Agricultores familiares querem Nova Indústria Brasil mais acessível
Iniciativa do governo federal destina R$ 20 bilhões para a aquisição de maquinários pela agricultura familiar
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07/02/2024
Por: Daumildo Júnior | daumildo.junior@estadao.com
Agricultores familiares receberam de forma positiva a medida dentro do Nova Indústria Brasil anunciada pelo governo federal que prevê um incentivo à mecanização da agricultura familiar. No entanto, na avaliação da CONTAG (Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares), a ação precisa ser mais acessível para se tornar eficiente.
A política da Nova Indústria Brasil destina R$ 20 bilhões em crédito subsidiado para a compra de máquinas e equipamentos agrícolas pela agricultura familiar, como confirmou o Broadcast Agro. Os recursos serão ofertados dentro do programa Mais Alimentos. Além disso, 95% das máquinas devem ser de produção nacional.
Segundo o presidente da CONTAG, Aristides Veras, é preciso “desenvolver máquinas de acordo com o solo e de acordo com as unidades produtivas”, observando também o “lado econômico das pessoas”.
“Por exemplo, você usar uma máquina no semiárido nordestino não é a mesma coisa de você usar na área úmida do Nordeste. O que a gente espera, e já em um debate com o governo, é como ter máquinas adequadas”.
Nova Indústria Brasil e novas demandas
Na visão do presidente executivo da ABIMAQ (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), José Velloso, a indústria “não está saindo do zero”. Existem no mercado maquinários adaptados para alguns tipos de culturas, explicou Velloso. No entanto, ressaltou que o setor trabalha junto ao MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar) para desenvolver máquinas e equipamentos na intenção de atender a diferentes tipos de necessidades.
“Qual é o trabalho que nós estamos fazendo junto ao MDA? O levantamento da demanda. Vendo quais seriam as demandas da agricultura familiar para se desenvolver máquinas que por ventura ainda não tenham sido desenvolvidas no passado”, afirmou o presidente da ABIMAQ ao Agro Estadão.
A secretária-executiva do MDA, Fernanda Machiaveli, confirmou que o ministério vem recebendo os pedidos e repassando à indústria. Ele também destacou a importância do desenvolvimento de tecnologias próprias, como por exemplo, a extração do açaí e a quebra do coco babaçu.
“As demandas têm sido levantadas com as organizações da agricultura familiar e com as organizações de povos e comunidades tradicionais, porque muitas dessas cadeias da sociobiodiversidade elas têm um funcionamento específico. […] Então a gente está envolvendo as universidades, a Embrapa e também as indústrias nesse processo de desenvolvimento”, disse a número dois do ministério ao Agro Estadão.
Velloso disse que não há um prazo de encerramento para o repasse das solicitações. “Essas demandas podem surgir uma atrás da outra, vários tipos de demandas diferentes, e vários trabalhos serão feitos em paralelo”.