Economia
Como diversificar produtos pode ser essencial para combater a ferrugem da soja
A ferrugem pode causar perdas de até R$ 6 mil por hectare, diz especialista da FMC; empresa anuncia fungicida com fórmula inédita

Fernanda Farias | Porto Alegre | fernanda.farias@estadao.com
13/12/2024 - 14:00

Com 95% da área de soja plantada no Brasil, segundo a Conab, a preocupação com o clima se intensifica. É preciso chuva para o desenvolvimento das plantas, mas não o suficiente para o desenvolvimento de pragas e doenças, como a ferrugem asiática no Sul e a mancha alvo no Centro-Oeste.
A ferrugem é causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi e provoca lesões nas folhas, além da desfolha precoce. A mancha alvo também é provocada por um fungo, o Corynespora cassiicola e se manifesta como manchas circulares escuras nas folhas. Ambas as doenças prejudicam a fotossíntese das plantas e, consequentemente, a produtividade da lavoura.
No caso da mancha alvo, as perdas podem chegar a 30%, enquanto a ferrugem pode impactar até 90% da produção. “Em números, em situações de alta severidade, os prejuízos podem ultrapassar R$ 6 mil por hectare, muito alto para o produtor”, explica Fábio Lemos, gerente de culturas e portfólio da FMC, empresa de ciências para agricultura, sobre os prejuízos causados pela ferrugem.
Ele chama a atenção para os números do Consórcio Antiferrugem, projeto da Embrapa Soja para monitoramento da doença. Nas últimas cinco safras, a média de casos nas lavouras do país foi de 33. No entanto, no ciclo 2023/2024, o número chegou a 111 – aumento de 234%.
Nesta safra, as primeiras ocorrências foram registradas em São Paulo, nos municípios de Itaberá e Itapetininga. Segundo o Consórcio, a presença de soja perene próxima da área mantém o fungo na região.
“A probabilidade de ter mais casos neste ano é maior, principalmente por causa do clima. Para dar doença, tem que ter o patógeno, o ambiente favorável e o hospedeiro. O patógeno está no ambiente; a soja está praticamente toda plantada no Brasil; e o ambiente, que no ano passado não foi propício, esse ano tem. Por isso, a gente acredita que o número de casos vai ser maior”, avalia Lemos.
Manejo com alternância de ativos e eficiência em 90% dos campos
Entre as estratégias para manejo da ferrugem, o gerente de culturas da FMC destaca as boas práticas como a ausência da semeadura de soja e a eliminação de plantas voluntárias na entressafra por meio do vazio sanitário para redução do inóculo do fungo, a utilização de cultivares de ciclo precoce, além de semeaduras no início da época recomendada e a utilização de fungicidas.
Ele afirma ainda que a rotação de ativos é essencial para manter a soja saudável e protegida da ferrugem. Inserir novas moléculas na lavoura ajuda a evitar a propagação da doença. “O fungicida protege a cultura, mas não dá ganho de produtividade. Por isso, cada vez mais a inovação é fundamental”, reflete Lemos.
Nesse contexto, a empresa trouxe ao mercado o fungicida Onsuva®, que é apresentado com uma molécula inovadora, – uma carboxamida chamada de fluindapir, além de triazol, o difenoconazole, altamente seletivo. Segundo Lemos, esse ativo proporciona um melhor manejo de doenças e rotação com outras soluções existentes no mercado, promovendo a sustentabilidade no controle.
De acordo com a FMC, o produto foi usado em cerca de 200 campos em dois ciclos anteriores e está na primeira safra comercial. “O principal resultado seria a proteção maior da folha, seletividade, maior sanidade do baixeiro das plantas e isso foi muito nítido nessas duas últimas safras”, diz Fábio Lemos.
Ele conta que alguns agricultores que usaram a solução colheram até sete sacas de soja a mais por hectare e a média ficou em três sacas. Outro resultado importante é que em 90% dos campos, o manejo com o produto foi mais eficiente que o já adotado pelos agricultores.
Siga o Agro Estadão no Google News e fique bem informado sobre as notícias do campo.

Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Economia
1
Conheça a cagaita, uma fruta do Cerrado com muitos usos e benefícios
2
Conheça 5 raças de cavalo criadas no Brasil
3
Quem pode substituir os EUA na exportação de carne bovina para China?
4
Afinal, qual a diferença entre salsinha e coentro?
5
Lactalis anuncia investimento de R$ 313 milhões em fábricas no Paraná
6
Brasil já está no limite da capacidade de exportação de soja para China, diz Aprosoja

PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas

Economia
Tarifas dos EUA impulsionam fortalecimento do BRICS, diz Fávaro
Titular do Ministério da Agricultura e Pecuária destaca potencial do Brasil para suprir demanda chinesa por carne bovina

Economia
Aprosoja-MS: colheita da soja em MS atinge 98,3%; plantio do milho chega a 99%
A região sul do estado lidera os trabalhos, com 99,2% da área colhida, seguida pelas regiões centro e norte, ambas com média de 97%

Economia
Soja: Abiove corta projeção de safra 24/25 para 169 mi de toneladas
A produção foi ajustada de 170,9 milhões para 169,6 milhões de toneladas, uma queda de 0,8% em relação à previsão de março

Economia
Nova rota marítima Brasil-China vai reduzir tempo e valor do frete
Segundo embaixador chinês no Brasil, transporte de produtos será bem mais ágil e custos logísticos vão cair em mais de 30%
Economia
IGC reduz projeção da safra global de grãos 2024/25 para 2,303 bi de t
Consumo em 2024/25 foi projetado em 2,328 bilhões de toneladas, recuo de 8 milhões de t ante o projetado em março.
Economia
Paraná espera recorde na área plantada de cevada em 2025
Com 94,6 mil hectares previstos, Deral projeta aumento de 40% na produção, após perdas causadas pela seca em 2024.
Economia
Safra de cana cai 5% e fecha com 677 milhões de toneladas
Produção de açúcar e etanol também reduzem com impacto do clima adverso e queimadas, aponta Conab
Economia
EUA preparam auditoria do sistema de inspeção de carnes do Brasil
Visita acontece em maio e comitiva deve auditar frigoríficos em diferentes regiões do país