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Produção embaixo d’água: produtores do RS relatam situação no campo

Pecuarista que viveu 15ª enchente consecutiva, estima perdas em R$ 200 mil e pensa em deixar a atividade

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Sabrina Nascimento | Atualizada às 12h14 do dia 16/05/2024

04/05/2024 - 20:49

Foto: Ricardo André Bley
Foto: Ricardo André Bley

Lavouras debaixo d’água, animais sendo levados pela enxurrada, insumos perdidos e produção de leite inviável. Esses são alguns dos relatos que chegam das áreas rurais do Rio Grande do Sul (RS)

O Estado, um dos principais produtores agropecuários do Brasil, enfrenta o pior desastre registrado na história gaúcha.

O cenário catastrófico leva um sentimento de desalento à cidade e ao campo. “Em 15 meses, essa é a 15ª enchente que eu enfrento e é a pior. Dessa vez, não perdi nenhum animal, mas tem muita perda futura”, relata o pecuarista Ricardo André Bley. 

A propriedade localizada no município de Rolante e dedicada à produção leiteira, foi praticamente devastada pelas enxurradas. Houve perdas de silagem, pastagem, ração animal e farelo de milho. 

Água invadiu propriedade com produção de leite em Rolante (RS) | Foto: Ricardo André Bley

Para alívio de Bley, seu rebanho de 60 animais foi salvo, porém, os “prejuízos estimados em R$ 200 mil” levam o criador a pensar se quer continuar na atividade que exerce há 9 anos, após suceder a administração da fazenda de seu pai. “Precisamos que o Governo Federal ajude, prolongando as dívidas com novas taxas de juros porque as condições de hoje não estão nos ajudando”, desabafa.

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Em partes do RS, onde as enchentes não foram registradas, por outro lado, o solo encharcado dificulta os trabalhos de colheita da soja. Em Alegrete, na fronteira Oeste, o excesso de umidade impede o avanço das máquinas na área de 400 hectares plantada pelo agricultor Jader Sost.

Produtor rural, Jader Sost, descreve tentativa de colheita frustrada devido ao solo encharcado pelos excesso de chuva dos temporais dos últimos dias no Rio Grande do Sul.
Produtor rural, Jader Sost, mostra lavoura de soja com grãos começando a brotar devido a umidade excessiva.

Faltando 60% da área semeada a ser colhida, o agricultor conta que chegou a “trocar o pneu de colheitadeira e colocar pneu arrozeiro” para finalizar os trabalhos. “Estamos tentando colher, mas não estamos conseguindo”, explica. “Tem área debulhando (nascendo) por causa do excesso de umidade.” 

A locomoção de quem mora no campo é agravada pelo bloqueio de pontes e estradas devido às tempestades e deslizamentos de terras. Essa é a dificuldade relatada pelo produtor Joel Dalcin, que mora no município de Doutor Maurício Cardoso, no noroeste do estado. 

Ele conta que os grandes acumulados de chuva em poucos minutos resultam no trancamento de pontes e aumento do nível do lajeado em frente a sua propriedade. “A gente não consegue passar, atrapalha o serviço, mas é questão de horas”, diz Dalcin. Segundo ele, apesar da adversidade, o trabalho não pode ser deixado para depois. “A gente lida com vidas, os animais são vida. Então, tem que atender eles igual”, completa.

A calamidade enfrentada pelos gaúchos causa também a paralisação da colheita do arroz. Por isso, o Instituto Rio-Grandense do Arroz (IRGA) suspendeu os levantamentos de dados sobre o avanço da safra. O IRGA informou que o acompanhamento será retomado paralelamente ao retorno da colheita, ainda sem perspectiva. 

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Segundo o Instituto, nesse momento, 82,9% das lavouras foram colhidas, restando em torno de 150 mil hectares a serem colhidos. A região central é a que apresenta menor percentual de área colhida, com 62%, restando cerca de 45 mil ha. Essa é a região mais afetada com as enchentes.

Ajuda à agropecuária do Rio Grande do Sul 

Além das ações de solidariedade organizadas por entidades do agronegócio em prol de ajudar o Estado gaúcho como um todo, outras medidas voltadas à agropecuária estadual estão sendo tomadas. 

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), apoiado pelo Ministério da Fazenda (MF), vai permitir que os agricultores renegociem dívidas do crédito rural de investimentos. A medida atende os produtores atingidos por intempéries climáticas ou queda de preços agrícolas. 

A iniciativa foi aprovada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e tem prazo limite para repactuação até 31 de maio. Com isso, as instituições financeiras poderão adiar ou parcelar os débitos que irão vencer ainda em 2024.

Outra medida de ajuda foi anunciada pelo Banco do Brasil durante a Agrishow. Os produtores rurais terão as operações prorrogadas de maneira simplificada, sem a necessidade de apresentar laudos, no caso dos agricultores familiares. O banco também irá disponibilizar uma esteira diferenciada para o acionamento dos seguros por meio do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária, o Proagro. 

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Adiamento de Feiras e Exposições 

A situação de calamidade no RS levou à suspensão e adiamento de feiras, exposições e eventos da agropecuária no Estado. 

A Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC) adiou a realização da Classificatória Gaúcha Sul ao Freio de Ouro 2024, antes marcada para o período entre 15 e 19 de maio, em Esteio/RS. A ABCCC decidiu também pela suspensão da realização de quaisquer eventos de organização da Associação dentro do estado do RS no período de 6 a 19 de maio, além da pausa na cobertura em tempo real pelas mídias sociais do cavalo crioulo e a transmissão ao vivo da Morfologia Passaporte de Bagé (RS).

Outro evento do agro adiado foi a Exposição Nacional Hereford e Braford 2024. Em nota, a Associação Brasileira de Hereford e Braford comunicou que agora a mostra ocorrerá do dia 16 a 23 de junho, no Parque de Exposições Visconde de Ribeiro Magalhães, em Bagé (RS).

Além disso, a organização da 36ª Fenovinos decidiu suspender a realização da feira que iria acontecer período de 9 a 12 de maio. Comunicado publicado, avisa que a suspensão é válida até que haja condições seguras de deslocamento e trafegabilidade em todo o estado.

A 2ª ExpoFeira Rural, programada para acontecer nos dias 14 e 15 de setembro, foi cancelada. A Afrubra e a Fetag-RS, entenderam que toda atenção, assim como a de todos os órgãos públicos e privados, deva se voltar, exclusivamente, a auxiliar as famílias e empresas atingidas pelas enchentes.

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