Sustentabilidade
Com práticas regenerativas, experimento aumenta produtividade de café em 14% e reduz pegada de carbono em 22%
Parceria da Yara com a italiana illycaffè testou solução tecnológica em nove fazendas de Minas Gerais
Fernanda Farias | Porto Alegre | fernanda.farias@estadao.com
30/11/2024 - 08:00
A solução testada em nove fazendas de café de Minas Gerais foi uma parceria da Yara com a empresa italiana illycaffè. Para isso, foram usadas técnicas de agricultura regenerativa – como plantas de coberturas – aliadas ao programa nutricional com fertilizantes de pegada de carbono reduzida.
“A illycaffè queria melhorar o indicadores de sustentabilidade na cafeicultura sem que isso gerasse um impacto negativo na qualidade e sem que isso gerasse um papel negativo em rentabilidade para o produtor”, explica ao Agro Estadão o gerente de Food Chain da Yara Brasil, Marcelo Gobitta.
Para o experimento, foram selecionadas sete fazendas no Cerrado e duas no sul de Minas Gerais, em que foram avaliadas as safras de 2022/2023 e 2023/2024. Cada propriedade destinou cerca de 1 hectare para a lavoura demonstrativa.
“Nós comparamos o programa nutricional que o produtor já usava com o nosso programa em duas safras, porque a cafeicultura no Brasil tem a questão da bienalidade. A gente queria mostrar que, de fato, não era um impacto de um ano só, porque pode ser o ano de alta. A gente queria mostrar que o impacto era realmente no total”, conta o executivo.
Gobitta destaca quatro resultados importantes do estudo: aumento em produtividade, qualidade, rentabilidade e redução na pegada de carbono dos cafés produzidos.
Redução da pegada de carbono – As lavouras que usaram a solução reduziram a pegada de carbono em 22%, além de apresentarem melhoria importante na qualidade do solo. O cálculo da pegada de carbono foi feito com a ferramenta Cool Farm Tool, e compara os insumos utilizados entre os tratamentos e os resultados de produtividade.
Aumento da produtividade em 14% – Segundo Gobitta, o aumento de produtividade aconteceu em lavouras que apresentam excelentes resultados. “A média dos produtores nesses 2 anos foi de 48 sacas (no manejo deles), o que já é bem acima da média nacional, que hoje varia entre 30 e 35 sacas por hectare. Nós entregamos 55 sacas”, conta o executivo.
Qualidade dos cafés e rentabilidade – O diretor da Yara afirma que os cafés produzidos com a solução nutricional aumentaram três pontos na avaliação de qualidade. As notas partiram de 84 pontos para 87 pontos. “Então com aumento de produtividade e de qualidade, a gente conseguiu entregar também um aumento de rentabilidade para o produtor de mais de R$ 6 mil por hectare”, conta Gobitta.
O diretor da Yara lembra que a agricultura responde por aproximadamente 20% das emissões globais de gases de efeito estufa e, dessa parcela, a produção e o uso de fertilizantes correspondem a 11%.
“As análises produzidas junto a illycaffè revelam o potencial significativo do fertilizante para colaborar com a descarbonização, não apenas ao reduzir as emissões, mas ao trabalhar todo o potencial do solo, que é a grande base para uma agricultura regenerativa. Em outras palavras, o insumo é determinante para o futuro de uma agricultura mais limpa”, completa.
Agora, a ideia é ampliar o número de produtores de café atendidos pela solução. Por isso, o modelo de aplicação está sendo discutido com a marca italiana.
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