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Concurso e parceria ajudam a promover cadeia produtiva da cachaça paulista
Estado é o maior produtor nacional da bebida, com quase metade do volume fabricado no país, que está em 226 milhões de litros

Igor Savenhago | Ribeirão Preto
09/12/2024 - 09:52

Maior produtor de cachaça do país, o Estado de São Paulo tem mais de 400 alambiques, que geram 45% do volume total brasileiro. Em 2023, conforme o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), foram fabricados, em todo o território nacional, 226 milhões de litros.
Com o objetivo de promover a cachaça paulista, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento de SP assinou um protocolo de intenções com a Wine Trade Fair e a Cachaça Trade Fair, eventos voltados a bebidas adultas, que terão, em 2025, sua nona edição. A intenção é, pelos próximos 12 meses, compartilhar conhecimentos e promover trabalhos conjuntos para o desenvolvimento das cadeias produtivas.
A produção de vinho também foi contemplada, entre outros motivos, por causa da sua expansão. Em 2023, foi registrado um crescimento de 800% no número de videiras destinadas à vitivinicultura e a formação de, pelo menos, 40 vinícolas de alta qualidade no estado. Com isso, São Paulo já representa mais de 11% dos empregos do país na área de fabricação de vinhos..
Cachaças premiadas
Na última semana, foram premiadas as melhores cachaças produzidas no estado, no 1º Concurso Estadual de Qualidade da Cachaça Paulista. Ao todo, 78 rótulos foram reconhecidos, em três categorias: envelhecida, armazenada e branca. Dessas, 51 foram certificadas com a qualidade ouro, 23 com a prata e quatro com a bronze.
A expectativa do secretário da Agricultura, Guilherme Piai, é que a valorização das melhores cachaças contribua para a abertura de mercados. “Estamos dando mais um passo para que a tradicional bebida paulista, de grande valor histórico e cultural, produzida cada vez com maior qualidade, seja reconhecida, nacional e internacionalmente”.
O concurso recebeu uma ampla gama de aromas e sabores, que incluíram notas de frutas tropicais, baunilha, mel, especiarias, nuances de couro e tabaco, que dependem do tempo de envelhecimento e do tipo de madeira utilizada. O time de jurados, composto por representantes da secretaria, especialistas e apreciadores de cachaça, avaliaram o equilíbrio entre doçura, acidez e amargor, de forma a garantir um sabor suave e agradável.
Da cana à cachaça: cuidados no processo
A Cachaça Toca da Coruja, produzida entre São Miguel Arcanjo (SP) e Capão Bonito (SP), foi uma das vencedoras. Conquistou um ouro e uma prata. A propriedade que produz a bebida é administrada por Thiago Almeida Peraro Mochiutti e pelo pai, Jurandir – que adquiriu o sítio em 1988 e montou o alambique em 2007.
A cachaça é envelhecida em quatro tipos de madeira – amburana, jequitibá, bálsamo e carvalho, além da versão em barril de inox. Pai e filho disponibilizam ao mercado entre 8 mil e 20 mil litros por ano, o que depende das condições da cana. Para os próximos anos, a meta é estabilizar a produção em 30 mil litros.

Segundo o empresário, os fatores que explicam a premiação estão ligados, sobretudo, aos cuidados com todas as etapas do processo – da escolha da cana à obtenção de notas sensoriais na bebida. “Preocupação com sanidade, higiene, com todo o aproveitamento do espaço local, o terroir. É isso que faz a nossa cachaça e que traz pontos interessantes para se valorize, cada vez mais, todo o setor da cachaça”, afirma Mochiutti.
Na visão dele, o trabalho que os produtores têm feito é fundamental para a elevação de patamar da bebida – antes, um produto marginalizado e, agora, bastante requisitado e capaz de fazer frente a outros destilados pelo mundo. “O Brasil, diferente de outros países, consegue ter inúmeras madeiras, todas elas de solo brasileiro, que trazem aromas, cores e sensações magníficas”, completa.
Este é o primeiro ano em que a Toca da Coruja participa de premiações. Além do concurso paulista, conquistou medalhas no Mundial de Bruxelas, na Bélgica, e na Expocachaça, aqui no Brasil.
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