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Economia

Semeadura do arroz está em 30% no RS, apesar do clima e da falta de crédito 

Produtores rurais também alegam falta de crédito para compra de insumos; SOS Agro RS espera mais recursos na próxima semana

4 minutos de leitura 18/10/2024 - 07:35

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Fernanda Farias | Porto Alegre | fernanda.farias@estadao.com | Atualizada às 11h

Foto: Alessandro Saucedo/Irga
Foto: Alessandro Saucedo/Irga

O plantio de arroz no Rio Grande do Sul, principal produtor do cereal, está em 29,97%, o equivalente a 284,2 mil hectares, segundo o Irga (Instituto Riograndense de Arroz). A região mais avançada é a Fronteira Oeste, com 54% das lavouras instaladas (154 mil hectares dos 281,5 mil ha previstos), enquanto no sul do estado, o índice está em 4,68% (7,7 mil hectares dos 165,9 mil ha).

O gerente de extensão rural do Irga afirma que apesar da demora em entrar em campo, os agricultores não estão atrasados porque o período ainda é recomendável para a semeadura. “Ainda não caracterizo como um atraso, porque hoje a semeadura avança muito rápido se tiver piso [condição da máquina trafegar na lavoura]. Só caracterizaria atraso a partir de 10 de novembro e se tiver uma área muito grande para semear”, avalia Luiz Fernando Siqueira ao Agro Estadão.  

A produtividade média do arroz na última safra foi de 8.330 quilos por hectare, e Siqueira espera que o resultado seja próximo disso no atual ciclo. Além disso, existe a intenção de incremento de 5,3% na área, totalizando 948 mil hectares. A preocupação é conseguir concluir a semeadura ou chegar próximo dentro do prazo recomendado.

“Plantando até 10 de novembro ainda tem bastante potencial produtivo. A partir daí, provavelmente já comece a ter uma expectativa menor de produtividade”, complementa o especialista, lembrando que ainda há expectativa de um La Niña atuando nos meses fundamentais para a cultura, que são dezembro, janeiro e fevereiro.

“Final de dezembro é a fase reprodutiva das lavouras plantadas em outubro. A gente espera ter condições de estabilidade de temperatura, precipitação e luz. O histórico mostra que, em anos de La Niña, o arroz tem uma produtividade melhor, porque chove menos e tem mais luz solar”, comenta Siqueira, otimista.

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Dificuldade no acesso ao crédito preocupa Federarroz

O presidente da Federarroz, entidade que representa os produtores do cereal, diz que o atraso no acesso ao crédito preocupa, pois vai impactar diretamente na implantação da lavoura. Segundo Alexandre Velho, o produtor que conseguir semear a área a partir da segunda quinzena de novembro, “certamente não terá a mesma produtividade”.

“Esses produtores que tiveram problemas com acesso ao crédito realmente preocupa, porque temos uma falta de agilidade no processo com os bancos”, avalia Velho ao Agro Estadão. “Se fala em 10% a 15% de produtores com graves problemas, mas não existe um levantamento oficial”, diz o presidente.

Setor espera mais recursos da Fazenda para a próxima semana

O agricultor Juliano Rocha tem 160 hectares em Arroio Grande, na metade sul do estado. Ao Agro Estadão, ele conta que ainda precisa drenar a área antes do cultivo e a previsão de chuvas para a região na próxima semana só deve atrasar o processo. “No ano passado, começamos a plantar em 20 de outubro. A gente sabe que agora a produtividade será incerta”, diz Rocha.

lavoura de arroz
Área precisa ser drenada e limpa para a semeadura de arroz em Arroio Grande. Foto: Juliano Rocha/Arquivo Pessoal

Além disso, o produtor precisa acessar o crédito para a compra dos insumos. “O gerente do banco orientou esperar até a semana que vem, porque deve ter mais dinheiro”, conta Rocha.

Ele se refere à expectativa de incremento de recursos na linha do BNDES. Nesta semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reuniu com parlamentares e representantes do agro gaúcho para tratar do tema. Os senadores Luiz Carlos Heinze (PP-RS) e Tereza Cristina (PP-MS) participaram do encontro e intermediaram as negociações. 

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De acordo com o senador gaúcho, o ministro da Fazenda prometeu mais R$ 5 bilhões para a linha do BNDES, cujos recursos acabaram em minutos após a disponibilização. 

“Metade para investimento e metade para custeio. E propusemos ao ministro para que os R$ 5 bi sejam apenas para custeio, capital de giro, porque não precisa de investimento nesse momento”, explicou Heinze. “O ministro da Fazenda ficou de fazer um levantamento no Banco do Brasil, Sicredi, quanto de recurso precisa para essa liquidação de conta. Com urgência”, finalizou.

A coordenadora do movimento SOS Agro RS diz que saiu do encontro otimista. “O ministro Fernando Haddad confirmou que recursos não faltarão e que, na próxima segunda-feira, será aportado mais dinheiro na linha do BNDES”, contou Graziele Camargo ao Agro Estadão.

“Alertamos que logo ali na frente teremos um problema social além do problema econômico, pois os produtores que estão sem capacidade de pagamento necessário para captar recursos para realizar a nova safra 24/25 serão substituídos pelos produtores “grandes” não endividados. Alertamos que passamos pela maior tragédia do Brasil e que ainda temos a esperança de que a solução chegue para os produtores rurais do RS”, desabafou a produtora rural.

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