Lavouras de soja do RS devem ser abandonadas pela inviabilidade econômica | Agro Estadão
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Clima

Lavouras de soja do RS devem ser abandonadas pela inviabilidade econômica

Além das perdas nas lavouras de soja, RS tem áreas de arroz alagadas; falta de alimentos e má condição dos pastos reduzem produção de leite

Fernanda Farias e Sabrina Nascimento

17/05/2024 - 09:16

Lavoura de soja em São Borja (RS). Foto: Neimar Peroni, extensionista da Emater/RS-Ascar
Lavoura de soja em São Borja (RS). Foto: Neimar Peroni, extensionista da Emater/RS-Ascar

As lavouras de soja que faltam ser colhidas no Rio Grande do Sul deverão ser abandonadas devido à inviabilidade econômica, segundo a Emater-RS. Elas representam 15% da área total semeada no estado de 6,68 milhões de hectares. Na última semana, alguns agricultores seguiram o processo de colheita que havia sido interrompido no fim de abril, com as enchentes e inundações

O resultado é uma “redução drástica na qualidade dos grãos”, diz o diretor-técnico da Emater, Claudinei Baldissera. Ele ressalta que os prejuízos são maiores nas regiões Centro, Sul e Oeste do Estado. A estimativa de produtividade projetada inicialmente era de 3.329 kg/ha, o que deverá variar negativamente. 

O vice-presidente da Associação dos Produtores de Soja do Rio Grande do Sul (Aprosoja-RS), Décio Teixeira, diz que alguns os sojicultores vão tentar colher nas áreas que não estiverem alagadas, mesmo que a perda seja grande.

“A soja que ficou vai ter muito problema. Mas a soja plantada na safrinha do milho pode resistir. Nós estamos confiantes de que o Rio Grande possa tirar alguma coisas das suas lavouras, mas o nosso prejuízo é imenso”, afirma Décio ao Agro Estadão. 

Solo reconstruído e assistência para pessoas

Outro efeito do excesso de chuvas, das enchentes e enxurradas que destruíram plantações,  está na qualidade do solo. O diretor-técnico da Emater-RS lembra que todo o trato agronômico, com fertilizantes e corretivos, foi carregado e será preciso recuperar a capacidade produtiva das lavouras. 

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“Haverá necessidade de um amplo trabalho dos solos, de olhar as áreas agrícolas e ter um amplo processo de reconstrução”, afirma Claudinei Baldissera ao Agro Estadão. 

Baldissera afirma que todos os funcionários da Emater, mais de 1.600, estão trabalhando principalmente no atendimento às pessoas. “Tem comunidades rurais que o acesso ainda não é possível”, conta. “Vai precisar de planejamento e programas de reconstrução, porque municípios estão devastados”, completa o diretor. 

“Antes de reconstruir os sistemas de produção, ou junto com esse processo de reconstrução, o papel fundamental da Emater vai  ser olhar para as pessoas, ajudar a reconstruir o ânimo dessas pessoas, o brilho nos olhos, o acreditar no futuro de continuidade da atividade agrícola.”

Claudinei Baldissera, diretor-técnico da Emater-RS

O trabalho de assistência social rural está entre as prioridades da instituição, mas precisará de reforços de recursos financeiros e de pessoal. O diretor técnico afirma que profissionais que já participaram de processos seletivos podem ser chamados.

Confira a situação de outras culturas no RS

Arroz

A colheita do arroz avançou pouquíssimo, após um novo período marcado por dias chuvosos, “mantendo algumas lavouras ainda alagadas devido à cheia dos cursos.” Estima-se que a área colhida alcançou 86%.

Parte da produção é armazenada em silos nas propriedades, mas a enchente inundou a parte inferior de muitos desses silos, “causando perdas elevadas por falta de energia elétrica para ventilação dos grãos e pela impossibilidade de transporte devido aos danos nas estradas”. Até o momento, “não há uma estimativa precisa do número de silos inundados.” 

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Em São Borja, por exemplo, restam pouco mais de 3 mil hectares a serem colhidos e, nas áreas submersas, prevê-se “perda total em função do acamamento das plantas, as quais ficam cobertas de lodo, assim que as águas baixam.”

Observou-se também “um movimento de elevação dos preços nas últimas semanas e há preocupação quanto à produção de arroz e seus impactos na oferta para o mercado interno.”

Milho

As elevadas precipitações e o alto teor de umidade do ar, nas últimas semanas, ocasionaram “perdas tanto quantitativas – de produtividade – quanto qualitativas – referentes à germinação de grãos em espigas, incidência de doenças fúngicas e desenvolvimento de microtoxinas.”

Durante as poucas oportunidades de colheita, a cultura da soja foi novamente priorizada em relação ao milho. O período teve “avanço de apenas 2% nas operações de colheita em comparação à semana anterior, atingindo 88% da área semeada no Rio Grande do Sul.” 

Na região de Ijuí, as lavouras maduras e ainda por colher (2%) continuam apresentando germinação de grãos nas espigas. Já as lavouras de segunda safra do grão “estão em estádio de maturação, e há acentuado acamamento de plantas e o surgimento de doenças.”

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Leite

O contexto de chuvas persistentes e de enchentes tem sido desafiador. Problemas logísticos, como “estradas intransitáveis e interrupções na coleta do leite, levaram à necessidade de utilização de geradores para ordenha e resfriamento, aumentando os custos operacionais para os produtores.” 

Além disso, a baixa oferta de alimentos e da qualidade do pastoreio causaram redução da produção de leite em diversas propriedades.

Feijão 2ª safra

As condições climáticas, caracterizadas por elevada umidade e temperaturas amenas, continuaram desfavoráveis para o desenvolvimento da cultura. Contudo, “a interrupção das precipitações, em parte do período, permitiu que os produtores retomassem a colheita” para mitigar as perdas nas lavouras maduras. Nesse contexto, “a proporção de áreas colhidas atingiu 40%.”

Frutícolas

A colheita da azeitona está concluída em Caçapava do Sul, e a quebra é de 90%. A colheita do figo também está concluída, e a produção está 70% abaixo da expectativa inicial devido ao quadro climático adverso de chuvas em excesso na primavera e novamente a partir da segunda quinzena de março.

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