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Economia

China e UE suspendem compra de carne de frango do Brasil após caso de gripe aviária em granja comercial

Argentina também interrompe importações de produtos e subprodutos de todo o Brasil, com exceção para aves de um dia e ovos férteis

Sabrina Nascimento e Daumildo Júnior | São Paulo e Brasília | Atualizada às 18h17

16/05/2025 - 10:11

Foto: Adobe Stock
Foto: Adobe Stock

O Brasil confirmou nesta quinta-feira, 15, dois focos de gripe aviária no Rio Grande do Sul, sendo um altamente patogênica (H5N1) em granja comercial de aves, no município de Montenegro, e outro em um em Zoológico público  em Sapucaia do Sul. 

Devido ao caso confirmado na granja comercial, ficam suspensas temporariamente, por 60 dias, as exportações de carne de frango do Brasil para a China e a União Europeia. A medida segue o protocolo internacional entre as nações. “Para a China e a comunidade europeia, restringe-se [as compras de carne de frango] para todo o Brasil temporariamente”, disse o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. 

Atualmente, o país asiático é o maior comprador de carne de frango do Brasil, enquanto que o bloco europeu ocupa a 7ª posição na lista. 

Entre os países que já revisaram seus protocolos com o Brasil estão: Japão, Arábia Saudita e Emirados Árabes, limitando restrições apenas ao estado ou município afetado. “No caso do Japão, por exemplo, que compra 70% da carne de frango que importa do Brasil, as exportações seguirão normalmente, com exceção dos produtos originados do município de Montenegro (RS)”, esclareceu Fávaro. 

As restrições regionais também se aplicam a outras nações, como o Reino Unido. “Todos os países estão com restrições neste momento”, disse Fávaro ao explicar que em alguma medida há embargos às exportações de carne de frango do Brasil.

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Segundo o ministro, os bloqueios devem desencadear uma redução no volume de carne de frango exportada, deixando o mercado interno mais abastecido. Além disso, ele acredita em um efeito nos preços do ovos. “O fato real é que, com a diminuição das exportações, teremos uma oferta com excesso por um pequeno período, mas é importante dizer que o Brasil exportava só 0,9% da sua produção de ovos. […] Mas, com certeza, em termos de carne de frango, teremos uma oferta mais abundante no Brasil, que pode pressionar os preços um pouco para baixo”, ressaltou.

Atualmente, o Rio Grande do Sul, terceiro maior exportador nacional de carne de frango, já sofre com bloqueios de alguns países após um caso de Newcastle, em julho do ano passado. A China embargou as compras após o registro da doença em uma granja de frango no município de Anta Gorda. 

Mesmo após a Organização Mundial de Saúde Animal ter reconhecido o fim da doença, os chineses não retomaram as compras do estado, causando um prejuízo estimado em mais de quase US$ 180 milhões ao setor no último ano, segundo levantamento da Organização Avícola do Rio Grande do Sul. 

Argentina suspende compra de carne do frango do Brasil 

Seguindo a China e a UE, a Argentina, principal parceiro comercial brasileiro na América do Sul, também determinou a suspensão das importações de produtos e subprodutos de aves de todo o Brasil, sempre prazo estipulado.

Os embarques para o país vizinho tinham sido suspensos automaticamente depois da confirmação do caso, mas com bloqueio regional, conforme estipulado pelo protocolo sanitário firmado entre os dois governos brasileiro e argentino. No entanto, segundo a agência sanitária estatal da Argentina (Senasa), a suspensão total de produtos e subprodutos se fez necessária, pois o caso de gripe aviária foi registrado a 620 quilômetros da fronteira entre os dois países, o que, segundo o órgão, é uma ação “preventiva”. 

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Ainda de acordo com o Senasa, em relação à genética avícola, continuará sendo permitida a entrada de aves de um dia e ovos férteis, desde que sejam provenientes de compartimentos oficialmente reconhecidos pela agência sanitária argentina como livres desta doença.

Medidas sanitárias adotadas

Mais cedo, em declaração a jornalistas, o ministro afirmou que, apesar do vírus circular no mundo desde 2006, o Brasil foi o último país dos grandes produtores de carne de frango globais a ter contaminação em granjas comerciais. “Em maio de 2023, nós tivemos o primeiro caso no Brasil em aves silvestres. E ainda assim, conseguimos segurar dois anos sem entrar em grandes comerciais”, afirmou. 

Segundo ele, a granja onde houve a detecção do vírus é destinada à produção de matrizes de ovos para a recria em aviários. O isolamento foi realizado, com a higienização sanitária do aviário e da região já iniciados. “Essa granja é uma granja que foi constatado 35 animais inicialmente com o vírus. É óbvio, esse vírus é bastante agressivo, então rapidamente já começou a ter outras mortes dentro dessa granja. Já foi feito total extermínio, o bloqueio, que é o mais importante, para sair desse status”, explicou.

FPA defende retomada responsável das atividades após controle sanitário

A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) recomendou, por meio de nota, que as atividades produtivas do setor sejam retomadas assim que a situação estiver completamente esclarecida e sob controle. A entidade enfatiza, no entanto, que esse retorno depende da adoção contínua de medidas rápidas e eficazes por parte dos produtores rurais.

Segundo a FPA, é imprescindível que a área afetada seja imediatamente isolada e que sejam aplicadas rigorosas medidas sanitárias para eliminar o foco identificado. “Essas iniciativas são fundamentais para garantir a proteção da saúde pública, a manutenção das atividades econômicas e a preservação dos mercados internacionais, assegurando a competitividade e a reputação do Brasil no cenário global”, destaca o comunicado.

A Frente também reiterou sua confiança no serviço de defesa agropecuária do Mapa, reconhecido por sua competência técnica e agilidade em situações de emergência sanitária. 

Por fim, a FPA ressaltou a importância de o governo brasileiro manter uma comunicação clara e constante com os parceiros comerciais internacionais, para evitar possíveis interrupções no fluxo de exportações.

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