Agropolítica
Governo quer manter texto do PL dos combustíveis do futuro como saiu da Câmara
Um dos pontos em discussão no Senado prevê a inclusão do diesel coprocessado no texto
Daumildo Júnior | daumildo.junior@estadao.com
10/04/2024 - 14:34
O governo vai trabalhar para manter o texto do projeto de lei (PL) dos combustíveis do futuro como ele saiu da Câmara dos Deputados. Atualmente, a proposta está em tramitação no Senado com relatoria do senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB – PB). O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, defendeu o texto como aprovado pelos deputados.
“Nós temos que trabalhar para manter o texto do relator Arnaldo Jardim no Senado”, disse o vice-presidente durante o discurso de abertura da Cana Summit organizado pela Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana), em Brasília, nesta quarta, 10.
Ainda de acordo com Alckmin, o Brasil pode ser vanguardista na produção desses biocombustíveis, como o SAF (sigla em inglês para Combustível Sustentável de Aviação). “Nós vamos ter que trocar todo o querosene de aviação do mundo e vai ser por biocombustíveis, SAF. Quem vai produzir isso? Vai ser o Brasil”, defendeu.
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, também corroborou com Alckmin e disse que as mudanças sugeridas pelo ministério já foram feitas na Câmara dos Deputados. “Por parte do Ministério da Agricultura, todos os ajustes foram feitos na Câmara dos Deputados. Eu espero que meu colega, Veneziano Vital do Rêgo, avalie todos os detalhes do projeto já aprovado, mas que, na medida do possível, sofra o mínimo de alterações possíveis. Porque está muito bem construído, encaminha o Brasil para a vanguarda da produção de biocombustíveis no mundo”.
Diesel coprocessado pode entrar no texto
Um dos pontos que têm sido debatido no Senado é a inclusão do diesel coprocessado no texto do PL dos combustíveis do futuro. Segundo a Petrobrás, que defende a adesão, esse material é produzido a partir do coprocessamento do diesel tradicional com material de origem vegetal ou animal, como o óleo de soja.
No entanto, a incorporação não é bem vista pelos agentes do setor de biodiesel. Eles argumentam que o material não pode ser adicionado como biocombustível devido a baixa porcentagem de material vegetal ou animal na composição.
Ao ser questionado por jornalistas sobre o tema, Alckmin disse que há “espaço para todo mundo”. Ele salientou que o Senado tem prerrogativa para mudar, caso ache necessário, mas reforçou a aposta no texto aprovado na Câmara. “É um bom texto, claro que cabe ao Senado discutir, amadurecer, mas é um bom texto que foi feito pelo deputado Arnaldo Jardim [relator na Câmara dos Deputados]”, disse o vice-presidente.
Já a Frente Parlamentar do Biodiesel (FBio) se manifestou contrária ao acréscimo do diesel coprocessado no texto. Na visão do presidente da FBio e deputado Alceu Moreira (MDB-RS), essa mistura de temas pode acabar descaracterizando a proposta inicial.
“Não há como colocar no projeto o hidrocarboneto, porque descaracteriza completamente a matéria. Nós não temos nenhuma briga contra a Petrobras, não temos nada contra o coprocessado, acho o coprocessado um belo avanço, mas assim como a Petrobras tem o S500, o S10, então, coloca o diesel coprocessado na bomba também”, disse o deputado ao Agro Estadão .
O deputado também falou sobre a celeridade do processo de tramitação no Senado. Ele espera que a matéria não sofra alterações para que não corra o risco de acabar sendo aprovada somente no ano que vem. O receio é que caso o Senado altere o sentido do texto, o projeto retorne à Câmara no período de eleições municipais, o que torna as aprovações ainda mais morosas nesse tempo.
Moreira disse que se reuniu com o relator, o senador Veneziano, na última terça-feira, 09. Os dois são do mesmo partido e já se conhecem há algum tempo. O presidente da FBio, disse que Venezano falou para não se preocupar sobre a tramitação e que nos próximos dias devem começar as audiências públicas para tratar sobre o assunto.
Siga o Agro Estadão no Google News, WhatsApp, Instagram, Facebook ou assine nossa Newsletter
Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Agropolítica
1
Seguro Rural não poderá ser contingenciado em 2025
2
Agricultura propõe vínculo entre crédito e seguro rural
3
Proagro não terá cobertura de até 100% a partir de janeiro
4
Cadastro Nacional de Animais Domésticos: saiba tudo sobre a nova lei
5
Desenrola Rural dará descontos de até 85% para agricultor familiar quitar dívidas
6
CMN aperta restrições ambientais e proíbe crédito do Plano Safra para desmatamento
PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas
Agropolítica
Mapa publica zoneamento agrícola para centeio e canola
O ZARC é uma das ferramentas usadas na gestão de risco das culturas
Agropolítica
STF julgará em fevereiro Lei de MT contra a moratória da soja
Legislação que retira incentivos fiscais de empresas signatárias de acordos entraria em vigor em 1º de janeiro; Medida foi suspensa nos últimos dias de dezembro de 2024
Agropolítica
Mapa recua, faz manobra e promete pagar subvenção do Seguro Rural de todas as apólices contratadas em 2024
Uma resolução publicada no último dia de 2024 havia retirado R$ 67 milhões que estavam empenhados para subvenção de 10 mil apólices
Agropolítica
Governo federal diz que gastou R$ 1 bilhão com descontos e liquidações para produtores gaúchos atingidos por enchentes
Segundo o governo, cerca de 80 mil produtores gaúchos foram beneficiados desde maio do ano passado, maior parte da agricultura familiar
Agropolítica
MDA atualiza lista do Programa de Garantia de Preços para a Agricultura Familiar
Medida garante apoio a agricultores familiares com descontos no Pronaf
Agropolítica
Governo estabelece regras para bancos quitarem dívidas usando terras
Expectativa do MDA é repassar 71 mil hectares para a política fundiária
Agropolítica
STF suspende processos sobre recolhimento do Funrural por agroindústrias
Abrafrigo diz que medida traz segurança jurídica
Agropolítica
A embaixadores, Macron diz que acordo Mercosul-UE é assunto que não foi encerrado
Emmanuel Macron disse que a França continuará a "defender a coerência dos nossos compromissos" no tema