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Pecuária

Suplementação em cordeiros dobra produtividade e reduz emissões de metano

Segundo estudo da UFSM, ovinos suplementados tiveram até 96% mais ganho de peso em relação aos que estavam em pastejo exclusivo de gramíneas

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Paloma Santos | Brasília | paloma.santos@estadao.com

06/12/2025 - 05:00

Experimentos foram feitos em cordeiros da raça Texel. Foto: Adobe Stock
Experimentos foram feitos em cordeiros da raça Texel. Foto: Adobe Stock

Um estudo feito pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), em parceria com a Mig-Plus, mostrou que suplementar a alimentação de cordeiros no inverno pode elevar significativamente a produtividade. O experimento aumentou o peso dos animais e a produção de carcaça, e reduziu a emissão de metano (CH₄) — um dos gases do efeito estufa — por quilo de carne.

O estudo avaliou cordeiros da raça Texel, com 10 meses de idade inicial, durante 146 dias em três sistemas de pastejo: apenas gramíneas (azevém sobressemeado em Tifton 85), gramíneas associadas a leguminosas e gramíneas com suplementação (ração), fornecida diariamente em quantidade equivalente a 1% do peso corporal dos animais.

CONTEÚDO PATROCINADO

Os resultados da suplementação foram significativos. Em comparação ao sistema apenas com azevém, o ganho de peso por hectare foi 96% maior. Em relação ao consórcio com leguminosas, o aumento chegou a 56,2%. A produção de carcaça também apresentou diferença: ficou 124% acima do azevém exclusivo e 67,9% do sistema com leguminosas

Em termos ambientais, a emissão de metano por quilo de carcaça caiu 67,1% no sistema suplementado. “A redução na intensidade das emissões mostra como estratégias nutricionais podem tornar os sistemas de produção mais eficientes e reforçar o papel da pecuária como aliada na mitigação dos gases de efeito estufa”, explicou a coordenadora do estudo, professora Luciana Pötter.

Rentabilidade

O retorno econômico não foi objeto de análise, mas, para a especialista, o estudo indica a possibilidade de ganhos econômicos significativos. “Quando o trabalho terminou, os resultados já eram positivos. Agora, com a valorização da carne, eles se tornaram ainda mais favoráveis ao produtor”, avalia a professora.

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Ela destaca que o módulo experimental ocupou apenas 1,2 hectare, onde foram mantidos 24 cordeiros. A escala reduzida mostra que o sistema pode ser uma alternativa especialmente para pequenos produtores ou agricultores que desejam conciliar culturas como soja e milho com a criação de ovinos. “É uma forma de agregar renda na propriedade sem competir em área com outras atividades”, explica.

Orientações para iniciar a suplementação

Segundo Pötter, o primeiro passo para quem utiliza apenas pasto na alimentação é investir na subdivisão de áreas para melhorar a colheita de forragem pelos animais. É interessante que o uso de cerca elétrica e a garantia de acesso à água façam parte desse “pacote tecnológico”. “Ao subdividir grandes áreas em piquetes menores, o produtor consegue controlar melhor o tempo que os animais passam em cada espaço”, explica.

Já a suplementação requer dedicação: o trato é feito diariamente e, em propriedades maiores, pode demandar mecanização para facilitar a distribuição. Em contrapartida, possibilita maior lotação animal, ganho individual e aproveitamento mais eficiente do pasto, já que os cordeiros substituem parte da forragem pelo suplemento.

Perspectivas

O trabalho, conduzido pela doutoranda Dinah Rodrigues, da UFSM, teve duração de dois invernos e deve ser repetido. A equipe também planeja expandir as análises para o período de verão.

Pesquisas em bovinos também estão em andamento, testando suplementos e coprodutos agroindustriais com potencial de reduzir emissões — como bagaço de uva, farelo de arroz, polpa cítrica e farelo de mamona destoxificado. “Se nós conseguirmos produzir mais quilos de carne na mesma área, o Brasil se torna mais competitivo, atendendo à crescente demanda mundial por proteína animal”, conclui Luciana Pötter.

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