Economia
Gadolando pede medidas emergenciais ao setor de leite do RS
“Ou socorrem o setor ou a desistência será enorme”, alerta o presidente da entidade
Sabrina Nascimento
23/05/2024 - 17:05

A Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando) quer medidas emergenciais para atender o setor leiteiro do estado. O pedido foi feito por meio de documento enviado às Secretarias da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), da Fazenda e do Desenvolvimento Rural.
A entidade também repassou o documento aos presidentes de Sindicatos Rurais e para a Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag), cujos representantes estão em Brasília (DF) em busca, também, de soluções para o setor.
De acordo com a Gadolando, os produtores de leite precisam de forma emergencial de recursos a juros muito baixos e com prazos estendidos. “É importante que se entenda que não basta dar comida hoje e amanhã aos animais, existe uma longa jornada pela frente para este setor que já vinha sofrendo”, alerta em nota o presidente da entidade, Marcos Tang.
No documento, a entidade destaca oito pontos:
- Alimentar as vacas. Muitos ficaram totalmente sem comida para as vacas, principalmente nos vales e na Serra. Vários receberam doações de outros produtores de diferentes estados, mas isso vai acabar. Vão ter que comprar. A produção própria levará meses. Precisam de recursos para comprar este alimento, pois é caro, e muito dele terá que vir de fora, o que encarece ainda mais devido ao frete.
- Muitos precisam reconstruir as instalações. Sabemos que o custo é elevado.
- Equipamentos em geral, desde a ordenhadeira, tanques, bombas, trator, geradores e muitos outros utensílios fundamentais na propriedade. Neste quesito, vamos do conserto à necessidade de compra de novos equipamentos.
- Necessidade de ressemear os pastos. A maioria já havia gastado altos valores com a semeadura das pastagens de inverno. Tudo foi lavado. As sementes de azevém, aveia, etc., estão com preços inacessíveis para os produtores de leite.
- Recuperação do solo. As chuvas e correntes de água foram tão intensas que lavaram o solo fértil, portanto há necessidade de recuperação. Novamente, altos valores a serem investidos. Caso não se recupere o solo, as próximas safras já estarão comprometidas.
- Necessidade de manter o plantel, a sanidade, o bem-estar, a reprodução e a criação de terneiras. Muitos perderam animais. Outros, em maior número, tiveram que ser tratados; a reprodução e a criação de terneiras também foram muito afetadas. Lembrando sempre que tudo na propriedade leiteira é de médio a longo prazo. A terneira que nasce hoje será a nossa vaca daqui a dois anos. Este ciclo está ameaçado em muitas propriedades.
- Manter a propriedade e as pessoas que dela vivem: família, colaboradores. O setor leiteiro é o que mais mantém as pessoas na área rural. Trabalho de 365 dias ao ano, com no mínimo duas colheitas diárias, as ordenhas.
- Custeio agrícola. Os produtores afetados, e neste ponto podemos dizer que praticamente todos foram afetados em diferentes graus de severidade, precisam de anistia, abatimento, prorrogação, pois têm que começar a pagar este custeio e não têm a mínima condição de efetuar esses pagamentos.
Segundo a Gadolando, o setor vem sofrendo há muito tempo com o clima que dificulta a produção de alimentos, além do custo de produção elevado, concorrência desleal com o produto importado e trabalhando sem margem de lucro. “Agora, com esta tragédia, ou socorrem o setor ou a desistência será enorme e teremos uma conta conjunta socioeconômica caríssima a ser paga por toda a sociedade”, alerta por meio de nota.
Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Economia
1
Brasil deve registrar recorde histórico na exportação de gado vivo em 2025
2
Arábia Saudita quer aumentar em 10 vezes sua produção de café
3
Adoçado com engano: apicultores denunciam uso de ‘falso mel’ na indústria alimentícia
4
Oferta de etanol cresce mais rápido que consumo e acende alerta no setor
5
Soja brasileira será brutalmente atingida pelo acordo entre EUA e China?
6
Rumores sobre salvaguarda da China para carne bovina travam mercado
PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas
Economia
Produtor do Brasil é o Ayrton Senna da agricultura mundial, diz especialista
Debatedores esboçaram, durante o Estadão Summit Agro 2025, em São Paulo, suas visões em relação ao futuro do agronegócio
Economia
Em crise histórica, Cotribá busca proteção judicial para evitar colapso financeiro
Com dívidas que ultrapassam R$ 1 bilhão, cooperativa centenária tenta ganhar tempo para reorganizar operações e negociar com credores
Economia
Futuro do agro passa por Seguro Rural e pagamento por serviços ambientais, avalia SRB
No Estadão Summit Agro 2025, presidente da Sociedade Rural Brasileira avaliou questões geopolíticas, como as tarifas dos EUA e o acordo Mercosul-UE
Economia
COP 30 superou o temor de ser um tribunal de acusações contra o agro
Estadão Summit Agro debate nesta quinta-feira, 27, em São Paulo, sustentabilidade, relações comerciais e desafios do agronegócio brasileiro
Economia
China cancela compra de soja de 5 empresas brasileiras
A detecção de resíduos de pesticidas em um carregamento de 69 mil toneladas do grão teria sido o motivo da suspensão temporária
Economia
Estadão Summit Agro 2025 vai debater as principais tendências e desafios para o setor
Evento reúne especialistas nesta quinta-feira, 27, para discutir o legado do agro depois da COP 30, oportunidades com o acordo Mercosul-UE e o uso de IA
Economia
Parlamento Europeu aprova adiamento da lei antidesmatamento
Texto final ainda precisa ser publicado no Jornal Oficial da UE até o fim de 2025 para que o adiamento entre em vigor; veja o que muda
Economia
Justiça homologa plano de recuperação do Grupo Lavoro
Credores serão divididos em dois grupos com condições diferentes de pagamento; decisão ainda cabe recurso