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Economia

CNA projeta impacto negativo de US$ 2,7 bilhões com tarifas americanas em 2026

Em balanço e perspectivas para o próximo ano, a entidade também destacou que o setor deve ficar atento à relação com a China e com a União Europeia

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Daumildo Júnior | Brasília | daumildo.junior@estadao.com

09/12/2025 - 12:25

O Brasil exportou US$ 10,5 bilhões em produtos agropecuários de janeiro a novembro aos Estados Unidos. | Foto: Adobe Stock
O Brasil exportou US$ 10,5 bilhões em produtos agropecuários de janeiro a novembro aos Estados Unidos. | Foto: Adobe Stock

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) estima que as perdas do setor agropecuário brasileiro com as tarifas americanas podem chegar a US$ 2,7 bilhões no próximo ano. Segundo a entidade, 45% do valor exportado para os Estados Unidos em 2024 ainda está com a tarifa acumulada de 50%, o que deve afetar as vendas futuras.

“É importante dizer que 45% da nossa pauta agropecuária ainda segue com tarifas adicionais. Os destaques são os produtos que tem o mercado americano como o principal, então a questão pescados ficou completamente fora da lista de exceção, como sebo bovino, mel, uvas e álcool etílico”, destacou a diretora de Relações Internacionais da CNA, Sueme Mori.

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A projeção foi divulgada nesta terça-feira, 9, durante a apresentação do balanço do Agro em 2025 e as perspectivas para 2026. A diretora também analisou a trajetória de exportações para os Estados Unidos antes e depois da imposição da taxa adicional de 40%, que entrou em vigor a partir de agosto. De acordo com ela, é possível ver “dois momentos completamente diferentes”. 

“Então de janeiro a julho nós tivemos um crescimento das exportações agropecuárias para o mercado americano na casa dos 20% em valor. E se a gente pegar de agosto até novembro, uma redução de 38%. Uma coisa acabou compensando um pouco a outra”, disse a especialista que lembrou que aconteceram antecipações nos embarques após o anúncio da tarifa.  

De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) compilados pela CNA, o Brasil exportou US$ 10,5 bilhões em produtos agropecuários de janeiro a novembro aos Estados Unidos, sendo o terceiro destino mais relevante. O resultado é 4% menor do que o observado no mesmo período. O item mais comprado pelos norte-americanos foi o café verde em valor. 

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Efeitos colaterais 

A Confederação também alertou para uma espécie de efeitos colaterais dos acordos entre os Estados Unidos e os outros países. Segundo a diretora, esse é o “principal movimento” que o setor deve estar atento em 2026. 

“A maioria dos acordos que os Estados Unidos tem firmado têm três componentes: primeiro, acesso ao mercado, então redução de barreiras tarifárias, redução de barreiras não tarifárias; segundo, um compromisso de investimentos no mercado americano, nas indústrias americanas; terceiro, um compromisso de compras de produtos, na sua maioria produtos agropecuários americanos. Isso tem muita relevância para nós”, destacou Mori.

A especialista cita alguns tratados já assinados, como do Reino Unido, que se comprometeu a comprar US$ 700 milhões em etanol e criou uma cota própria para a carne bovina norte-americana. De acordo com ela, é preciso ter atenção aos documentos para saber os impactos pois ainda há pouca informações sobre a operacionalização desses pactos comerciais. 

“Isso [acordos] impacta o comércio agrícola como um todo e como o Brasil é um alto exportador de produtos agropecuários e a gente exporta para o mundo inteiro. Sempre que o governo americano faz um acordo e aquele país assume um compromisso, aquele país deixa de comprar de algum mercado”, comentou. 

CNA faz balanço do Agro 2025 e as perspectivas para 2026. | Foto: Wenderson Araujo/CNA

Brasil-China: o que esperar?

As perspectivas sobre o maior parceiro comercial do Brasil também foram apresentadas pela diretora da CNA. Mori destacou três pontos que devem estar no radar dos produtores brasileiros, com destaque para o acordo entre o país asiático e os Estados Unidos. Ela recordou que as nações negociam desde abril e que os norte-americanos já anunciaram que os chineses vão comprar mais produtos agropecuários deles, apesar de não ter um comunicado oficial da contraparte chinesa. Soja e carne bovina podem ser itens desse acordo. 

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Outro ponto que a especialista colocou é o lançamento do 15º Plano Quinquenal do governo chinês, que traz as orientações para o desenvolvimento econômico daquele país. As diretrizes para a elaboração do plano foram divulgadas neste semestre. 

“Se a gente fizer um recorte para o nosso setor, existe um foco na revitalização rural e no incremento da produção de grãos. A China vem falando ao longo dos anos da intenção de reduzir as importações de grãos para a ração animal, especialmente, soja. De fato isso não aconteceu, isso não se concretizou como a China tem falado, mas é uma sinalização importante para nós que somos o principal fornecedor de ração animal para o mercado chinês”, acrescentou.

Além disso, a investigação para aplicação de medidas de salvaguardas sobre importação de carne bovina também deve ser um dos assuntos em alta na relação entre Brasil e China. Se ocorrer alguma restrição, ela deve impactar o mercado como um todo, mas especialmente o Brasil, maior fornecedor da proteína para os chineses. 

“A previsão é que no final de janeiro, eles divulguem o resultado dessa investigação. O que pode acontecer? Pode acontecer uma aplicação de medida de salvaguarda que é cota, tarifa e consequentemente redução das importações de carne bovina”, comentou. De janeiro a novembro, a China já comprou US$ 52 bilhões em produtos agropecuários brasileiros (+10%), sendo o principal destino desse item.

Salvaguardas na União Europeia  

Para a diretora da CNA, também é preciso estar atento às movimentações de salvaguardas na União Europeia. A expectativa é de que o acordo comercial Mercosul-União Europeia seja oficializado neste ano, mas a manobra para emplacar as salvaguardas tem preocupado a entidade.

“A preocupação que a CNA tem é que o Acordo Mercosul e União Europeia realmente se transforme em acesso maior aos produtos agropecuários brasileiros, mas esse mecanismo de salvaguarda gera uma certa preocupação”, incrementou Mori.

No ranking dos principais parceiros comerciais do agronegócio brasileiro, o bloco aparece em segundo. No acumulado dos 11 meses deste ano, foram vendidos para a União Europeia US$ 22,9 bilhões, um crescimento de 5,4%, sendo que o café verde foi o item de maior valor. 

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