PUBLICIDADE
Oferecimento:

Tudo sobre AgroSP

Setor de leites vegetais quer diálogo com governo de SP por imposto menor

Segundo associação que representa empresas do segmento, reajuste na carga tributária encarece produtos e compromete a competitividade

Nome Colunistas

Igor Savenhago | Ribeirão Preto (SP)

06/06/2025 - 13:42

Para associação, imposto menor tornaria produtos mais acessíveis à população - Foto: Nude/Divulgação
Para associação, imposto menor tornaria produtos mais acessíveis à população - Foto: Nude/Divulgação

O setor de leites vegetais quer dialogar com o governo paulista visando diminuir o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). A atual carga, de 18%, tem provocado perda de competitividade, segundo representantes da cadeia produtiva. Alguns fabricantes cogitam até deixar o estado.

O governo de SP, por meio da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (SAA), afirma que concede benefícios de ICMS aos itens de primeira necessidade alimentar e que mantém diálogo permanente com a agropecuária para preservar a competitividade da produção.

Segundo Alex Appel, presidente da Associação Base Planta, que representa empresas do ramo, e também cofundador da Nude, uma das indústrias que fazem parte da associação, o Estado de São Paulo é responsável por envasar metade de todos os leites vegetais produzidos no Brasil. No caso do leite de aveia, especialidade da Nude, o índice é de 100%.

Ele explica que, de 2021 a 2024, o leite de aveia teve incentivo fiscal. Nesse período, o ICMS foi reduzido de 18% para 7%, mas, a partir de 1º de janeiro deste ano, como o benefício não foi renovado, voltou ao patamar anterior. “Quando houve a redução, esse tipo de leite, que tinha de 2% a 3% do mercado de leites vegetais, passou para 20%”, afirma. “Em quase cinco anos, criamos uma empresa sólida, com mais de 100% de crescimento ao ano desde 2021. Agora, com o aumento de impostos, temos que vender R$ 1,5 milhão a mais por mês para empatar com o ano passado”, complementa Appel.

Ele afirma que, se o cenário se mantiver, cogita mudar a sede da empresa, localizada na capital paulista, para outro estado.

PUBLICIDADE

Preços mais altos e dificuldades de crescimento

Já outros tipos de leite, como de castanhas e de soja, não tiveram redução de ICMS, diferentemente do de aveia. O resultado disso, segundo a associação, é um preço sempre mais alto nas prateleiras dos supermercados em comparação com o leite de vaca. “Somando todos os tributos, a carga para os leites vegetais é de 40%, enquanto, para o de vaca, é zero. Isso faz com que a diferença de preços de um tipo para o outro seja de 200% a 300%”, declara Appel.

Com isso, uma das dificuldades é que o mercado cresça. Atualmente, os leites vegetais movimentam, segundo a Base Planta, R$ 600 milhões por ano no Brasil, o que representa 2% do faturamento da pecuária leiteira – de cerca de R$ 30 bilhões. Na Europa, o índice chega a 10% e, nos Estados Unidos, a 20%. “Isso indica que o mercado brasileiro tem muito potencial para crescer, mas os impostos limitam essa expansão”, acredita Appel.

Para Alex Appel, setor de leites vegetais apresenta potencial de crescimento – Foto: Nude/Divulgação

Juliana Bechara, representante institucional da Associação Base Planta, considera que o ICMS alto quebra uma equação que funciona bem para o estado. “Estávamos crescendo de 20% a 25% ao ano. São Paulo atraía investimentos, ganhava arrecadação, empregos e fortalecia uma indústria moderna, com alto valor agregado. Agora, perdemos competitividade, o consumidor perde acesso e o estado, arrecadação”, diz.

Para Álvaro Gazolla, fundador da Vida Veg, o imposto é a maior barreira do setor: “O consumidor acredita que o problema da bebida vegetal ser mais cara é lucro da indústria ou do varejo, mas o que mais pesa é o imposto. Com o incentivo, o consumidor passou a escolher por vontade própria. Hoje, a barreira é o bolso”, salienta.

Felipe Carvalho, cofundador da Positive Company — dona da marca A Tal da Castanha — concorda. Ele aponta que a carga tributária afeta diretamente a competitividade: “Mesmo com custos próximos ao leite de vaca, nosso produto chega à prateleira custando três ou quatro vezes mais”.

PUBLICIDADE

Abertos à conversa

Para a associação, o caminho, diante deste cenário, é a reconstrução de pontes. A Base Planta defende tratamento igual entre as bebidas vegetais e animais, e reforça a importância de retomada do benefício que vinha dando resultados.

“São Paulo se colocava como referência em inovação, saúde e sustentabilidade. Ainda dá tempo de alinhar discurso e prática. Estamos prontos para contribuir com soluções. (…) Nossa disposição é total para discutir formas de preservar empregos, investimentos e o direito de escolha da população. Estamos abertos à conversa com o governo”, destaca a associação, em nota.  

Governo explica revisão do imposto

O governo paulista explica, também em nota, por meio da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA), que todos os benefícios tributários foram revistos em 2024, em acordo com o plano “São Paulo na Direção Certa”. E que o objetivo dessa revisão foi garantir a manutenção daqueles que promovam resultados como geração de empregos, aumento de investimentos e desenvolvimento de setores estratégicos. “Essa abordagem visa eliminar benefícios obsoletos ou ineficazes, garantindo que os recursos sejam aplicados em áreas que efetivamente contribuam para o progresso econômico e social”, informa a nota.

Segundo a SAA, a revisão envolveu um total de 263 benefícios, dos quais 84 foram extintos e 17 ajustados. Com isso, a estimativa é de R$ 10 bilhões a mais de receita por ano, recursos que, segundo o Estado, passaram a ser alocados no atendimento de políticas públicas centradas, especialmente, em investimentos de alto retorno social.

“Vale ressaltar que o Estado de São Paulo concede benefícios de ICMS aos itens de primeira necessidade alimentar, dado que se estende até o consumidor final para diversos alimentos: arroz, feijão, farinha de mandioca, farinha de trigo, pão francês, massas, biscoitos, bolachas, todos os produtos hortifrutigranjeiros (ovo incluído) e leite (cru ou pasteurizado) são isentos ou a carga é zero”.

A secretaria conclui a nota dizendo que o compromisso de preservar a competitividade da agropecuária paulista é mantido por meio do diálogo permanente com as cadeias produtivas.

Siga o Agro Estadão no WhatsApp, Instagram, Facebook, X, Telegram ou assine nossa Newsletter

PUBLICIDADE

Notícias Relacionadas

SP: produtores têm até 15 de julho para enviar relatório de cancro/greening

Tudo sobre AgroSP

SP: produtores têm até 15 de julho para enviar relatório de cancro/greening

Relatório semestral é obrigatório para todos os citricultores, independente da idade das plantas

Produtos hidrolisados a partir de resíduos ganham espaço na indústria paulista

Tudo sobre AgroSP

Produtos hidrolisados a partir de resíduos ganham espaço na indústria paulista

Novidades incluem alimento obtido da mucosa intestinal e de cartilagem bovinas, além de fertilizante feito com descarte do processamento de tilápias

Associação rejeita substitutivo e quer retirada de projeto sobre carreira de pesquisador

Tudo sobre AgroSP

Associação rejeita substitutivo e quer retirada de projeto sobre carreira de pesquisador

APqC afirma que novo texto apresentado pelo governo praticamente não altera a primeira versão enviada à Alesp

Álcool com odor de rosas vira pesticida natural que preserva anfíbios

Tudo sobre AgroSP

Álcool com odor de rosas vira pesticida natural que preserva anfíbios

Nanopartícula com geraniol evita que sapos e rãs sofram efeitos dos defensivos químicos que chegam aos cursos d’água

PUBLICIDADE

Tudo sobre AgroSP

Governo de SP fecha acordo internacional para implantar políticas para biogás

Parceria com a World Biogas Association (WBA) será anunciada oficialmente nesta quinta-feira, 5, Dia Mundial do Meio Ambiente

Tudo sobre AgroSP

Amendoim ganha espaço nas lavouras brasileiras

São Paulo concentra 84% da produção nacional, segundo relatório do Itaú BBA, e se destaca também nas exportações, de grãos e de óleo

Tudo sobre AgroSP

Cresce pressão contra projeto que muda carreira de pesquisador em SP

Categoria pressiona governo paulista e pede que projeto de lei encaminhado à Alesp em regime de urgência seja retirado

Tudo sobre AgroSP

SP: mais da metade dos solos tem saúde considerada baixa

Índice foi apurado no primeiro mapa de saúde do solo da América Latina e Caribe, da Esalq; Fapesp apoia centro de desenvolvimento para estimular práticas sustentáveis

Logo Agro Estadão
Bom Dia Agro
X
Carregando...

Seu e-mail foi cadastrado!

Agora complete as informações para personalizar sua newsletter e recebê-la também em seu Whatsapp

Sua função
Tipo de cultura

Bem-vindo (a) ao Bom dia, Agro!

Tudo certo. Estamos preparados para oferecer uma experiência ainda mais personalizada e relevante para você.

Mantenha-se conectado!

Fique atento ao seu e-mail e Whatsapp para atualizações. Estamos ansiosos para ser parte do seu dia a dia no campo!

Enviamos um e-mail de boas-vindas para você! Se não o encontrar na sua caixa de entrada, por favor, verifique a pasta de Spam (lixo eletrônico) e marque a mensagem como ‘Não é spam” para garantir que você receberá os próximos e-mails corretamente.