Ministro acena para o setor, pede diálogo e defende mudanças no Proagro | Agro Estadão
PUBLICIDADE

Agropolítica

Ministro acena para o setor, pede diálogo e defende mudanças no Proagro

Em entrevista exclusiva ao Agro Estadão, Paulo Teixeira diz que pretende procurar o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária para falar sobre o programa Terra da Gente

Nome Colunistas

Fernanda Farias | fernanda.farias@estadao.com

28/04/2024 - 06:00

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, admite que não concordou com todas as medidas que alteraram as regras do Proagro – Programa de Garantia da Atividade Pecuária. Sobre a renda mínima, que garante o recurso ao agricultor que perde a safra, ele disse que defendia manter o valor de R$ 22 mil, “mas a área orçamentária e o Tesouro disseram não”.

Enquanto esperava pelo vôo que o levaria da capital paulista até Ribeirão Preto para a abertura da Agrishow, neste domingo, 27, o ministro conversou com a equipe do Agro Estadão sobre diversos temas relacionados à agricultura familiar, como linhas de financiamento para o setor. 

A respeito da recente repercussão do programa Terra da Gente para reforma agrária, Teixeira disse que está “disposto a esclarecer” os pontos que foram questionados pela bancada ruralista. O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Pedro Lupion (PP-PR) já declarou que o programa vai aumentar a insegurança no campo

Confira a entrevista completa. 

Agro Estadão: Como está a expectativa para a Agrishow em relação à agricultura familiar?
Ministro Paulo Teixeira: Muita expectativa, porque temos um estande voltado para a agricultura familiar, máquinas de pequeno porte e toda uma tecnologia. Tem um edital da Finep de R$ 400 milhões para empresas tomarem recursos a fundo perdido para desenvolvimento de máquinas de outras modalidades. Vamos discutir isso em Ribeirão, temos uma boa relação com a Abimaq, com o Marchesan [presidente da Agrishow]. É um financiamento para mecanização e tecnificação, que nós estamos desenhando para lançar em junho, no Plano Safra da Agricultura Familiar.

PUBLICIDADE

Agro Estadão: O Plano Safra da Agricultura Familiar será novamente separado da empresarial? 
Paulo Teixeira: Eu creio que sim, porque são dois públicos bem distintos, com problemas diferentes. Vamos tentar redesenhar o financiamento para mecanização para um segmento dos agricultores que não entram no Pronaf.

Agro Estadão: O senhor pode adiantar valores?
Paulo Teixeira: Em junho nós vamos lançar o Plano Safra. Não queremos adiantar. Mas o  Plano Safra foi um sucesso, já batemos o recorde, mas queremos implementar alguns aperfeiçoamentos, principalmente para a produção de alimentos. 

Agro Estadão: Sobre as mudanças no Proagro [confira as medidas anunciadas], o setor está cobrando uma resposta.
Paulo Teixeira – O Proagro precisa ter mudanças. Essa diminuição de tetos diz respeito ao volume de recursos que foi empregado no Proagro, foram R$ 10 bilhões. Outra mudanças foram necessárias: você tem um zoneamento climático no Proagro. Esse zoneamento, alguns agricultores acabam plantando mesmo havendo risco, então nós aqui estamos dizendo “se tiver risco, diminui a reposição do seguro, caso você plante”. E a renda mínima, nós até defendemos um valor de R$ 22 mil, mas a área orçamentária e o Tesouro disseram não e colocaram R$ 9 mil.

Agro Estadão: Que é muito pouco [para o setor] e o CMN já considerou reavaliar…
Paulo Teixeira: Eu acho que, se pudermos, temos que fazer esse debate no âmbito do governo para a correção de valores.

Agro Estadão: Com a redução no teto para inclusão no Proagro, a economia deve ser de quase R$ 3 bilhões. Esse dinheiro vai mesmo para o PSR (Programa de Subvenção ao Seguro Rural)?
Paulo Teixeira: Eu espero que esse valor seja destinado à agricultura,  que o beneficiário seja o agricultor.

PUBLICIDADE

Agro Estadão: O setor defende mudanças no Proagro em termos de gestão. Qual o senhor considera que é a mais importante?
Paulo Teixeira: Já é um início de mudanças, mas nós temos que estar abertos a discuti-las com a sociedade brasileira e ver onde precisam ser feitas as correções. Espero que nós possamos receber o setor para que nos indique, dessas medidas qual deve ser aperfeiçoada.

Agro Estadão: Uma das críticas é a questão de que o próprio banco que dá o dinheiro é quem atesta a necessidade.
Paulo Teixeira: Esse é um aspecto que deveria ter a mudança, ainda não houve. O banco que oferece o recurso, ele que indica o perito, e essa indicação de um perito que devia ser independente é complexa. Há um comprometimento e, nesse sentido, tem que avançar para uma mudança. 

Agro Estadão: O programa Terra da Gente para a reforma agrária está sendo contestado pelo Congresso. Há um Projeto de Decreto Legislativo no Senado e dois PDLs na Câmara dos Deputados pedindo a suspensão da lei que criou o programa e até usam o argumento de que ele é inconstitucional. O que o senhor pensa sobre essa iniciativa de alguns parlamentares?
Paulo Teixeira: O programa passou por um grande filtro jurídico, não há possibilidade desse programa ser inconstitucional. Ele está respeitando a legislação, ele está respeitando o direito de propriedade, está extremamente respeitoso. Ele ajuda a reforma agrária – e muito – porque estabelece uma série de alternativas para aquisição de imóveis e assentamento de famílias que a legislação já previa, mas não foi utilizada em larga escala no Brasil. Nós queremos fazer a reforma agrária para garantir a paz no campo. Você só vai conseguir zerar o conflito no campo se você tiver uma política de assentamento de novas famílias. Para isso, você precisa desarmar os espíritos e assentar as famílias, e para isso nós precisamos do programa. Ele vai ajudar muito a ter paz no campo.

Agro Estadão: A FPA fala justamente o contrário, que não traz solução de pacificação. Inclusive os ânimos entre a bancada ruralista e o governo ficaram um pouco estremecidos após o anúncio do programa.
Paulo Teixeira: Eu não vi reação dessa natureza. Mas se algo tem que ser esclarecido, vamos esclarecer para que todos vejam a importância do programa. Eu vou ligar para o Pedro Lupion [deputado federal e presidente da FPA], me prontificando para conversar com a bancada, para que nós tenhamos um entendimento de que nós precisamos de paz no campo e precisamos de instrumentos para ter paz no campo. Por essa razão, estou disposto a conversar com eles para que isso não tenha problemas pra frente. Mas não senti isso… [conflito entre o agro e o governo] Não há porquê acirrar as relações em razão de um programa tão bem feito.

Agro Estadão: Tem que começar a paz entre as lideranças para levar para o campo?
Paulo Teixeira: Nós estamos em paz, e até onde eu saiba, o agro também está. E nós queremos fazer um programa de paz no campo com respeito à constituição, respeito ao direito de propriedade e toda a legislação brasileira que protege. Porque nós queremos os três lados possam progredir: o grande, o médio e o pequeno. 

Siga o Agro Estadão no WhatsApp, Instagram, Facebook, X, Telegram ou assine nossa Newsletter

PUBLICIDADE

Notícias Relacionadas

Fim dos embargos de exportação de frango será tratado “país a país”, indica secretário do Mapa

Agropolítica

Fim dos embargos de exportação de frango será tratado “país a país”, indica secretário do Mapa

Além de China, União Europeia, Argentina, Uruguai, Chile e México, que já suspenderam compras da carne de frango brasileira, África do Sul também tem previsão de suspender; vendas de ovos para Estados Unidos, maior comprador nos últimos dois meses, seguem normais

Leite diz estar tomando medidas necessárias para conter foco de gripe aviária

Agropolítica

Leite diz estar tomando medidas necessárias para conter foco de gripe aviária

Governador afirma que estão sendo aplicados todos os protocolos de contenção para preservar a saúde pública e a segurança da produção

PR e SC entram em alerta máximo contra gripe aviária após casos no RS

Agropolítica

PR e SC entram em alerta máximo contra gripe aviária após casos no RS

Juntos, os três estados da região sul do Brasil representam 78,2% das exportações brasileiras de carne de frango

RS: confirmados dois focos de gripe aviária

Agropolítica

RS: confirmados dois focos de gripe aviária

Além de contaminação em granja comercial, governo federal confirma casos em Zoológico público da grande Porto Alegre

PUBLICIDADE

Agropolítica

"America first": como a política dos EUA pode impactar o Agro brasileiro? 

Adidos agrícolas avaliam efeitos que medidas de Donald Trump têm para as exportações brasileiras e dizem que setor precisa estar atento

Agropolítica

Mapa quer encorpar Seguro Rural no Plano Safra 25/26 com verba do Proagro

Para Guilherme Campos, secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), aumento de juros será inevitável

Agropolítica

E30 deve ser aprovado “nos próximos meses” em reunião do CNPE, indica Alckmin

Presidente em exercício, Geraldo Alckmin também disse que vai “trabalhar para acelerar a Ferrogrão”

Agropolítica

CAR tem mais de 138 milhões de hectares sobrepostos, indicam dados do SFB

Em audiência pública, produtores criticaram vinculações extras do CAR ao acesso ao crédito rural, e cobraram maior celeridade nas análises

Logo Agro Estadão
Bom Dia Agro
X
Carregando...

Seu e-mail foi cadastrado!

Agora complete as informações para personalizar sua newsletter e recebê-la também em seu Whatsapp

Sua função
Tipo de cultura

Bem-vindo (a) ao Bom dia, Agro!

Tudo certo. Estamos preparados para oferecer uma experiência ainda mais personalizada e relevante para você.

Mantenha-se conectado!

Fique atento ao seu e-mail e Whatsapp para atualizações. Estamos ansiosos para ser parte do seu dia a dia no campo!

Enviamos um e-mail de boas-vindas para você! Se não o encontrar na sua caixa de entrada, por favor, verifique a pasta de Spam (lixo eletrônico) e marque a mensagem como ‘Não é spam” para garantir que você receberá os próximos e-mails corretamente.