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Microrganismos aceleram em até 34% o crescimento das mudas do abacaxi

Pesquisa da Embrapa traz resultados promissores para acelerar processo que tem duração de 6 meses

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Paloma Custódio | Brasília

25/11/2024 - 08:00

Foto: Embrapa Mandioca e Fruticultura/Divulgação
Foto: Embrapa Mandioca e Fruticultura/Divulgação

O uso de microrganismos do próprio microbioma do abacaxi pode acelerar em até 34% o tempo de aclimatização das mudas da planta. O resultado foi observado em um estudo da Embrapa, em conjunto com a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).

A pesquisadora da Embrapa Mandioca e Fruticultura (BA) Fernanda Vidigal, líder do projeto, explicou ao Agro Estadão como os microrganismos agem no processo de microbiolização: “Muitos desses microrganismos sintetizam substâncias que fazem bem para a planta, que fazem com que ela cresça e, em algumas situações, fazem com que a planta possa tolerar doenças que são importantes para a cultura”.

Os resultados trazem uma boa perspectiva para produtores, uma vez que o tempo de produção das mudas é um dos principais desafios da cultura, podendo levar de seis meses a um ano. “Quando você tira a planta do laboratório, é preciso adaptá-la no ambiente externo. Esse processo é muito longo e encarece o preço da muda. Enquanto para o abacaxi, a planta demora até seis meses para ser levada ao canteiro, a banana você tem isso em 50 dias”, explica a pesquisadora.

É exatamente esse tempo de adaptação do laboratório para o campo, ou seja, o período de aclimatização, que o uso de microrganismos do microbioma do abacaxi pode reduzir em até 34%. “Parece pouco, mas não é. Em uma escala de biofábrica, onde se fala de um milhão de mudas, dá para imaginar que o impacto é bem interessante”, avalia Fernanda Vidigal.

Outras etapas do cultivo

A líder do projeto antecipou ao Agro Estadão que os pesquisadores já estão testando e avaliando o uso desses microrganismos em outras etapas do cultivo. “Nós vamos tratar com o microrganismo lá no canteiro e depois no campo. Em etapa de canteiro, já temos alguns resultados. Não são conclusivos, mas são muito promissores. Estão mostrando que realmente confere um crescimento bem interessante às plantas e na parte de frutificação também”.

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Os estudos também estão avaliando a capacidade de resistência do abacaxizeiro a doenças como a murcha. “Então, o controle que se faz é um controle fitotécnico, cultural, não de melhoramento genético. E estamos percebendo que algumas plantas que foram tratadas com isolados apresentaram um resultado muito interessante. Não podemos falar em tolerância e resistência [ainda], mas a planta está bem”, avalia a pesquisadora.

Variedades BRS Imperial e Pérola

O estudo foi feito inicialmente com o abacaxi BRS Imperial — uma variedade desenvolvida pela Embrapa que apresenta resistência à fusariose — e com a cultivar Pérola, que é a mais consumida no Brasil e muito suscetível à fusariose. 

“Nós precisávamos, para o projeto, de uma variedade que fosse suscetível à fusariose, para sabermos como a planta ia se comportar sendo tratada com esses isolados. Assim como precisávamos do Imperial, que é resistente à fusariose, mas é altamente suscetível à murcha. Então, nós precisávamos ter essas duas variedades para testar as duas doenças mais importantes do cultivo”, esclarece Fernanda Vidigal.

A líder do projeto antecipou que os pesquisadores já estão testando os isolados em dois novos híbridos de abacaxi que serão lançados pela Embrapa: o BRS Sol Bahia e o BRS Diamante. 

“Todo esse projeto busca soluções aplicadas para atender, primeiramente, a demanda de falta de muda de qualidade para a cultura do abacaxi, mas também tenta atuar em outras etapas do cultivo. Se nós conseguirmos comprovar efetivamente que esses isolados ajudam na tolerância às principais doenças, vamos usar menos agrotóxico”, complementa.

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Próximos passos

A pesquisadora afirma que estão sendo desenvolvidos não apenas o produto, mas também o processo para que esses microrganismos sejam usados de forma segura e em larga escala.  

“Um líquido, um pó, um veículo que ainda não sabemos exatamente o que é. Como podemos desenvolver um processo para que uma biofábrica possa utilizar esse produto? Então estamos desenvolvendo o produto e o processo para que uma pessoa comum possa utilizar, sem risco para a saúde, para o entorno, para o meio ambiente”, detalhou a pesquisadora. A estimativa, segundo ela, é que esse aspecto da pesquisa ainda deve levar até dois anos para ser concluído e possivelmente lançado no mercado.

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