Economia
Como as festas juninas movimentam a economia agrícola brasileira
Com organização, produtores rurais podem lucrar mais com demandas das festas juninas

Redação Agro Estadão*
15/06/2025 - 08:00

As festas juninas são parte da cultura brasileira e vão além de uma celebração a São João. Elas representam um elo vital com o ciclo de colheitas, especialmente no Nordeste, onde a agricultura familiar é fundamental na economia local.
Trazidas ao Brasil pelos europeus durante o período colonial, as Festas Juninas em homenagem aos santos Antônio, Pedro e João se tornaram um ícone da cultura nordestina e brasileira. Essas celebrações vibrantes, realizadas em junho, misturam perfeitamente comidas típicas, tradições religiosas e as animadas danças e músicas de forró.
Essa mistura de tradição e produção agrícola preserva costumes e impulsiona a renda de inúmeras famílias rurais, consolidando o São João como um período de festa, fartura e prosperidade.
Segundo Ministério do Turismo, a movimentação econômica das festas juninas foi estimada em R$ 3,4 bilhões em 2022. A celebração é considerada a segunda maior festa do país, perdendo apenas para o Carnaval.
O impacto das festas juninas na agricultura familiar

O período junino é época de mesas fartas e diversas celebrações, o que, consequentemente, eleva a demanda dos produtos agrícolas.
Essa procura se traduz em oportunidades de negócios para os produtores familiares, que veem suas vendas aumentarem significativamente.
A injeção de recursos financeiros proveniente das festas juninas fortalece a economia local, permitindo que os agricultores invistam em suas propriedades, melhorem suas técnicas de cultivo e garantam um futuro mais próspero para suas comunidades.
Principais culturas das festas juninas
A diversidade de sabores e aromas que permeiam as festas juninas é resultado da riqueza de nossa agricultura. Cada cultura desempenha um papel fundamental nas celebrações, oferecendo uma variedade de pratos e iguarias:
Milho: seja cozido, assado ou transformado em pratos como pamonha, curau, bolo de milho e canjica; Com uma produção estimada em 128,2 milhões de toneladas na safra 2024/25, o milho é o protagonista absoluto do São João. Sua versatilidade e sabor inconfundível o tornam um ingrediente indispensável nas festas juninas.
Amendoim: presente em paçocas, bolos, pé de moleque e como petisco; o amendoim que deve atingir produção de 1,1 milhões de toneladas este ano, adiciona crocância e sabor às celebrações juninas.
Mandioca: também conhecida como aipim ou macaxeira, marca presença em bolos, caldos, purês e outras preparações típicas.
Coco: com sua água refrescante e polpa saborosa, é utilizado em cocadas, bolos, beijinhos e outras sobremesas que adoçam qualquer arraial.
Laranja: consumida in natura ou em sucos revigorantes, a laranja oferece um toque cítrico e refrescante às celebrações, equilibrando os sabores mais intensos dos pratos típicos. Pode ser usado até na preparação de bebidas alcoólicas.
Pipoca: o milho de pipoca é um ingrediente essencial nas quermesses juninas. Doce ou salgada, é um petisco barato que agrada a todos. A demanda crescente por essa variedade, fez a produção expandir. Em 2023, o Brasil colheu 300 mil toneladas de milho de pipoca, pouco abaixo dos Estados Unidos (375 mil toneladas), maior produtor mundial.
Vinho: pode ser apreciado puro ou como base para o clássico quentão, que com suas especiarias, é perfeito para animais as noites do São João.
Pinhão: típico das regiões Sul e Sudeste, o pinhão, cozido ou assado, é um petisco apreciado durante as festas juninas, especialmente em fogueiras e quermesses. Somente o Rio Grande do Sul, principal estado produtor, tem uma produção estimada em 860 toneladas para este ano.
Planejamento e produção para o São João

Para que os produtores rurais possam aproveitar ao máximo as oportunidades oferecidas pelo São João, o planejamento da safra é essencial. É importante considerar o calendário das festas, as condições climáticas da região e as demandas do mercado ao definir quais culturas serão cultivadas e em que quantidade.
Em 2024, o produtor rural Coriolando Inácio Carneiro Neto, de Ipameri (GO), revelou para a reportagem do Senar Goiás que colhia os frutos de um planejamento bem-sucedido com a venda de milho verde. Para ele, esta época do ano representa uma excelente oportunidade para aumentar os lucros. Ao longo do ano, Coriolando realiza três ciclos de cultivo.
“Eu já me programo para o milho estar pronto nesta época. Só conseguimos isso com a irrigação e temos a vantagem de já ter tudo vendido antes mesmo de plantar. O preço do produto melhora nesta época, sem muita oferta, com um preço melhor”, explica o agricultor.
Adotar as melhores práticas de cultivo, como o uso de sementes de qualidade, o manejo adequado do solo e a irrigação eficiente, é fundamental para garantir uma produção farta e de qualidade.
A gestão de estoque e a logística também são fundamentais para evitar perdas e garantir que os produtos cheguem frescos e em perfeitas condições aos consumidores.
Além dos desafios inerentes à atividade agrícola, como as variações climáticas e a concorrência no mercado, os produtores também podem enfrentar dificuldades relacionadas à falta de infraestrutura e ao acesso limitado a crédito e tecnologia.
No entanto, existem diversas oportunidades para agregar valor aos produtos, como a produção de alimentos processados (bolos, doces, licores) e a venda direta ao consumidor ou para mercados institucionais ligados às festas.
Fortalecendo a agricultura familiar através do São João

O fortalecimento da agricultura familiar no contexto das festas juninas requer um esforço conjunto de diversos atores, incluindo o governo, as associações de produtores, as instituições de pesquisa e os próprios agricultores.
As políticas públicas, como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), desempenham um papel fundamental no apoio à produção, à comercialização e à segurança alimentar dos agricultores familiares.
Além da venda das culturas, os produtores podem participar de feiras e eventos locais para comercializar seus produtos, divulgar suas marcas e estabelecer contato direto com os consumidores.
A diversificação das atividades, como o turismo rural e a produção de artesanato, também pode ser uma forma de complementar a renda e agregar valor às propriedades.
Contudo, as festas juninas representam uma oportunidade ímpar para a agricultura familiar, impulsionando a economia local, valorizando os produtos típicos da época e fortalecendo os laços culturais e sociais das comunidades rurais.
Com planejamento estratégico, adoção de boas práticas de cultivo, apoio institucional e união entre os produtores, é possível transformar essa festa tradicional em um motor de desenvolvimento sustentável e rentável para o campo e produtor brasileiro.
*Conteúdo gerado com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação Agro Estadão

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