Economia
84% das propriedades na região do foco de gripe aviária já foram vistoriadas
Exame descarta caso suspeito de gripe aviária em funcionário da granja de Montenegro

Mônica Rossi | Porto Alegre | monica.rossi@estadao.com - Atualizada às 18h45
20/05/2025 - 10:37

Quando o caso na granja de matrizes em Montenegro foi confirmado, as autoridades colocaram em prática o Plano Nacional de Contingência da Influenza Aviária. A granja fica a cerca de 16 quilômetros do centro da cidade e dois perímetros de contenção foram estabelecidos para a região: um no raio de 3 km (perifoco) e outro no raio de 10 km (zona de vigilância de 03 até 10 km).
Até essa segunda-feira (19), 459 das 540 propriedades rurais no raio de três e dez quilômetros do foco (84%) foram inspecionadas. Um caso suspeito em ave, que havia sido localizado em outra propriedade do perímetro, foi descartado após laudo negativo do Laboratório Federal de Diagnóstico Agropecuário de Campinas (SP).
A partir desta terça-feira (20/5), as equipes do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal da Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul (DDA/Seapi) passam a revisitar as granjas que tenham aves. Todas as sete barreiras de contenção e desinfecção já estão em regime de funcionamento permanente.

Impactos regionais
Vlademir Gonzaga, secretário de Desenvolvimento Rural de Montenegro, explicou ao Agro Estadão que o município está atuando somente em apoio logístico, como fornecimento de banheiros químicos, refeições e alojamentos para as equipes. São pelo menos 89 pessoas, entre Fiscais Estaduais Agropecuários e funcionários do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), trabalhando na região. Há também um grupo de 50 policiais do Comando Ambiental da Brigada Militar alojado na cidade para dar apoio às ações sanitárias e de educação.
De acordo com o secretário, o setor avícola é muito importante para a economia local e por isso o foco da doença preocupa. Montenegro possui 28 granjas de aves, sendo 25 de frangos e três especializadas em ovos. Além disso, há um frigorífico com abate de frangos que emprega mais de duas mil pessoas. As atividades do estabelecimento não teriam sido afetadas, até o momento, segundo Gonzaga.
“No ano passado, foram mais de 1 milhão e 900 mil aves produzidas aqui em Montenegro. E esse frigorífico, no ranking aqui das indústrias, é o nosso segundo maior empreendimento, quando falamos em retorno de ICMS. Só por aí se tem uma ideia de impacto que a gente possa sofrer. A gente ainda não sabe o tamanho disso, nem as consequências, mas certamente haverá, sim, impacto econômico aqui no município”, projeta o secretário.
Além do apoio às ações sanitárias, a prefeitura de Montenegro está se esforçando para informar a população sobre a doença, enfatizando que o consumo de aves e ovos pode continuar normalmente e não haver alteração drástica na rotina da população.
“Não existe bloqueio, não existe mudança de rotina nenhuma da cidade. Os veículos estão sendo higienizados, aqueles veículos que possam ter contato com a granja ou com algumas granjas para evitar qualquer contaminação. Então é abordado aquele caminhão com frango, com ovos, leite, etc.”, esclarece Gonzaga.
Funcionário de granja isolado testou negativo
As autoridades sanitárias reforçam que o risco de infecção humana por influenza aviária é baixo. A transmissão ocorre principalmente entre trabalhadores que têm contato próximo com aves ou mamíferos infectados, sejam vivos ou mortos.
A Secretaria Estadual da Saúde (SES) informou, em nota, que fez um levantamento das pessoas expostas na granja de Montenegro e no Zoológico de Sapucaia do Sul — que teve foco confirmado em aves silvestres. Os funcionários de dois locais estão sendo monitorados para identificar o surgimento de sintomas gripais, conforme os protocolos de caso suspeito. O resultado do exame, realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, em um dos casos suspeitos descartou a gripe aviária.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), do ano passado até agora, foram confirmados 72 casos de influenza aviária em humanos nas Américas (Estados Unidos, Canadá e México).
As autoridades reforçam a importância da notificação imediata de qualquer suspeita: sinais respiratórios, neurológicos ou alta mortalidade súbita em aves. A notificação pode ser feita à Inspetoria ou Escritório de Defesa Agropecuária e no Rio Grande do Sul também pelo e-Sisbravet ou WhatsApp (51) 98445-2033.
Situação de emergência
Montenegro e outras 11 cidades gaúchas estão em estado de emergência devido a focos de influenza aviária. A cidade de 64 mil habitantes é a sede da primeira granja comercial do país a confirmar casos do vírus. A 50 quilômetros, fica Sapucaia do Sul onde aves aquáticas do zoológico público também foram afetadas pela doença.
O governo do Rio Grande do Sul declarou estado de emergência em saúde animal no sábado, 17, conforme o Decreto nº 58.169, também para os municípios de Triunfo, Capela de Santana, Nova Santa Rita, Montenegro, Esteio, Canoas, Gravataí, São Leopoldo, Cachoeirinha, Novo Hamburgo e Portão. A medida terá duração de 60 dias, com possibilidade de prorrogação. Durante este período, o isolamento sanitário da área será implementado, restringindo a movimentação de materiais de risco e direcionando o trânsito para desinfecção ou bloqueio de acesso. O decreto também prevê a adoção de medidas extraordinárias, com base na análise epidemiológica da situação.

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