Marcos Fava Neves
Especialista em Planejamento Estratégico do Agronegócio
Esse texto trata de uma opinião do colunista e não necessariamente reflete a posição do Agro Estadão
Opinião
Brasil conquista participações estratégicas de mercado
Complexo sucroalcooleiro cresceu 65% no primeiro trimestre de 2024; exportações do setor somaram US$ 1,6 bi
No primeiro trimestre do ano (janeiro a março), os embarques de produtos agropecuários brasileiros atingiram US$ 37,4 bi, o que é um recorde para o período. Essa receita cresceu 4,4% em relação ao primeiro trimestre do ano passado. É interessante notar este crescimento mesmo com preços menores, indicando que o Brasil vem conquistando importantes participações de mercado.
Na balança comercial do agronegócio brasileiro em março de 2024, as exportações somaram US$ 14,2 bilhões, sendo 10,8% menor do que o registrado no mesmo mês do ano anterior (US$ 15,9 bi). A queda é explicada, principalmente, por conta da redução internacional dos preços dos alimentos.
Embora o volume exportado tenha aumentado (+1,3%), o índice de preços dos produtos do agro caiu (-11,9%), segundo dados da Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária (SCRI/Mapa).
Os cinco setores que mais contribuíram para o resultado em março foram Complexo Soja, Carnes, Complexo Sucroalcooleiro, Produtos Florestais e Café. Juntos, foram responsáveis por 83,4% do valor total exportado pelo Brasil em março de 2024.
1) Complexo Soja – a receita de US$ 6,3 milhões representou uma queda de -27,2% por conta da retração nos preços e nas vendas ao exterior da soja em grão, diante das projeções indicando bom volume de oferta global.
2) Carnes – O setor faturou US$ 1,8 bilhão, com exportações que reduziram -7,1%. Apesar dos embarques da carne bovina terem crescido no período ( +21,9% | US$ 841,5 mi), a carne de frango (-23,6% | US$ 738,1 mi) e a carne suína (-22,8% | US$ 190,7 mi) apresentaram queda. A redução nas vendas da carne suína se deve, principalmente, a menos pedidos feitos pela China, que voltou a produzir em torno de 55 milhões de toneladas após a quebra sofrida pela peste suína africana (PSA).
3) Complexo Sucroalcooleiro – A receita teve um crescimento significativo de 65,1% e contabilizou US$ 1,6 bilhão. O resultado se deve à combinação dos volumes recordes exportados de açúcar com o aumento dos preços médios do adoçante (+19,1%). Esse cenário é explicado pela quebra de safra na Índia que aumentou em 501,5% as importações do produto.
4) Produtos Florestais – A receita diminuiu -6,1% e ficou em US$ 1,3 bilhão . Embora o volume exportado de celulose tenha sido menor (-8,2%), o aumento do preço médio (+7,2%) segurou maiores retrações.
5) Café – O setor embarcou US$ 805 milhões (+20,6%), isso porque é estimado que a safra corrente seja 5,5% maior do que o ciclo anterior.
Nas importações do agro, o volume registrado foi de US$ 1,5 bilhão (-4,6%), resultando em um saldo positivo de US$ 12,7 bilhões (-11,5%). Os demais produtos exportados e importados pelo Brasil geraram um saldo negativo de US$ 5,2 bi (+45,2%). No entanto, esse montante, compensado pelo agro, resultou em um saldo total positivo de US$ 7,5 bi (-30,4%) para o Brasil em março.
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