Economia
Argentina corta impostos também para carnes, mas não ameaça liderança do Brasil
Além da soja e derivados, governo argentino anunciou retirada de retenciones para exportações de carne de frango e bovina

Sabrina Nascimento | São Paulo | sabrina.nascimento@estadao.com
23/09/2025 - 15:41

Depois de anunciar a eliminação de impostos para as exportações de soja e derivados, A Argentina estendeu o corte dos chamados retenciones para as carnes de frango e bovina. A decisão, publicada nesta terça-feira, 23, no Diário Oficial do país, vale até 31 de outubro.
Segundo o porta-voz do governo argentino, Manuel Adorni, a ação faz parte de uma estratégia para estimular divisas em meio a tensões cambiais. “Este é o único governo que, diante da adversidade, responde reduzindo impostos”, destacou, nas redes sociais dele.
Apesar do movimento argentino, especialistas indicam que, diferentemente da soja, que pode perder espaço para o grão argentino, as vantagens sobre a competitividade das carnes brasileiras serão limitadas.
Ao Agro Estadão, Fernando Iglesias, analista de Safras&Mercado, explicou que o Brasil segue como a principal opção global para o fornecimento de carne bovina. “O Brasil, hoje, já é muito mais competitivo que a Argentina no mercado global. Fora que nós temos uma escala de produção muito maior. A Argentina pode ficar um pouquinho mais competitiva, mas não a ponto ainda de alcançar o produto brasileiro. O Brasil vai seguir como melhor alternativa para o fornecimento de carne bovina em escala global”, disse.
No caso da carne de frango, o cenário é ainda mais favorável ao Brasil. Segundo o analista, a Argentina não causa desconforto nesse aspecto, pois não tem capacidade produtiva nem tradição dentro desse mercado, no qual o Brasil é líder há muitos anos. “O impacto da remoção das retenciones vai ser menor. Vai aumentar a competitividade da Argentina, mas nada a ponto de incomodar o Brasil. O Brasil hoje é, disparadamente, a melhor alternativa global”, destacou.
A decisão argentina coincide com a política brasileira de incentivo às exportações, que já havia zerado impostos sobre grãos como soja, trigo e milho. O objetivo é acelerar o fluxo de dólares para o sistema financeiro, sob controle do Banco Central, do Ministério da Agricultura e da Receita Federal, e fortalecer a competitividade do setor agroindustrial.

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