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Faesp defende R$ 600 bilhões para Plano Safra e que ele deixe de ser anual
Federação pede, também, R$ 4 bilhões para equalização de juros e afirma que período ideal para divulgação do plano seria de 5 ou 10 anos

Igor Savenhago | Ribeirão Preto (SP)
12/05/2025 - 08:00

A Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp) defende que o Plano Safra do Governo Federal para o ciclo 2025/26 seja de R$ 600 bilhões – contra R$ 400 bilhões liberados na temporada anterior.
De acordo com o presidente da entidade, Tirso Meirelles, o valor pedido, apesar de não representar nem metade do que a agropecuária brasileira exige, atenderia, pelo menos, uma parte das demandas dos agricultores brasileiros, principalmente dos médios e pequenos.
“Hoje, todo o financiamento necessário para a agricultura é R$ 1,35 trilhão. O que a gente pede são recursos vocacionados para os pequenos e médios produtores, já que os grandes têm sua autodefesa no processo como um todo. Temos o desafio de levar todas as inovações tecnológicas, de irrigação, de 5G, para que haja condições de melhorarmos ainda mais a nossa competitividade. Já fazemos duas safras por ano e podemos chegar a três”, afirma Meirelles.
Entre as reivindicações, está a de que o Plano Safra não seja anunciado tão próximo ao período de plantio, o que dificulta o planejamento dos agricultores. “Além disso, o plano, em 2024, não veio como falamos. Veio sem seguro, com a equalização pequena. Enfim, o dinheiro não chegou ao produtor rural”, diz.
Em visita à Agrishow, maior feira de tecnologia agrícola da América Latina, realizada em Ribeirão Preto (SP), de 28 de abril a 2 de maio, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, afirmou que a divulgação do plano será em junho. Na abertura do evento, o vice-Presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, havia dito que levaria as reivindicações do setor ao governo.

Juros
Além dos R$ 600 bilhões, a Faesp, junto com outras entidades do setor, pede mais R$ 4 bilhões para equalização dos juros – na semana passada, o Banco Central elevou a taxa básica (Selic) para 14,75%, o maior patamar em quase 20 anos. “Quando você compra uma máquina, você tem um retorno desse investimento na propriedade em quatro a cinco anos. Agora, imagina com uma taxa de juros dessa. Você acaba pagando o maquinário duas vezes”, declara Meirelles.
Diante disso, ele lembra que existe uma campanha, liderada pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e apoiada pelas federações estaduais, para que o Plano Safra deixe de ser anual e passe a ser implementado a cada cinco ou dez anos, para que haja previsibilidade aos investimentos.
“Nós temos feito um trabalho muito grande neste sentido. E o governo precisa entender que é o agro que traz a consolidação da nossa balança comercial. Por outro lado, apesar de tudo o que nós fazemos, representamos apenas 1,5% do mercado internacional. Uma das necessidades, portanto, é agregar valor às nossas agroindústrias”, diz o presidente da Faesp.
Armazenagem e incêndios
Meirelles também cobra, do governo, maior atenção a políticas de estocagem para os produtos agrícolas. Levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aponta que o país tem condições de armazenar 210,1 milhões de toneladas de grãos – o que, para a safra 2024/25, corresponde a 63% do total previsto para ser colhido (330 milhões de toneladas).
“A falta de armazéns impede o produtor de agregar valor. Precisamos ter políticas públicas de longo prazo, para que a gente possa ter a sustentabilidade e a tecnologia envolvidas. Com isso, ele teria condições de saber quanto vai investir, quanto vai estocar e quando vai vender sua produção”, declara Meirelles.
O presidente da federação afirma, também, estar preocupado com a segurança jurídica no campo. Ele critica a determinação do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), no final de abril, de que áreas atingidas por incêndios criminosos e desmatamentos ilegais sejam desapropriadas e destinadas à reforma agrária, caso seja comprovada a responsabilidade do proprietário.
“Isso é um absurdo. Como é que você vai descobrir se é criminoso ou não na análise do ministro? Vai incentivar as pessoas a jogar fogo, falar que é criminoso para invadir. Isso traz uma instabilidade tremenda para o país. Insegurança jurídica novamente. Precisamos de paz para produzir”, conclui.

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