Agropolítica
Fávaro apoia carnes na cesta básica e diz que impacto "não é tão significativo"
Senado vai discutir o tema após o recesso parlamentar e deve desacelerar tramitação

Daumildo Júnior | daumildo.junior@estadao.com | Atualizada às 12h58
11/07/2024 - 11:43

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, também comentou a aprovação da regulamentação da Reforma Tributária na Câmara dos Deputados. Segundo ele, o argumento de que haveria uma acréscimo na alíquota referencial tem um impacto menor do que o estimado.
“Eu olhei todos os cálculos e o impacto não é tão significativo perante a importância que tem de nós levarmos alimentos saudáveis, carne para toda a população brasileira, a um preço mais acessível, e incentivar a produção, fazer o crescimento da produção, com uma cesta básica de qualidade”, disse Fávaro após participar de um evento da Bayer na noite desta quarta, 10, em Brasília.
Ele também defendeu o discurso do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e entende que o governo não pode recuar no apoio à inclusão das carnes na cesta básica. “O presidente Lula me fez o questionamento do que eu achava, eu disse com toda tranquilidade que as carnes devem estar na cesta básica, afinal de contas, se o presidente disse, no período eleitoral, que ele quer ver todos os brasileiros comendo picanha, não faz sentido ele ser contrassenso agora e não apoiar para que as carnes estejam dentro da cesta básica”, afirmou.
Senado já aguarda proposta e deve tratar PLP com “mais calma”
Aprovado na Câmara dos Deputados, o PLP 68/2024 agora começa a tramitar no Senado. Ao Agro Estadão, o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) manifestou satisfação com o resultado final da aprovação. “Estou comemorando, conseguimos incluir tudo [que pedimos]”, enfatizou o deputado federal Pedro Lupion (PP – PR). O clima entre os integrantes da frente é de missão cumprida nessa primeira fase da regulamentação, já que agora o tema está com o Senado. Por parte da FPA, quem deve tomar a frente das negociações na outra casa parlamentar é a senadora Tereza Cristina (PP-MS).
Ela também comentou sobre a aprovação do PLP 68/2024 e avaliou que o tema deveria caminhar com mais cautela. “Eu acho que a agricultura acabou tendo alguns pleitos atendidos, mas eu continuo dizendo que ela [regulamentação da Reforma Tributária] podia ter sido [feita com] um pouco mais de calma. É muito grande o texto, são muitos impactos, são muitos produtos, enfim. Nós vamos ter que nos debruçar e acho que nós vamos ter 45 dias, né? para votar. Vai ser depois do recesso, em agosto nós vamos ver. Vamos ver se a gente consegue caminhar para frente e se a alíquota não fica muito alta, porque fazer todo o esforço pra ter uma alíquota lá em cima é muito complicado”, disse a ex-ministra da Agricultura ao Agro Estadão.
Acebra também comemora ajustes nos minutos finais
O presidente da Associação das Empresas Cerealistas do Brasil (Acebra), Jerônimo Goergen, disse estar satisfeito com o resultado obtido no texto do PLP 68/2024. Cerealistas e revendedoras queriam mudanças no texto, pois enxergavam que não teriam igualdade com as cooperativas na cobrança de impostos na venda de insumos agrícolas. Um acordo entre as entidades foi firmado minutos antes de ir à votação no Plenário e o substitutivo final confirmou o pleito.
“O texto com os ajustes que aconteceram manteve a simetria. Ainda ficou um pequeno detalhe para combinarmos lá no Senado com o aval da FPA, da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), da Acebra, para termos uma segurança jurídica total. Mas o resultado é que ao final, começamos a semana com a carga tributária a mais, em torno de 11%, e terminamos numa condição igualitária entre cerealistas, revendas e cooperativas”, acrescentou Goergen ao Agro Estadão.
“Nós avançamos muito”, avalia OCB sobre regulamentação da Reforma Tributária
A superintendente da OCB, Tania Zanella, demonstrou estar contente com o que foi conquistado pela entidade. Ela lembrou que o texto do PLP 68/2024 enviado pelo governo federal trazia retrocessos ao cooperativismo, que foram revistos no texto final.
“Nós avançamos muito, principalmente, no reconhecimento do adequado tratamento ao ato cooperativo para todos os ramos. O crédito foi reconhecido na sua especificidade, mesmo se comparado ao modelo de crédito convencional. As cooperativas agrícolas também, principalmente, em todos elos da cadeia. Foi estabelecido uma compreensão do modelo e a gente conseguiu, então, avançar e o que restou apenas para gente melhorar é com o ato cooperativo do cooperativas de saúde”, afirmou Zanella ao Agro Estadão.
Siga o Agro Estadão no Google News e fique bem informado sobre as notícias do campo.

Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Agropolítica
1
Renegociação de dívidas rurais não está esgotada, diz Haddad
2
Trump corta tarifa da celulose; carne e café podem ser os próximos
3
Acordo Mercosul-EFTA zera tarifas de 99% das vendas brasileiras ao bloco europeu
4
Novo imposto de renda: o que muda para o produtor rural?
5
Alesp vota PL que corta benefícios de pesquisadores e ameaça autonomia científica
6
RS: aula inaugural contra o agronegócio em Pelotas gera reação do setor

PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas

Agropolítica
Mais cidades do RS são incluídas em renegociação de dívidas rurais
Medida é vista como reparo a exclusões anteriores e resultado de pressão de entidades do agro e do governo gaúcho

Agropolítica
Antes de aposentadoria, Barroso muda rumo da Moratória da Soja no STF
Pedido do ministro leva ao plenário presencial a análise da lei de MT que proíbe benefícios a empresas envolvidas em acordos comerciais

Agropolítica
Itamaraty confirma conversa de Vieira com Rubio e diz que delegação vai aos EUA
Reunião entre comitiva brasileira e equipe norte-americana para debater tarifaço deverá ser em Washington, mas ainda sem data definida

Agropolítica
MP que altera impostos sobre investimentos caduca e agro comemora
Líder da bancada ruralista fala em “ameaças” ao setor para que a medida fosse aprovada
Agropolítica
Isenção de IPI para máquinas agrícolas avança na Câmara
Projeto de Lei 1853/24 foi aprovado na Comissão de Agricultura e segue para análise em outras comissões
Agropolítica
Flávio Dino pede vista e julgamento da Ferrogrão é suspenso
Dois ministros já manifestaram votos favoráveis à lei que suprime área de parque para acomodar traçado da linha férrea
Agropolítica
Ruralistas pedem urgência em lei que autoriza Estados a controlar javalis
FPA quer garantir competência estadual no manejo de fauna antes de decisão do STF sobre constitucionalidade da prática
Agropolítica
CNA reelege João Martins como presidente da entidade
Há mais de 10 anos à frente da confederação, Martins mira em futuro com acesso à capacitação