PUBLICIDADE

Economia

Parlamento aprova salvaguardas e acordo Mercosul-UE entra em fase decisiva

Após receber amplo apoio dos eurodeputados, acordo enfrentará resistência de França e Polônia no Conselho Europeu

Nome Colunistas

Redação Agro Estadão*

16/12/2025 - 13:02

Se confirmado, o acordo UE–Mercosul formará o maior tratado comercial do mundo, reunindo 718 milhões de consumidores. | Foto: Adobe Stock
Se confirmado, o acordo UE–Mercosul formará o maior tratado comercial do mundo, reunindo 718 milhões de consumidores. | Foto: Adobe Stock

O Parlamento Europeu aprovou nesta terça-feira, 16, a sua posição sobre as medidas de salvaguarda destinadas a proteger a agricultura europeia no âmbito do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul. O texto recebeu amplo apoio: 431 votos a favor, 161 contra e 70 abstenções. 

A votação consolidou uma etapa decisiva no processo legislativo que antecedeu a ratificação do tratado e confirmou alterações que vinham sendo discutidas. No início do mês, inclusive, a Comissão de Comércio Internacional do Parlamento (Inta) aprovou ajustes considerados centrais para garantir maior proteção aos produtores europeus. 

CONTEÚDO PATROCINADO

Entre os principais pontos, estão:

  • Redução do gatilho para a abertura de investigações: a Comissão Europeia deverá iniciar uma investigação sempre que as importações de produtos agrícolas sensíveis — como carne bovina e aves — crescerem, em média, 5% ao longo de três anos. Na proposta original da Comissão, o limite era de 10% ao ano;
  • Tempo de resposta: as investigações poderão ser conduzidas de forma mais rápida, passando de seis para três meses em geral e de quatro para dois meses no caso de produtos sensíveis, permitindo a adoção mais rápida de salvaguardas;
  • Mecanismo de reciprocidade: obriga a Comissão a agir sempre que houver indícios de que produtos importados não cumprem padrões equivalentes aos da UE em áreas como meio ambiente, bem-estar animal, saúde, segurança alimentar e proteção laboral. Em alguns casos, as salvaguardas poderão exigir que os países do Mercosul adotem normas de produção semelhantes às europeias.

Decisão estratégica

Para o relator permanente do Parlamento para o Mercosul, o eurodeputado espanhol Gabriel Mato (PPE), o resultado desta terça reflete um compromisso equilibrado. Segundo ele, as salvaguardas fortalecem a confiança no acordo e oferecem um quadro de aplicação mais fiável, ao mesmo tempo em que atendem às preocupações do setor agrícola europeu. 

Já o presidente da Comissão de Comércio Internacional, Bernd Lange (S&D, Alemanha), afirmou que a aprovação demonstra pragmatismo político. Ele defendeu ainda que, no atual contexto geopolítico, avançar com o acordo Mercosul-UE é uma decisão estratégica.

PUBLICIDADE

Mais uma etapa, entretanto, com barreiras

Com a posição do Parlamento definida, o processo avança para uma nova votação. Na quarta-feira, 17, começam as negociações com o Conselho da União Europeia sobre a versão final da legislação. 

Apesar do avanço no Parlamento, o caminho do acordo não está totalmente livre. França e Polônia seguem com sua posição de resistência ao acordo e tentam atrair a Itália para formar uma minoria de bloqueio no Conselho. 

Para barrar o tratado é necessário o apoio de pelo menos 15 dos 27 Estados-membros, representando 65% da população da UE. Ainda assim, diplomatas europeus avaliam que, mesmo com votos contrários de Paris e Varsóvia, não haveria números suficientes para impedir a aprovação. 

No entanto, o clima político tende a ficar mais tenso nos próximos dias. Protestos de agricultores e movimentos contrários ao acordo estão previstos para ocorrer em Bruxelas na próxima quinta-feira, em meio às discussões no Conselho. As manifestações refletem o temor de parte do setor agrícola europeu quanto ao aumento da concorrência com produtos do Mercosul.

Assinatura no Brasil

Caso a oposição não alcance seu objetivo e o Conselho Europeu dê sinal verde ao tratado, autoridades de alto escalão da União Europeia devem viajar ao Brasil para a assinatura formal do acordo. 

PUBLICIDADE

Nesse caso, devem desembarcar em território brasileiro: o presidente do Conselho Europeu, António Costa; a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen; e o comissário europeu de Comércio, Maros Sefcovic, que deverá assinar o documento em nome da UE. A assinatura é esperada para coincidir com a cúpula de chefes de Estado do Mercosul, marcada para o dia 20, em Foz do Iguaçu (PR).

Se confirmado, o acordo UE–Mercosul será o maior tratado comercial do mundo, reunindo um mercado de 718 milhões de pessoas e um PIB combinado de cerca de US$ 22 trilhões. O governo brasileiro classifica o pacto como estratégico, tanto do ponto de vista econômico quanto geopolítico, ao reforçar a diversificação das parcerias internacionais do país.

Atualmente, a União Europeia é o segundo principal parceiro comercial do Brasil, com uma corrente de comércio superior a US$ 92 bilhões por ano. 

*com informações do Broadcast Político

Siga o Agro Estadão no WhatsApp, Instagram, Facebook, X, Telegram ou assine nossa Newsletter

PUBLICIDADE

Notícias Relacionadas

Agro gaúcho em 2026: Farsul alerta para crise prolongada

Economia

Agro gaúcho em 2026: Farsul alerta para crise prolongada

Entidade aponta preocupação com desequilíbrio fiscal e alerta que produtores não podem depender do governo

Importação chinesa de soja em novembro aumenta 13,1%, para 8,11 milhões de t

Economia

Importação chinesa de soja em novembro aumenta 13,1%, para 8,11 milhões de t

Em valores, as compras da oleaginosa pela China somaram US$ 3,79 bilhões em novembro, 7,7% mais na comparação anual

Após Paraná, Goiás veta reidratação de leite em pó importado para consumo

Economia

Após Paraná, Goiás veta reidratação de leite em pó importado para consumo

Medida atende reivindicação da cadeia produtiva do leite e tenta conter impactos das importações de leite do Mercosul 

China define novas tarifas para carne suína da União Europeia

Economia

China define novas tarifas para carne suína da União Europeia

Novas taxas vão de 4,9% a 19,8% e substituem medidas temporárias mais altas, válidas desde setembro

PUBLICIDADE

Economia

Reforma tributária: o que o produtor rural precisa fazer antes de janeiro?

Entenda os ajustes imediatos necessários para evitar problemas com notas fiscais e créditos tributários em 2026

Economia

Castanha de baru, frutas processadas e arroz ganham acesso a novos mercados

União Euroasiática, Japão e Nicarágua autorizaram a entrada de produtos brasileiros

Economia

São Paulo lança Rotas da Cachaça para impulsionar turismo rural

Programa reúne 65 municípios e mira expansão de mercado para produtores paulistas

Economia

China bate novo recorde na produção de grãos e alcança 714,9 milhões de toneladas

Avanço de 1,2% sobre o ano anterior reforça estratégia chinesa de segurança alimentar e redução da dependência de importações

Logo Agro Estadão
Bom Dia Agro
X
Carregando...

Seu e-mail foi cadastrado!

Agora complete as informações para personalizar sua newsletter e recebê-la também em seu Whatsapp

Sua função
Tipo de cultura

Bem-vindo (a) ao Bom dia, Agro!

Tudo certo. Estamos preparados para oferecer uma experiência ainda mais personalizada e relevante para você.

Mantenha-se conectado!

Fique atento ao seu e-mail e Whatsapp para atualizações. Estamos ansiosos para ser parte do seu dia a dia no campo!

Enviamos um e-mail de boas-vindas para você! Se não o encontrar na sua caixa de entrada, por favor, verifique a pasta de Spam (lixo eletrônico) e marque a mensagem como ‘Não é spam” para garantir que você receberá os próximos e-mails corretamente.