Clima
Cooperativa agrícola gaúcha é destruída por microexplosão
Entenda o fenômeno climático que destruiu a sede da Coopatrigo, no noroeste do Rio Grande do Sul; casas e empresas foram danificadas
3 minutos de leitura 17/06/2024 - 15:04
Fernanda Farias | fernanda.farias@estadao.com
O trabalho na sede da Cooperativa Tritícola Regional São-Luizense (Coopatrigo) é para recuperar o que foi destruído no fim de semana. O complexo que fica no município de São Luiz Gonzaga é a sede administrativa da empresa e onde ficam o supermercado, centro agropecuário e dois armazéns.
Um desses armazéns teve a cobertura arrancada deixando o trigo e a soja expostos. O presidente da Coopatrigo conta que o armazém tem capacidade para 30 mil toneladas – ou 500 mil sacas – e estava com cerca de 30% ocupada. Ao Agro Estadão, Paulo Pires disse que ainda não sabe o total de prejuízo.
“Nossas forças se concentram em fazer o rescaldo da estrutura, limpar e tentar salvar o produto que está ali com o menor dano possível”, disse Pires. No momento da tempestade, a cooperativa estava fechada e, por isso, não houve feridos. A Coopatrigo tem 26 unidades espalhadas pelo estado e cerca de 8 mil cooperados.
O complexo em São Luiz Gonzaga foi destruído por uma microexplosão que atingiu a região na noite do último sábado, 15. O fenômeno climático começou por volta de 22h30 e durou pouco mais de cinco minutos.
Nas fotos, é possível perceber o tamanho da destruição. O vídeo abaixo, registrado por uma câmera de segurança, mostra o momento em que a tempestade começa, com muito vento e chuva.
“Foi uma coisa impressionante, foram árvores de 50 anos torcidas como se fosse pela mão de alguém”, conta Paulo Pires, impressionado ainda com o cenário.
Mais de 1,2 mil casas e empresas foram danificadas, segundo a prefeitura. O município tem 34 mil habitantes e 15 mil estão sofrendo os efeitos do fenômeno, principalmente a falta de energia elétrica.
Saiba o que é microexplosão e se ela pode se repetir
A forte tempestade que atingiu São Luiz Gonzaga está sendo caracterizada como microexplosão, mas também pode ser confundida com um tornado. O Agro Estadão conversou com a meteorologista Estael Sias, da MetSul, para saber a diferença entre os dois fenômenos.
Estael Sias explica que os dois são bastante destrutivos. “O tornado é uma nuvem em formato de funil que desce de uma nuvem de tempestade e chega a 15 km de altura. Ela funciona como um aspirador e vai sugando tudo que encontra pelo caminho”, explica Estael. Segundo a meteorologista, a velocidade do vento varia entre 150km/h e 200km/h e tudo é muito rápido, dura menos de um minuto.
“A microexplosão é uma rajada de vento que desce da nuvem em direção ao solo, em uma coluna de vento forte, e quando chega ao solo se espalha de dentro para fora, como uma explosão mesmo”, explica. A chuva torrencial e “na horizontal” é característica da microexplosão e pode ser percebida no vídeo abaixo.
A meteorologista ainda diz que a microexplosão é um “fenômeno severo e muito localizado” que nenhum modelo climático é capaz de indicar o horário e o local em que vai acontecer, assim como é possível prever as chuvas.
“Porém, pelas condições atmosféricas que se seguem de hoje [segunda, 17] para amanhã [terça, 18] não se afasta essa possibilidade em algum ponto da metade norte”, comenta Estael ao Agro Estadão.
Segundo Estael, um a cada 100 tempestades que acontecem no Rio Grande do Sul são caracterizadas como “tornados” ou “microexplosões”.
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