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Sustentabilidade

Sicredi estima crescimento da carteira verde em 10% neste ano

Crédito para projetos relacionados à sustentabilidade tem chegado ao Norte do país, mas enfrenta dificuldades de acesso

Nome Colunistas

Daumildo Júnior* | Belém (PA) | daumildo.junior@estadao.com

04/09/2025 - 11:24

Falta de comprovação do cumprimento de critérios socioambientais impede o acesso ao crédito. | Foto: Daumildo Júnior
Falta de comprovação do cumprimento de critérios socioambientais impede o acesso ao crédito. | Foto: Daumildo Júnior

O Sicredi deve expandir a sua carteira de crédito para economia verde até o final do ano. Segundo a instituição, a intenção é ter um incremento de pelo menos 10%, podendo superar a casa dos R$ 63,4 bilhões em financiamentos voltados para a sustentabilidade.  

Dados compilados até o segundo semestre deste ano mostram que o banco tem cerca de R$ 57,8 bilhões nessa carteira. Isso representa 21,57% da carteira geral de crédito da instituição. Cerca de R$ 1,1 bilhão vieram de captações com outras instituições financeiras através de empréstimos com foco no ESG ou via emissões de títulos sustentáveis.

Outro aspecto da carteira é o direcionamento em atividades ligadas à agropecuária. Aproximadamente 62% do valor total da carteira tem essa finalidade. A produção da agricultura familiar é o segmento com mais valor emprestado, correspondendo a cerca de 30,5% de toda a carteira (veja abaixo).

Carteira de economia verde Sicredi

Categoria20212022202320242025*
Produção Rural FamiliarR$ 10,052 biR$ 12,560 biR$ 14,395 biR$ 17,322 biR$ 17,670 bi
Mulheres EmpreendedorasR$ 5,149 biR$ 6,461 biR$ 7,825 biR$ 9,282 biR$ 9,721 bi
Agricultura de Baixo CarbonoR$ 6,164 biR$ 7,795 biR$ 8,378 biR$ 8,585 biR$ 7,683 bi
Energia RenovávelR$ 4,573 biR$ 6,137 biR$ 5,823 biR$ 5,281 biR$ 4,786 bi
Mulheres do AgroR$ 2,889 biR$ 3,777 biR$ 5,897 biR$ 6,618 biR$ 6,728 bi
OutrosR$ 6,379 biR$ 7,281 biR$ 8,695 bi10.549R$ 11,250 bi
TOTALR$ 35,206 biR$ 44,011 biR$ 51,013 biR$ 57,637 biR$ 57,838 bi

Fonte: Sicredi*Até o 2º trimestre de 2025

Desafio no Norte ainda passa por formalização

A mais de 700 quilômetros de Belém (PA), a cooperativa Turiarte, tenta uma forma de se financiar para conseguir ganhar escala e melhorar as vendas de artesanato. A cooperativa conta com cooperados de 12 comunidades ribeirinhas e indígenas da Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns e precisa de R$ 30 mil para capital de giro e estruturar uma loja física em Alter do Chão, distrito de Santarém (PA), que serviria de ponto de apoio. 

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Empresas ou mesmo pessoas que precisam de valores relativamente baixos para empreender ou impulsionar a atividade é uma realidade não difícil de encontrar na região Norte do país. Porém, o acesso ao crédito por lá ainda segue baixo, mesmo para atividades que se relacionam com carteiras sustentáveis das instituições financeiras. 

No caso do Sicredi, o desembolso dos dinheiro verde foi de R$ 7,4 bilhões, o que significa 16,31% da carteira de economia verde do ano de 2024. O superintendente da Tesouraria do Sicredi, Pedro Lutz Ramos, reconhece o problema e atribui a falta de formalização com uma barreira para o acesso. 

“Essa talvez seja uma das maiores dificuldades do setor bancário de conseguir penetrar. O setor bancário é altamente regulado, enfim, existem as razões dessas regulações e que criam obrigações com as instituições financeiras junto aos reguladores e que tornam mais complexas levar crédito. Às vezes não tem CNPJ, não tem uma área declarada e na Amazônia a preocupação é muito maior do que, talvez, em outras áreas do Brasil pela importância. Então muitas vezes a informalidade torna essa levada de recursos mais complexa”, destacou Ramos a jornalistas que visitaram a sede do Sicredi em Belém (PA). 

Outros pontos que impedem a fluidez na tomada desses recursos é a comprovação do uso de forma sustentável, a demonstração do cumprimento de critérios socioambientais, além da regulamentação fundiária, citada pelo superintendente. Do ponto de vista das instituições financeiras isso é entendido como risco, ou seja, falta segurança para a liberação.  

No caso da Turiarte, a cooperativa está buscando aquele valor sem a necessidade de haver um retorno, o chamado empréstimo a fundo perdido. O motivo é o medo de contrair uma dívida que não seja possível pagar por falta de receita, devido as incertezas na hora de vender os produtos.

“A cooperativa ainda não foi atrás de outras instituições, porque a gente tem esse receio de não ter como pagar depois, até porque a gente vive num mercado que não é muito flexível para gente. A gente que é da Amazônia tem vários desafios, principalmente de transporte, logística, é muito cara, e de acesso a outros mercados também”, explicou o presidente da Turiarte, Natalia Dias.

*Jornalista viajou a convite do Sistema OCB

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