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Celso Moretti

Engenheiro Agrônomo, ex-presidente da Embrapa

Esse texto trata de uma opinião do colunista e não necessariamente reflete a posição do Agro Estadão

Opinião

Etanol de milho pode representar 40% da produção de biocombustíveis no Brasil até 2030

O Brasil foi o segundo maior produtor mundial de etanol em 2024, com 36,8 bilhões de litros, dos quais 6,3 bilhões foram produzidos a partir do milho 

15/04/2025 - 08:00

Foto: Adobe Stock
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A agropecuária segue como pilar da economia brasileira. Com uma safra estimada em mais de 325 milhões de toneladas de grãos, o valor bruto da produção agropecuária deve crescer 9,1% em 2025, alcançando R$ 1,4 trilhão. A soja continua liderando, com previsão de 172 milhões de toneladas, apesar da leve queda nos preços médios. No milho, a segunda safra já está praticamente toda no campo, com crescimento estimado de 2,6% na área plantada e produção de 137 milhões de toneladas.

Além da alimentação humana e animal, o milho vem se destacando como matéria-prima para a produção de etanol. Esse processo era limitado até pouco tempo atrás, devido ao alto custo das enzimas necessárias para transformar o amido do milho em açúcar fermentável. Com os avanços da biotecnologia e o uso de biorreatores, o custo caiu e a produção se tornou viável economicamente.

Para a atual safra espera-se chegar a 8 bilhões de litros, a partir de 19 milhões de toneladas de milho. O Mato Grosso lidera esse mercado, com 11 refinarias em operação, segundo a União Nacional do Etanol de Milho (Unem).

Especialistas reunidos recentemente em Cuiabá (MT) projetam que, até 2030, o etanol de milho poderá representar 40% da produção nacional de biocombustíveis. A estimativa leva em conta o aumento da mistura de etanol na gasolina, que deve passar dos atuais 27,5% para 30%. Países como Índia e Japão também planejam ampliar a mistura de etanol na gasolina. No Japão, por exemplo, foram produzidos 30 milhões de veículos nos últimos 45 anos — o que demonstra o impacto potencial da medida.

Produzir etanol a partir da cana-de-açúcar ou do milho oferece vantagens distintas. A cana tem a sacarose prontamente disponível para fermentação e conta com uma cadeia produtiva consolidada. Um hectare rende entre 6 e 7 mil litros de etanol, além do bagaço reaproveitado para gerar energia ou produzir etanol de segunda geração.

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O milho, por outro lado, pode ser armazenado, facilitando o planejamento da produção. É cultivado em duas safras, o que otimiza o uso da terra. No entanto, a produtividade é menor: cada tonelada de milho gera entre 370 e 460 litros de etanol — cerca de 2.300 a 2.600 litros por hectare. Como vantagem, o processo gera coprodutos valiosos como o DDG (grãos secos de destilaria), utilizado na alimentação de animais, além de óleo.

Em um ano marcado pela preparação para a COP30, o etanol de milho desponta como alternativa sustentável. As usinas podem se transformar em polos de produção de combustíveis limpos como SAF (combustível sustentável de aviação), metanol verde e hidrogênio. A tendência global de uso de combustíveis verdes favorece, ainda, os carros híbridos flex, que combinam etanol e eletricidade. Segundo especialistas, esses modelos podem ter uma pegada de carbono menor do que os 100% elétricos.

No Brasil, o debate internacional sobre a competição entre alimento e combustível (food x fuel) ainda tem pouca força. Com apenas 8% do território ocupado pela produção agrícola e espaço para converter pastagens degradadas em áreas produtivas, o país tem margem para expandir a produção de biocombustíveis sem comprometer a segurança alimentar.

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