Agropolítica
Agricultura ainda não confirma remanejamento do Proagro para o Seguro Rural; decisão deve ser anunciada no Plano Safra 24/25
Ministro Carlos Fávaro recebeu propostas da CNA para o novo Plano Safra e disse que prioridade será o Seguro Rural
Daumildo Júnior | daumildo.junior@estadao.com
24/04/2024 - 18:24

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, ainda não dá certeza de que os recursos que foram economizados com as recentes modificações no Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) sejam remanejados para o Seguro Rural. Fávaro reconheceu a necessidade de ampliar a verba para o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) e disse estar em negociação com o Ministério da Fazenda, mas parte dos recursos do Proagro já vem de remanejamentos feitos em outras áreas do governo federal.
“Esse é o desejo e tinha até dito. […] O Proagro, de 2018 para cá, se não me engano ainda no governo Temer, o fundo foi capturado pelo Tesouro Nacional e ele atende a demandas. Por exemplo, quando se faz necessário, e se fez necessário R$ 10 bilhões para o Proagro, o Ministério da Fazenda remaneja o orçamento de onde é possível cortar, e muitas vezes nem é possível mas tem que fazer, de outras áreas, por exemplo, áreas sociais, Educação, Saúde, para cumprir esse compromisso do Proagro. Portanto, esse remanejamento, na prática, é remanejamento do que não tinha, porque era em caso de necessidade e a necessidade estava acontecendo na ordem de R$ 10 bilhões”, afirmou o ministro.
Questionado se haveria um prazo para o anúncio desse remanejamento, o chefe da Agricultura disse que o martelo ainda não foi batido e que as negociações seguem até o anúncio do próximo Plano Safra, que deve ser antes de julho. “O Plano Safra é daqui alguns meses. Até lá nós temos que estar negociando uma solução. […] Se eu tivesse (o valor) eu anunciaria”, explicou Fávaro.
As declarações foram dadas nesta quarta, 24, após o ministro receber as propostas da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) para o Plano Safra 2024/2025. O vice-presidente da CNA, José Mário Schreiner, disse que a pauta mais importante de todas as propostas é o Seguro Rural.
“A questão do Seguro Rural precisa ser levada muito a sério. Talvez seja a pauta principal do documento que nós entregamos hoje, porque não há como, se nós analisarmos os últimos anos, a queda na área coberta [pelo Seguro Rural] no Brasil”, reforçou o representante da entidade.
O ministro reconheceu a prioridade e disse que pretende entregar um Seguro Rural mais “robusto” no próximo Plano Safra. “É necessário mais recursos e isso já estamos trabalhando com o ministério da Fazenda e é um pleito prioritário da CNA e não é diferente como pleito número um para esse novo Plano Safra, um Seguro Rural mais efetivo e tranquilizador para os nossos produtores”, completou Fávaro.
Revisão nas modificações do Proagro e do Seguro Rural
Um dos pedidos apresentados pela CNA é a alteração dos limites de enquadramento para ser beneficiário do Proagro. Antes das mudanças do Conselho Monetário Nacional, esse teto era de R$ 335 mil e passou para R$ 270 mil. A confederação estima que essa modificação possa deixar cerca de 30 mil produtores desassistidos e quer ampliar esse limite para R$ 450 mil.
O ministro da Agricultura disse que o assunto será analisado e tratado em conjunto com o Seguro Rural. A intenção é que os dois programas, que servem como uma proteção, possam englobar as necessidades de seguro de grandes, médios e pequenos produtores.
“Nós vamos analisar a proposta, mas lembrando que o assunto Seguro e Proagro será tratado como um todo. Integrar as duas formas, sabendo que há necessidades distintas, que têm coberturas distintas, inclusive com relação a tamanho dos produtores, os menores precisam do Estado mais presente, um Proagro mais presente para lhe garantir, mas todo o remanejamento e todo o tamanho e estrutura será tratado dentro de um combo no Seguro Rural brasileiro e Proagro”, prometeu Fávaro.
Próximo Plano Safra deve incentivar produção de alimentos básicos
De acordo com Fávaro, reduzir e manter a inflação dos alimentos essenciais em níveis baixos e controlados é outra meta do próximo Plano Safra.
“O governo pretende ter um estímulo à produção de produtos essenciais como arroz, feijão, trigo, milho, mandioca, estimulando que sejam plantadas em todas as regiões brasileiras, quer seja na primeira safra quer seja na segunda, através de mecanismo de apoio a comercialização o que minimiza o risco de intempéries climáticos e também ajuda no combate à inflação”, concluiu.
Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Agropolítica
1
Banco do Brasil diz que produtores em recuperação judicial não terão mais crédito; FPA reage
2
Lista de espécies invasoras do MMA pode incluir eucalipto, pínus, jaca e manga
3
Crédito rural de R$ 12 bi segue indisponível nas instituições financeiras
4
Senado quer ouvir Marina Silva sobre inclusão de tilápia como espécie invasora
5
Mapa confirma que 'não há perspectiva' de liberação de orçamento do Seguro Rural
6
Governo discute tornar Seguro Rural despesa obrigatória, mas depende de convencimento interno
PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas
Agropolítica
Para Alckmin, acordo Mercosul-UE será o maior do mundo e fortalecerá multilateralismo
Vice-presidente, que cumpre agenda na COP 30, voltou a mostrar confiança na assinatura do texto final do acordo entre os dois blocos
Agropolítica
Manutenção de tarifa dos EUA para a uva deixa produtores apreensivos
Confira a lista de frutas mencionadas no documento publicado pelo governo dos EUA que retirou as tarifas recíprocas de 10%
Agropolítica
UE oficializa volta do pré-listing para a compra de aves e ovos do Brasil
Decisão oficial do bloco europeu restabelece mecanismo suspenso desde 2018 e fortalece previsibilidade para novas habilitações de plantas brasileiras
Agropolítica
Governo autoriza remanejamento de recursos do Pronaf
Medida, prevista em portaria, visa ajustar o Plano Safra à demandas de bancos; maior parte é de recursos destinados a investimentos
Agropolítica
Tomada de crédito do Plano Safra 2025/2026 cai 7%, indica Mapa
Concessão em linhas tradicionais excluindo as CPRs, o crédito rural teve um recuo de 22%, chegando a R$ 128,2 bilhões
Agropolítica
EUA devem responder ao Brasil sobre tarifas nos próximos dias, diz Vieira
Após encontro com secretário de Estado norte-americano, chanceler brasileiro evitou comentar sobre as tarifas para o café
Agropolítica
Brasil abandona acordo por transporte pesado elétrico um dia após assinatura
Após repercussão negativa, Ministério dos Transportes deixou coalizão global e reafirmou meta de quadruplicar biocombustíveis até 2035
Agropolítica
Governo amplia prioridades de medidas antitarifaço do Plano Brasil Soberano
Linhas especiais de financiamento passam a contemplar empresas com 1% ou mais do faturamento afetado pelas tarifas dos EUA