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Clima

Chuvas no RS: produtores de soja e de arroz estão em alerta para prejuízos

Levantamento preliminar estima prejuízos de R$ 100 milhões em áreas afetadas no Estado

Sabrina Nascimento | colaboração Daumildo Júnior | Atualizada às 18h00 do dia 04/05/2024

02/05/2024 - 22:12

Foto: Prefeitura de Santa Maria-RS/Divulgação
Foto: Prefeitura de Santa Maria-RS/Divulgação

Os temporais que atingem o Rio Grande do Sul desde o final de abril continuam deixando rastros de destruição. Boletim da Defesa Civil estadual indica 317 municípios gaúchos afetados, 55 mortes, 74 pessoas desaparecidas, 69 mil desalojados e dezenas de estradas bloqueadas. Levantamento preliminar do governo já estima prejuízos de R$ 100 milhões. A situação catastrófica levou o governo estadual a declarar estado de calamidade pública. 

Na área rural, entidades do setor produtivo já temem pelo pior. De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Soja no RS (Aprosoja-RS), essa é a quarta safra de soja consecutiva em que o Estado enfrenta danos por problemas climáticos. “Nós viemos de três anos perdendo por estiagem e agora, temos a chuva”, desabafou o vice-presidente da Aprosoja-RS, Décio Teixeira, ao Agro Estadão

Os déficits sucessivos podem agravar a situação financeira dos produtores e do estado gaúcho, visto que o agro é um dos principais pilares econômicos atualmente. Por isso, a Aprosoja-RS já pensa em alternativas. “Precisamos de 10 anos de moratória (atraso de pagamento) com três anos de carência e juros condicional para conseguir recuperar a economia”, afirma Teixeira. A proposta ainda não foi apresentada oficialmente.

Há uma atenção voltada também à colheita do arroz no Rio Grande do Sul. Normalmente, os trabalhos são concluídos antes de terminar a segunda quinzena de abril, porém, as chuvas atrasaram o início dos trabalhos. As máquinas avançaram somente durante o período de 17 a 21 de abril, quando houve uma trégua das precipitações. No último informativo conjuntural a Emater-RS estimou que aproximadamente 70% da área cultivada havia sido colhida. 

A Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) colocou  seu “corpo operacional à disposição dos produtores que estiverem enfrentando dificuldades”. Em nota, a Federrarroz informou ainda que está, “permanentemente, monitorando a situação de cada região produtora”. E reiterou o compromisso “em garantir a segurança alimentar do povo brasileiro apesar das incontáveis dificuldades e instabilidades enfrentadas pelos produtores rurais.” 

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E apesar de haver um olhar voltado às perspectivas de danos, neste momento, todos os esforços estão voltados para quem precisa. “O campo está com chuva, essa é a informação. Não tem operação, não tem nada de avaliação. O negócio agora é cuidar de vidas, o campo é segundo plano”, afirmou José Domingos, produtor rural em Tupanciretã-RS.

Ao Agro Estadão, o presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Gedeão Pereira, comentou que os produtores aguardam para contabilizar os danos. “Nós temos que aguardar até sexta-feira e acompanhar porque tem municípios isolados”, disse.

Segundo Gedeão, o cenário tem que ser observado com atenção, principalmente, nas áreas de terras baixas, onde as lavouras devem estar totalmente cobertas pelas inundações. Esse quadro pode atrapalhar a colheita da soja que está em 66% e com tendência de rendimento menor, de acordo com dados da Emater.

Em nota, a Emater-RS diz ser vital revisar e reavaliar práticas produtivas e ambientais como o tipo de cultivo adotado e a rápida transferência de água para os rios, que agravam enchentes e secas. Na visão do Instituto, a ação é essencial no controle de eventos climáticos extremos. Além disso, o órgão incentiva todas as famílias rurais assistidas a se comunicarem com os extensionistas, reportando necessidades e explorando oportunidades de auxílio.

Governo Federal

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, viajou ao Rio Grande do Sul na manhã desta quinta-feira 02, para acompanhar a situação dos municípios gaúchos. Lula reuniu-se com o governador Eduardo Leite na Base Aérea de Santa Maria, na região central do Estado.  

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Leite apresentou um panorama dos efeitos do evento meteorológico de proporções históricas que atingiu o Rio Grande do Sul e das ações de salvamento que estão em curso. Como uma medida emergencial, ficou decidida a criação de uma Sala de Situação integrada, sob coordenação do comandante militar do Sul, general Hertz Pires do Nascimento, para organizar as operações de resgate em todas as regiões atingidas.

Também estiveram presentes: os ministros da Casa Civil, Rui Costa, dos Transportes, Renan Filho, do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, das Cidades, Jader Filho, e da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, e o secretário de Desenvolvimento Social do Rio Grande do Sul, Beto Fantinel.

Mostrando solidariedade à situação, auditores fiscais federais agropecuários do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina suspenderam as operações padrões de fiscalização nos Estados. O objetivo é ajudar nos trabalhos de busca e resgate. Além disso, o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, informou que frigoríficos foram atingidos por enchentes e o bloqueio total ou parcial das estradas dificulta o acesso à alimentação animal. A fala de Alckmin aconteceu após anúncio do novo status sanitário do Brasil livre de aftosa sem vacinação.

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, não deixou de prestar solidariedade ao povo gaúcho. Em vídeo postado nas redes sociais nesta quarta-feira 01, Fávaro afirmou que há um servidor do MAPA entre os desaparecidos na tragédia dos temporais que atingem o Rio Grande do Sul. O ministro também ressaltou que o presidente da República pediu que “todos os ministros estejam atentos para ajudar o Rio Grande do Sul.”

Chuvas devem continuar até o fim de semana 

Mais precipitações são esperadas para os próximos dias na Região Sul, especialmente sobre o estado do Rio Grande do Sul. Até domingo, 05, a previsão dos acumulados entre esta quinta, 02, e o fim de semana pode chegar aos 300 milímetros. 

Mesmo com a trégua entre domingo, 05, e segunda, 06, as chuvas devem retornar na terça, 07, devido o avanço de uma nova frente fria.  

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