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Economia

Triangulação e outros mercados estão na rota do café 

Para driblar as tarifas, o setor cogita exportar para o mercado norte-americano via México ou Colômbia, que têm tarifas inferiores às do Brasil

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Sabrina Nascimento | São Paulo | sabrina.nascimento@estadao.com

22/07/2025 - 13:36

Foto: Adobe Stock
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Faltando pouco mais de uma semana para a entrada em vigor da tarifa de 50% anunciada pelos Estados Unidos (EUA), produtores e exportadores brasileiros de café começam a avaliar as possíveis alternativas de redirecionamento do volume enviado ao mercado norte-americano. O cenário é delicado, pois cerca de 30% do café importado pelos EUA na safra 2024/25 (entre julho/24 e junho/25) tiveram o Brasil como ponto de partida. 

Segundo levantamento da Pharos Consultoria, esse volume representou 7,45 milhões de sacas, considerando os café arábica, robusta (conilon) e solúvel. Entretanto, quando olhado individualmente, os EUA lideraram as importações dos tipos arábica e solúvel. Ficando em 6ª posição nas compras de café conilon. 

CONTEÚDO PATROCINADO

Exportações de café arábica 

Acumulado de 12 meses (jul/24 – jun/25)sacas
EUA6.194.095
Alemanha5.676.138
Itália2.971.846
Fonte: Pharos Consultoria

Exportações de café solúvel

Acumulado de 12 meses (jul/24 – jun/25)GBE – equivale em grãos verdes
EUA801.852
Argentina309.137
Rússia292.026
Fonte: Pharos Consultoria

Exportações de café robusta (conilon) 

Acumulado de 12 meses (jul/24 – jun/25)sacas
México859.992
Alemanha748.872
Bélgica679.125
Espanha581.566
Itália570.116
EUA457.276
Fonte: Pharos Consultoria

Conforme explicou Haroldo Bonfá, diretor da consultoria, o redirecionamento desse volume é complexo. “Quer dizer, você alocar cerca de 450 mil sacas de Robusta é até fácil porque o Brasil exportou 6,5 milhões de sacas/ano na safra que terminou agora”, afirmou. “Mas, 6 milhões, no caso do arábica, não. É um volume importante e tem as peculiaridades de cada cliente”, salientou. 

O desafio, alerta Bonfá, está justamente em adaptar a oferta a mercados exigentes e diversificados. A Europa, por exemplo, é vista como uma alternativa, no entanto, cada país que compõe o bloco econômico tem sua particularidade. “O cliente europeu, por exemplo, tem um gosto muito particular. Não adianta oferecer uma qualidade feita sob medida para os Estados Unidos e esperar aceitação fácil”, ressalta Bonfá.

O mercado interno também não é descartado como opção para absorver parte dessa oferta. “Você não vendendo para os Estados Unidos, poderia disponibilizar esse café para vender internamente e isso derrubaria o preço no Brasil”, explica. 

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Além disso, o setor cogita rotas alternativas, como exportar para o mercado norte-americano via México ou Colômbia, que receberam tarifas de 30% e 10%, respectivamente — inferiores às aplicadas pelos EUA ao Brasil. 

Essa triangulação, embora possível, envolveria custos logísticos e acordos comerciais bilaterais. “Então, você tem alternativas. Por exemplo, se eu, Brasil, mando para o México, e o México exporta para os Estados Unidos, só nisso dá 20% de redução. Seria uma possibilidade de fazer uma triangulação”, sinaliza. 

Apesar da incerteza que ainda paira, Bonfá reitera que não há pânico. Conforme ele tem acompanhado com exportadores brasileiros e importadores dos EUA, os contratos em vigor estão sendo honrados e, por ora, as compras foram suspensas, não canceladas. Essa atitude foi adotada enquanto aguarda definições concretas sobre a aplicação das tarifas. 

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