão os volumes de chuva e possíveis resultados adversos sobre as lavouras.
Para a consultoria, a presença da La Niña não significa necessariamente que ocorrerão perdas de safra no Brasil, uma vez que a queda dos volumes de precipitação pode não ser tão intensa. Além disso, as temperaturas também são importantes, pois uma das consequências do fenômeno é um clima mais ameno, podendo reduzir o impacto negativo de menor umidade. “Cabe ressaltar que outras regiões brasileiras podem registrar chuvas mais abundantes”, pondera.
Nesse sentido, de disparidade climática, a safra do Rio Grande do Sul, que também começa mais tarde, deve ser seguida de perto, após anos seguidos de perdas devido a questões meteorológicas, assim como outras regiões localizadas mais ao sul do país. Na Argentina, no Uruguai e no Paraguai, a possibilidade de um clima mais seco também preocupa os produtores, considerando algumas previsões mais longas indicando menos chuvas.
Demanda
Além da estimativa recorde de produção, a consultoria indica ainda exportações brasileiras de soja históricas em 2025: projetadas em 107 milhões de toneladas.
Puxando essa demanda, está a China, que segue em impasse comercial com os Estados Unidos, fator que tem sido o ponto central de incerteza no mercado, “além de ser o principal motor de volatilidade e oportunidade no próximo trimestre para o setor de oleaginosas e grãos”, alerta a StoneX.
Enquanto os chineses não compraram nenhuma soja norte-americana da safra 2025/26, eles têm buscado se abastecer da soja dos países da América do Sul. “As perspectivas para a safra do hemisfério sul se mantêm positivas e, caso um novo recorde se confirme no Brasil, as chances são de manutenção de um balanço mundial de oferta e demanda sem maiores restrições”, sinaliza o documento. “A demanda, por outro lado, continua avançando, tendendo a apresentar crescimento mais previsível, não havendo atualmente nenhum país que puxe o consumo global aceleradamente como a China fez durante seus anos de crescimento acelerado”, acrescenta.

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