Economia
Exportações recuam, mas produção nacional de frango avança
ABPA projeta alta de 3% em 2025 no volume produzido e prevê retomada nas vendas externas em 2026

Mônica Rossi | Porto Alegre | monica.rossi@estadao.com | Atualizada em 21/08/25 às 14h31
20/08/2025 - 14:51

O Brasil conseguiu manter um bom desempenho na produção e exportação de carne de frango, mesmo enfrentando o desafio da influenza aviária. A conclusão é de Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
“Quando a gente olha o histórico dos grandes episódios [de gripe aviária] nos Estados Unidos, você teve quedas robustas nas exportações. Em muitos países, você teve inclusive estabilidade e queda de produção: estabilidade nos Estados Unidos, queda de produção na Europa. Você tem países que sofreram muito mais e o Brasil deve chegar no final do ano com algo que, para nós, é uma vitória”, comenta Santin ao projetar o fechamento de 2025.
Segundo a estimativa da ABPA, o volume de exportações de carne de frango em 2025 deve atingir 5,200 milhões de toneladas, queda de 2% ante as 5,295 milhões de toneladas em 2024. No entanto, a ABPA projeta o ano de 2026 com forte recuperação, com um aumento de 5,8%, elevando as exportações para até 5,500 milhões de toneladas.
Mesmo com a crise da gripe aviária, a produção de carne de frango tem uma expectativa de crescimento de 3% em 2025, chegando a 15,400 milhões de toneladas. No ano passado, o total produzido no país somou 14,972 milhões de toneladas. Já para 2026, a previsão é alcançar 15,700 milhões de toneladas (+2%). “Crescimento também muito rastreado naquilo que é um dos segredos da sustentabilidade da nossa indústria: o mercado interno absorvendo 64% do que a gente produz”, complementou.
Panorama Brasileiro de Carne de Frango
2024 | 2025* | 2026* | var. 25/24 | var. 26/25 | |
Produção (milhões ton) | 14,972 | até 15,400 | até 15,700 | até +3,0% | até +2,0% |
Exportação (milhões ton) | 5,295 | até 5,200 | até 5,500 | até -2,0% | até +5,8% |
Disponibilidade (milhões ton) | 9,678 | até 10,200 | ~ 10,200 | até +5,4% | estável |
Per capta (kg) | 45,5 | até 47,8 | ~ 47,8 | até +5,1% | estável |
Reflexos da crise sanitária
Santin classifica o primeiro caso de influenza aviária em granja comercial, detectado em maio no Rio Grande do Sul, como “o maior desafio da história da agricultura brasileira”. No pico da crise sanitária, dos mais de 150 destinos que importavam a proteína de frango e derivados, 28 bloquearam totalmente a compra de produtos brasileiros.
Atualmente, seis países mantêm restrição para a carne do Rio Grande do Sul e seis embargam somente produtos oriundos do raio de 10 quilômetros da granja em Montenegro (RS). Ainda há 10 destinos que mantêm o fechamento total das compras do país, sendo os principais a China e a Europa. Santin afirma que ambos estão analisando a documentação enviada pelo Brasil. “A boa notícia é que a missão chilena veio para cá e deu informações para o governo, embora ainda não formalizado, que deve voltar a comprar do Brasil”, afirmou Santin.
Impactos na avicultura do Rio Grande do Sul

No início do ano, as exportações gaúchas mostraram um desempenho positivo atingindo um pico em fevereiro, com 69.890 toneladas e uma receita de US$ 125.206. No entanto, o cenário mudou drasticamente a partir de maio com a confirmação do caso de gripe aviária. De abril para maio, a receita das exportações caiu 21% e o volume teve uma retração de 20%. A queda se intensificou de maio para junho, com a receita caindo 25% e o volume 22%, marcando o ponto mais baixo de 2025.
A partir do reconhecimento de país livre de gripe aviária em granjas comerciais pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), a avicultura gaúcha passou a mostrar sinais de recuperação. Em julho, a receita cresceu 17% em relação a junho, alcançando US$ 82.505, e o volume teve um aumento de 14%, chegando a 46.244 toneladas.
Santin afirma que a ABPA seguirá defendendo a regionalização dos embargos em casos de crise sanitária. Um pilar desse esforço é a realização do “Roadshow No borders for food: parcerias para a segurança alimentar”. A iniciativa visa ações nos principais mercados que ainda não estão plenamente adequados às recomendações regulatórias da OMSA.
O primeiro roadshow ocorreu nas Filipinas em 08 de agosto e o próximo será no México no dia 28. “Convidamos a presença do nosso vice-presidente da República, do ministro da agricultura, das autoridades mexicanas, dos importadores e dos produtores brasileiros. Vamos lá discutir e demonstrar a importância da regionalização para a manutenção dos fluxos de comércio na América”, concluiu.

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