O futuro da política comercial dos EUA | Agro Estadão O futuro da política comercial dos EUA | Agro Estadão
PUBLICIDADE
Nome Colunistas

Welber Barral

Conselheiro da Fiesp, presidente do IBCI e ex-secretário de Comércio Exterior do Brasil

Esse texto trata de uma opinião do colunista e não necessariamente reflete a posição do Agro Estadão

Opinião

O futuro da política comercial dos EUA

A eleição presidencial norte-americana em 2024 traz a expectativa em relação à indefinição quanto ao candidato que deverá vencer

Foto: Adobe Stock
Foto: Adobe Stock

Um evento definidor do futuro, em 2024, será a eleição presidencial norte-americana. A expectativa se torna ainda maior pela indefinição, neste momento, do candidato com maior chance de vencer: Donald Trump e Joe Biden estão igualados, enquanto Robert Kennedy Jr. aparece com 10% das intenções de voto – um improvável candidato a desafiar os partidos majoritários.

No plano interno, a divisão eleitoral reflete uma sociedade igualmente dividida. Temas atuais, como o posicionamento quanto ao conflito no Oriente Médio ou o perfilamento racial, se somam ao conservadorismo interiorano versus o cosmopolitismo das costas norte-americanas (o que favorece Trump, em razão do particular sistema eleitoral que privilegia estados menores).

Mas é no plano externo que o resultado eleitoral provoca mais temores. É verdade que, quanto à América Latina, o interesse norte-americano tem sido diminuto, quando comparado com décadas atrás. Atualmente, este interesse vem se resumindo a meia dúzia de tópicos repetidos e sem muitos avanços: tráfico de drogas, imigração, Venezuela. Sempre há também um discurso contra a crescente influência chinesa na região, mas poucas ações concretas além de limitada cooperação econômica.

Descontada a América Latina, é no plano global que a eleição convida à reflexão, sobretudo no que pode ser a política comercial do próximo presidente norte-americano. E aqui também, infelizmente, não há motivos para muita expectativa nem otimismo.

Com efeito, desde o governo Obama, os EUA abandonaram a posição de liderança na institucionalização do comércio internacional que exerciam desde Bretton Woods. Somaram-se medidas protecionistas do governo Trump, que não foram mitigadas no governo Biden: aumento de tarifas, medidas baseadas em defesa nacional (Seção 232), mais defesa comercial.

PUBLICIDADE

Entre Trump e Biden, nenhuma dessas medidas deve ter reversão radical num próximo governo. O único viés que possivelmente os diferencie seria a ênfase dos democratas na concessão de subsídios, sobretudo os que serão justificados com base em mudança climática. Seria a continuação, por exemplo, da atual Lei de Redução de Inflação, que despeja bilhões em incentivos à indústria norte-americana.

De outro lado, um novo governo Trump ainda traria seguramente a marca dos arroubos e imprevisibilidade, a exemplo de proposta recente de sancionar países que estejam tentando abandonar o dólar como moeda transacional (uma ameaça direcionada sobretudo aos países do BRICS). Outra proposta repetida por Trump é de elevar horizontalmente as tarifas em 10%, numa repetição histórica da Hawley-Smoot Act, a medida que foi uma das fagulhas da crise econômica de 1930.

Em qualquer resultado, os efeitos para o resto do mundo são inevitáveis. Uma potência em declínio, desafiada por um mundo multipolar, se torna ainda mais perigosa quando não exerce uma liderança positiva, tão necessária diante dos desafios globais que, a cada minuto, se descortinam diante de nossos olhos.

Siga o Agro Estadão no Google News, WhatsApp, Instagram, Facebook ou assine nossa Newsletter

PUBLICIDADE
Agro Estadão Newsletter
Agro Estadão Newsletter

Newsletter

Acorde bem informado
com as notícias do campo

Agro Clima
Agro Estadão Clima Agro Estadão Clima

Mapeamento completo das
condições do clima
para a sua região

Agro Estadão Clima
VER INDICADORES DO CLIMA

PUBLICIDADE

Notícias Relacionadas

Marcos Fava Neves: 5 pontos para ficar de olho no mercado agro em fevereiro

Opinião

Marcos Fava Neves: 5 pontos para ficar de olho no mercado agro em fevereiro

No segundo mês de 2025 será importante acompanhar as safras brasileira e argentina, além do cenário econômico e político mundial

Marcos Fava Neves loading="lazy"
Opinião:

Marcos Fava Neves

O Brasil e seu NDC: ambição verde versus realidade 

Opinião

O Brasil e seu NDC: ambição verde versus realidade 

Não serão poucos os efeitos internacionais dos impactantes atos executivos assinados por Trump ao assumir novamente a presidência

Welber Barral loading="lazy"
Opinião:

Welber Barral

Um outro Brasil

Opinião

Um outro Brasil

Há um país sensato que faz, que inova, que sua a camisa, que se envolve e que cobra o governo para fazer a sua parte na saúde, na educação, na segurança e no desenvolvimento

Francisco Turra loading="lazy"
Opinião:

Francisco Turra

Veto presidencial prejudica setor agropecuário

Opinião

Veto presidencial prejudica setor agropecuário

Neste artigo, a Faesp manifesta preocupação e repúdio à decisão do presidente da República envolvendo o seguro rural

Tirso Meirelles loading="lazy"
Opinião:

Tirso Meirelles

PUBLICIDADE

Opinião

Política Agrícola: Câmbio e China

Produzir proteína em larga escala implica ficar mais exposto à dependência que o câmbio e o comércio internacional têm com relação à situação geopolítica. Trump rugindo será um gato ou um leão?  

José Carlos Vaz loading="lazy"
Opinião:

José Carlos Vaz

Opinião

Agro em janeiro: 5 pontos para ficar de olho

Dólar em patamares recordes, início do novo governo Trump e efeitos do clima nas lavouras; o que esperar de janeiro para o agronegócio

Marcos Fava Neves loading="lazy"
Opinião:

Marcos Fava Neves

Opinião

2024: setores público e privado juntos para fortalecer a transição energética

Este ano de 2024 acumulou boas notícias para o setor de biocombustíveis, em especial para a indústria de biodiesel, que completa 20 anos

Francisco Turra loading="lazy"
Opinião:

Francisco Turra

Opinião

O canto aflitivo dos cafezais

Em um mundo onde o café é mais do que uma mercadoria — é cultura, sustento e identidade —, ignorar os recentes efeitos climáticos no cafezais brasileiros seria um erro catastrófico

Welber Barral loading="lazy"
Opinião:

Welber Barral

Logo Agro Estadão
Bom Dia Agro
X
Carregando...

Seu e-mail foi cadastrado!

Agora complete as informações para personalizar sua newsletter e recebê-la também em seu Whatsapp

Sua função
Tipo de cultura

Bem-vindo (a) ao Bom dia, Agro!

Tudo certo. Estamos preparados para oferecer uma experiência ainda mais personalizada e relevante para você.

Mantenha-se conectado!

Fique atento ao seu e-mail e Whatsapp para atualizações. Estamos ansiosos para ser parte do seu dia a dia no campo!

Enviamos um e-mail de boas-vindas para você! Se não o encontrar na sua caixa de entrada, por favor, verifique a pasta de Spam (lixo eletrônico) e marque a mensagem como ‘Não é spam” para garantir que você receberá os próximos e-mails corretamente.