Marcos Fava Neves
Especialista em Planejamento Estratégico do Agronegócio
Esse texto trata de uma opinião do colunista e não necessariamente reflete a posição do Agro Estadão
Opinião
Estimativas de abril: mercados de soja e milho praticamente não mudam
Projeções do USDA e da Conab diferem tanto no milho quanto na soja
O relatório de abril/2024 do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reduziu a oferta global 2023/24 do milho de 1.230,24 (março) para 1.227,86 (abril) milhões de toneladas de t, queda mensal de 2,4 milhões. Deveremos ter uma produção 6,0% superior à do ciclo passado; ou 70,1 mi de t. Os estoques finais do cereal devem fechar o ciclo atual em 318,3 mi de t, 5,3% maior ou 16,1 mi de t adicionais.
Foram mantidas as produções para os Estados Unidos (289,7; +12,4% que 22/23), China (288,8 mi de t; +4,1%) e Brasil (124,0; -9,5%). No caso da União Europeia, a previsão foi revista para cima, agora em 61,0 mi de t (+16,6%) e para a Argentina a revisão foi para baixo, agora em 55,0 mi de t (+52,7%).
Esta projeção difere bem da CONAB, que reduziu mais uma vez a sua estimativa para o cereal: era de 112,7 milhões de toneladas em março e foi a 111,0 milhões de toneladas agora em abril, 15,9% inferior a de 2022/23. Seriam: 1ª safra com 23,4 mi de t (-14,7%) em uma área de 3,97 mi de ha (-10,6%); 2ª safra com 85,6 mi de t (-16,4%) em 15,7 mi de ha (- 8,2%); e 3ª safra contribuindo com 2,0 mi de t (-7,6%), cultivados em 632,0 mil ha (igual ao ciclo passado). A área total está agora estimada em 20,4 mi de ha, 8,5% inferior à última safra ou 1,9 mi de ha a menos. A colheita da primeira safra segue em bom ritmo e o mercado agora olha para o clima sobre a segunda safra, que até o momento vem bem.
Para a soja, a estimativa do USDA veio praticamente igual a de março, em 396,7 milhões de toneladas, 4,9% superior à de 2022/23, trazendo 18,5 milhões de toneladas adicionais. O Brasil segue com 155 mi de t (-4,3%); Estados Unidos com 113,3 mi de t (-2,5%); Argentina com 50 mi de t (+100,0%); e China com 20,8 mi de t (igual a 22/23). Mesmo com a quebra na safra brasileira, o USDA mantém as estimativas de embarques da soja nacional 7,8% maiores que o último ciclo, em 103 mi de t. Estoques globais da oleaginosa estão estimados em 114,2 mi de t, 12,7% maiores ou 12,9 milhões de toneladas a mais.
Já a estimativa da Conab cai um pouco mais, ficando em 146,5 milhões de toneladas. Com o avanço da colheita, chegando já perto de 90%, é possível termos uma noção da real queda na produtividade, estimada em 3,24 t/ha (média nacional), 7,7% menor do que a do ciclo passado. A área de soja em 2023/24 foi projetada em 45,2 mi de ha, 2,6% maior ou 1,2 mi de ha adicionais.
O fato é que tanto no milho quanto na soja o USDA está com estimativas maiores que as da CONAB. Terminada a colheita da soja, e passado mais um mês do impacto do clima na segunda safra de milho, os números finais tendem a se aproximar e ficarem mais claros ao produtor.
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