Inovação
Pesquisadores criam bandejas de amido e cúrcuma como alternativa ao isopor
Enquanto o isopor pode se fragmentar em microplásticos e ficar por séculos na natureza, material obtido na USP se degrada em até 31 dias
Redação Agro Estadão
08/09/2025 - 16:51

Um grupo de cientistas da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP em Ribeirão Preto (SP) desenvolveu protótipos de bandejas biodegradáveis capazes de substituir o isopor (poliestireno expandido – EPS), amplamente usado em embalagens alimentícias, mas que, por ser um derivado de petróleo, causa sérios impactos ambientais.
A inovação combina amido, um polímero biodegradável, com resíduo de cúrcuma, um subproduto vegetal. O amido permite a formação de uma espuma resistente, enquanto a cúrcuma melhora a consistência, aumenta a repelência à água e contribui para o isolamento térmico, sem prejuízos ambientais.
Segundo Guilherme José Aguilar, principal pesquisador do grupo, os protótipos apresentam vantagens significativas em relação ao isopor. “As bandejas são produzidas a partir de fontes renováveis, são totalmente biodegradáveis e se decompõem rapidamente no ambiente”. Ele alerta que, ao contrário, o isopor se fragmenta em microplásticos que podem permanecer por séculos na natureza, afetando ecossistemas e representando riscos à saúde humana.
Como foram produzidas
Sob orientação da professora Delia Rita Tapia Blácido, a equipe elaborou diferentes versões das bandejas, variando a proporção entre amido e cúrcuma: 100:0 (controle, apenas amido), 90:10, 80:20 e 70:30. A formulação incluiu ainda glicerol, goma guar, estearato de magnésio e água, moldados em uma termoprensa industrial.
Os protótipos foram submetidos a testes de resistência térmica, absorção de água e biodegradabilidade. Os resultados indicaram que a presença do resíduo de cúrcuma reduziu a absorção de líquidos e aumentou a resistência mecânica em comparação com o isopor. Apesar disso, os modelos não são recomendados para altas temperaturas, já que começam a deteriorar a partir de 250 °C.
“Essas bandejas são ideais para alimentos perecíveis e embalagens de fast food, que exigem proteção em temperatura ambiente ou refrigerada, mas não suportam calor intenso”, explica Aguilar, em nota.
Comparativo entre cúrcuma em pó e resíduo de cúrcuma:


Degradação acelerada
Um dos pontos de destaque do estudo foi a análise de biodegradabilidade. A decomposição das bandejas, quando enterradas em solo rico em matéria orgânica a 3 centímetros de profundidade, para simular condições do ambiente, levou até 31 dias, dependendo da proporção de cúrcuma utilizada. A versão feita apenas de amido desapareceu em 14 dias. Por outro lado, o isopor testado não apresentou qualquer alteração durante o mesmo período.
Perspectivas de mercado
Os resultados foram publicados no Journal of Cleaner Production e revelam forte potencial comercial para a tecnologia. A formulação considerada mais equilibrada foi a de 90:10, que combinou resistência mecânica, repelência à água e rápida degradação.
Apesar do otimismo, Aguilar explica que ainda são necessários novos testes em escala industrial e análises de viabilidade econômica para consolidar a aplicação no mercado. A equipe também pretende avaliar a segurança do material em contato direto com alimentos.
“Existe uma grande oportunidade para inserção no mercado, especialmente em setores que buscam soluções sustentáveis para embalagens descartáveis”, conclui o pesquisador.
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