Agropolítica
Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, é convidado a prestar esclarecimentos na Câmara
Senado também quer ouvir o embaixador da França no Brasil, Emmanuel Lenain, e o CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, para cobrar explicações sobre declarações

Paloma Custódio | Brasília | Atualizada em 27/11/2024 às 14h08
26/11/2024 - 16:48

A Comissão de Agricultura e Pecuária da Câmara dos Deputados aprovou um requerimento que convida o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, a prestar esclarecimentos sobre o posicionamento do governo brasileiro diante da decisão do Grupo Carrefour de suspender a compra de carnes do Mercosul. Procurada pelo Agro Estadão, a assessoria do MRE disse que o convite ainda não foi formalizado e, por isso, não há uma resposta de comparecimento do ministro.
Os parlamentares também solicitam uma audiência pública na comissão, em data a ser definida, para debater ações e estratégias a serem tomadas pelo governo brasileiro em relação às medidas protecionistas e distorções ambientais do mercado internacional. Também foi protocolado um requerimento de nota de repúdio à decisão do Carrefour.
Presidente da comissão e autor do requerimento, o deputado Evair de Melo (PP-ES) acredita que o acordo Mercosul-União Europeia vai ser aprovado. “Com toda certeza, os incompetentes produtores franceses, alimentados por um governo que está dando errado, estão se sentindo pressionados e querem jogar a culpa nos brasileiros. Portanto, eu aceito a proposição de trazermos aqui o nosso ministro Mauro Vieira, para ter uma oportunidade de falar como está sendo construída essa agenda de relações para o Brasil e a França”, afirmou.
O deputado Tadeu Veneri (PT-PR) avalia que a crise com o Grupo Carrefour foi a “ponta de lança” do mercado europeu, especialmente o francês, que enfrenta dificuldades na produção agrícola local.
“A Europa, há décadas, tem o seu produto agrícola praticamente sobrevivendo só às custas de subsídio. Quem acompanhou sabe como era a manteiga, o leite em pó. Nós estamos falando da carne, mas nós temos o açúcar, a soja, vários produtos que são vendidos pela Europa e que, se não houver um entendimento muito claro, também correrão o risco desse boicote, como em outros mercados”, pontuou.
CEO global do Carrefour e embaixador da França serão convidados pelo Senado
No Senado, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) aprovou um requerimento para ouvir o embaixador da França no Brasil, Emmanuel Lenain, e o CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, sobre a declaração do Carrefour de suspender a compra de carnes do Mercosul. O requerimento foi apresentado nesta terça-feira, 26, pelo senador Wellington Fagundes (PL-MT), em audiência conjunta com a Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado, onde a senadora Tereza Cristina (PP-MS) já havia manifestado a intenção de protocolar o mesmo requerimento.
O parlamentar disse que a preocupação não é com o volume de carne bovina que o Brasil exporta para a França — o que representa hoje menos de 1% da exportação do setor — mas com a reputação da qualidade do produto brasileiro no mercado internacional, o que foi colocado em cheque pelos franceses.
“Eu falo aqui, como médico veterinário, que conheço muito bem a indústria frigorífica e de embutidos do Brasil. É uma das melhores do mundo. A nossa inspeção sanitária, com certeza, tem um dos maiores rigores do mundo. Então nós não podemos aceitar que um CEO de uma empresa venha colocar em dúvida a qualidade do nosso produto”, destacou o senador Wellington Fagundes.
O parlamentar também encabeçou uma nota de repúdio ao Grupo Carrefour, pelas declarações do CEO Alexandre Bompard, e ao presidente da França, Emmanuel Macron, que já antecipou que o país não irá assinar o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul.
Durante a audiência, o senador Otto Alencar (PSD-BA) avaliou que a reação do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, foi correta. “O governo [brasileiro] também vai tomar as providências e realmente chamar o embaixador da França para mostrar as razões pelas quais essa iniciativa foi tomada. É preciso respeitar o Brasil e o agro brasileiro, que é muito importante para a nação e super bem qualificado do ponto de vista técnico pelos avanços que nós tivemos, sobretudo na pecuária de corte bovina” ressaltou o parlamentar.
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